O eurodeputado alemão Daniel Freund, do Partido dos Verdes, lançou esta semana mais um ataque ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, apelando desta vez à sua prisão, depois do primeiro-ministro húngaro ter participado num debate no Parlamento Europeu.
Referindo-se a Orbán, Freund apelou ao seu encarceramento nestes termos:
“Está na altura de emitir um mandado de captura europeu. Quem é que alguma vez roubou tanto das fontes europeias?”
O eurodeputado alemão mostrou-se indignado com o facto de Orbán ter sido autorizado a intervir no Parlamento Europeu e desagradado com o facto do líder húngaro ter tentado uma missão de paz entre a Rússia e a Ucrânia, que incluiu visitas a Moscovo, Kiev, Pequim e Washington D.C.
Esforços em favor da paz? Que horror? Prendam já o homem!
Um dos exemplos mais citados de “corrupção” na Hungria é uma “ponte para lado nenhum”, que foi construída com fundos da UE. O próprio Orbán não teve nada a ver com o projeto e os casos de utilização inútil ou abusiva do dinheiro dos contribuintes da UE são comuns em toda a Europa. De facto, os projectos “para lado nenhum” são comuns também na Alemanha. Em 2020, a Deutsche Welle, umo meio de comunicação social financiado pelo Estado, publicou um artigo inteiro sobre projectos que eram um desperdício extraordinário do dinheiro dos contribuintes e altamente questionáveis em termos de corrupção. Nesse artigo, podemos ler:
“No estado oriental da Saxónia, os habitantes locais pediram durante décadas a construção de uma ciclovia ao longo da estrada entre as cidades de Pulsnitz e Kamenz. Quando a linha férrea foi renovada, foi instalada uma passagem para peões e ciclistas – mas a via propriamente dita ainda não foi construída. A construção da passagem de nível está estimada em 30 mil euros, para além de centenas de euros por ano em custos de funcionamento e manutenção.”
O relatório é publicado todos os anos e, entre os numerosos exemplos de desperdício público, encontra-se um investimento de 1,2 milhões de euros “para construir uma ponte que ainda não está ligada a uma rua”. De acordo com a Federação Alemã de Contribuintes, a razão inicial para a construção da ponte era a passagem sobre uma linha de comboio industrial privada. No entanto, a empresa anunciou, no início deste ano, que pretendia desmantelar os carris, eliminando assim a principal razão para a construção da ponte.
A Associação Alemã de Contribuintes acaba também de publicar um relatório que mostra exemplos semelhantes financiados pelos contribuintes, incluindo uma ponte de 300 mil euros que não leva a lado nenhum e um túnel de 4 milhões de euros para morcegos que os morcegos não usam.
Para além disso, no seio do Parlamento Europeu, vários eurodeputados foram implicados numa vasta e abrangente investigação sobre corrupção, que levou a várias detenções. Freund manteve um silêncio notável sobre estas detenções, tendo em conta que muitos dos detidos eram deputados de esquerda.
Freund recebeu uma resposta gelada de legisladores húngaros, como Ernő Schaller-Baross, que reagiu imediatamente às suas declarações, afirmando que o eurodeputado alemão deveria ocupar-se do seu próprio país.
“Porque não fala sobre o que significa a migração descontrolada na Alemanha?”, perguntou.
Daniel Freund também não parece estar preocupado com o facto das políticas do governo de que o seu partido faz parte estarem a empobrecer radicalmente a Alemanha, a condenar a indústria automóvel do país e a ameaçar toda a economia europeia.
“O vosso apoio na Alemanha é de apenas um dígito. Vão para casa”, disse Schaller-Baross, referindo-se à queda do apoio dos Verdes nas sondagens nacionais, que atingiram um mínimo histórico desde que o partido chegou ao poder e no contexto de acusações de racismo no seio do partido.
Quanto a provas sobre a alegada corrupção de Orbán, Freund não apresentou nenhumas. Como qualquer comissário soviético, o eurodeputado alemão considera que a prisão de opositores políticos nem carece de um processo judicial ou de provas materiais que os incriminem. A dissidência é crime suficiente.
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