Não é preciso recuar muito. Há dois anos atrás, os poderes instituídos e os seus símios da imprensa corporativa prometiam que Vladimir Putin estava isolado, enfraquecido, desesperado e que tinha um cancro e ia morrer amanhã de manhã. Diziam-te que a guerra na Ucrânia estava perdida para os russos e que a economia do país estava totalmente destruída, por causa das sanções ocidentais. Diziam-te que todo o mundo conhecido rejeitava o Kremlin como se de um clube satânico se tratasse (ou pior, porque na verdade os clubes satânicos até estão na moda, para os lados de Washington e Bruxelas).
Dois anos depois, Putin está a meses de ganhar a guerra na Ucrânia, preside, inabalável e fortalecido, a um país que atravessa um período de prosperidade e crescimento económico inédito na sua história, e acabou de receber, na cimeira BRICS de Kazan, um elenco diplomático de 36 países.
Ao ponto da CNN, cúmplice de todas as falácias construídas sobre a Rússia nos últimos anos, ter o desplante de publicar este headline (por uma vez, verdadeiro):
De facto, o Presidente russo não parece lá muito isolado, ou débil, ou doente. E o seu país não parece grandemente afectado pelas sanções decretadas pelos membros da NATO. Na verdade, são os países ocidentais que parecem mais afectados pelas suas próprias sanções e pelos biliões que investiram numa guerra por procuração, que nunca tiveram qualquer hipótese de ganhar.
A economia alemã é uma sombra do que já foi. A Inglesa está por um fio. O crescimento económico na zona Euro vai ser de 1% em 2024. Será de 3,6% na Rússia. Os Estados Unidos apresentam uma dívida soberana de 36 triliões de dólares, pagando, só de juros anuais sobre essa dívida, 1,3 triliões de dólares (bem mais do que gastam anualmente com as forças armadas). Todo o Ocidente está na iminência de uma recessão brutal.
Alheio a essas falências morais e materiais, Vladimir Putin é o vencido mais vitorioso da história universal. O líder falhado mais bem sucedido que podemos imaginar. O morto vivo mais lúcido de todos os zombies.
E sinceramente: nesta altura do campeonato qualquer pessoa que acredite numa palavra que as elites políticas e a imprensa corporativa do bloco ocidental digam ou escrevam só pode sofrer de um caso grave de credulidade maníaca.
Paulo Hasse Paixão
Publisher . ContraCultura
Relacionados
22 Abr 25
A morte de Bergoglio: o que virá agora?
A Igreja já é, claramente, governada por quem a odeia e o maior inimigo da cristandade não são os que a combatem, mas os que a compõem. E quem será o 'Papa Negro' que se segue? Uma crónica de Walter Biancardine.
18 Abr 25
Democracia: entre o ideal e a ilusão.
É necessário reconsiderar o significado de viver numa democracia. Não basta cumprir formalidades ou organizar eleições periódicas; a verdadeira cultura democrática exige justiça e cidadania. Uma crónica de Francisco Henriques da Silva.
17 Abr 25
A minha pátria é Jesus Cristo.
Não há no Ocidente contemporâneo motivos válidos para o amor à pátria, essa mãe por todo o lado inveterada. Ao contrário, o que não faltam são triunfos morais e argumentos irredutíveis em favor da humanidade e do bem supremo, nos ensinamentos de um apátrida.
16 Abr 25
A escuridão cedeu lugar à Luz Eterna.
Longe do nosso alcance, para além da carne e da lógica, brilha uma luz infinita, altiva, insuportavelmente bela. Fonte de toda claridade. Luz das luzes. Uma oração de Paulo H. Santos.
15 Abr 25
A Europa cansou de si mesma.
Há algo de profundamente constrangedor em assistir ao suicídio cerimonial, espécie de eutanásia ideológica, de uma civilização que já foi o pináculo do espírito humano. Uma crónica de Marcos Paulo Candeloro.
14 Abr 25
Donald Trump dedica-se à ficção científica.
Talvez sob o efeito de drogas alucinogénicas, Trump afirmou na semana passada que os EUA têm armas tão poderosas que ninguém faz sequer ideia do seu poder. Nada mau para um país que não conseguiu sequer derrotar os talibãs no Afeganistão.