A Turquia, membro da NATO, apresentou o seu pedido de adesão à aliança BRICS, segundo informou o Kremlin na quarta-feira. Este facto ocorre numa altura em que a Rússia e a China se esforçam por reforçar as suas parcerias com os países em desenvolvimento para desafiar o domínio mundial do Ocidente.
A medida reflecte a insatisfação da Turquia com o Ocidente relativamente às prolongadas negociações para se tornar membro da UE, que se encontram paralisadas desde 2005. O governo russo afirmou também que o BRICS iria discutir a adesão de novos membros durante uma reunião no próximo mês.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, estabeleceu-se como mediador entre o Oriente e o Ocidente para reforçar a influência global da Turquia, estabelecendo uma política externa mais independente. Apesar da Turquia ser membro da NATO desde 1952, Erdogan rejeitou as sanções ocidentais contra a Rússia resultantes da guerra contra a Ucrânia e criticou o apoio dos EUA a Israel.
Recentemente, desempenhou também um papel crucial nas negociações de troca de prisioneiros entre Moscovo e Washington.
Durante uma conferência de imprensa em Istambul na semana passada, Erdogan afirmou:
“A Turquia pode tornar-se um país forte, próspero, prestigiado e eficaz se melhorar as suas relações com o Oriente e o Ocidente em simultâneo. Temos de desenvolver as nossas relações com estas e outras organizações numa base vantajosa para ambas as partes. Qualquer outro método que não seja este não beneficiará a Turquia, mas prejudicá-la-á.”
Convém aqui fazer um parêntesis histórico: Instambul, que já foi Constantinopla e que guarda a passagem entre os mares Negro e Mediterrâneo, serviu como capital de impérios ocidentais e orientais (o bizantino e o otomano, respectivamente) e esta zona do planeta, a que os gregos chamavam Helesponto, constituiu durante séculos a porta da Europa para a Ásia.
A aliança dos BRICS, que rivaliza com os países do G7 liderados pelos Estados Unidos, representa uma ameaça estratégica para o bloco ocidental, e no próximo mês 126 nações vão reunir-se na Rússia para ponderar o abandono do dólar americano. Os BRICS são constituídos pelo Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egipto, sendo que estes três últimos países aderiram à organização no início deste ano.
Sinan Ulgen, director do think tank EDAM, com sede em Istambul, disse à Newsweek que a decisão da Turquia de se candidatar aos BRICS é
“uma estratégia para reforçar as relações com as potências não ocidentais numa altura em que a hegemonia dos EUA está a diminuir e a relação bilateral com os americanos também tem sido problemática.”
De facto, esta intenção da Turquia, para além de ser extremamente embaraçosa para a União Europeia e a NATO, é sintomática da perda de influência dos EUA no palco mundial.
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