O gigante tecnológico norte-americano Meta, que detém o Facebook e o Instagram, proibiu definitivamente várias redes noticiosas russas, incluindo a RT. Desde a escalada do conflito na Ucrânia em 2022, a Meta tem vindo a cooperar com a proibição da RT imposta pela UE e outras nações ocidentais, mas a censura chegou agora aos Estados Unidos.

Num comunicado emitido na semana passada, a empresa disse que a suspensão dos meios de comunicação russos nas suas aplicações se deve a uma alegada “actividade de interferência estrangeira” e seria implementada globalmente nos próximos dias.

Esta interdição resulta da e compagina com a decisão do governo federal dos EUA de sancionar a RT, com o Secretário de Estado Antony Blinken a afirmar que este meio de comunicação está “a funcionar factualmente como um braço dos serviços secretos [russos]”. Os responsáveis norte-americanos têm manifestado a sua frustração com o papel da RT na oferta de uma alternativa às narrativas apoiadas por Washington sobre assuntos internacionais.

Na sequência das declarações de Blinken, o porta-voz do Departamento de Estado, Jamie Rubin, disse isto aos jornalistas:

“Uma das razões – não a única – pelas quais grande parte do mundo não tem apoiado totalmente a Ucrânia como seria de esperar, uma vez que a Rússia invadiu a Ucrânia e violou a regra número 1 do sistema internacional – é devido ao vasto âmbito e alcance da RT, onde a propaganda, a desinformação e as mentiras são difundidas a milhões, se não biliões, em todo o mundo.”

Para além do inadvertido elogio à influência da RT no mundo, que parece algo exagerado, estas declarações não deixam de ser cómicas, para sermos económicos em adjectivos, considerando a agressividade, a a desvergonha e, sobretudo o desamor à verdade da máquina de propaganda ocidental, cristalizada na sua imprensa corporativa.

Moscovo classificou esta medida como um acto de guerra de informação, que expõe a incapacidade dos Estados Unidos de competir de forma justa com os meios de comunicação social russos.

A editora-chefe da RT, Margarita Simonyan, ironizou, afirmando que a RT tinha aprendido com os americanos e não com os oficiais da inteligência russa.

“A sério? Ficaram sem espelhos?”, perguntou, comentando, muitíssimo bem, as alegações americanas.

O Meta tem enfrentado problemas legais na Rússia depois de ter permitido excepções nas suas regras que proíbem o discurso de ódio. A direcção do Meta decidiu que os ucranianos tinham o direito de apelar à violência contra os russos e de saudar os neo-nazis que lutam contra a Rússia nas suas plataformas. Moscovo classificou o Meta como uma organização extremista e proibiu o Facebook e o Instagram na Rússia.

Quanto a Zuckerberg, que mais uma vez faz o que lhe mandam os poderes instituídos em Washington, acaba de comprovar com esta decisão que as suas recentes declarações endereçadas ao Congresso, em que lamentava ter servido as ordens censórias do FBI e do regime Biden durante o ciclo eleitoral de 2020, não foram mais que uma falaciosa tentativa de aplacar a fúria de alguns representantes populistas e moderar uma eventual retaliação no caso de Donald Trump ser eleito.