A campanha de Kamala Harris foi apanhada a adulterar títulos de notícias e a anunciar no Google essas histórias alteradas como verdadeiras.

Os anúncios de pesquisa do Google aparecem no topo da página, quando alguém pesquisa palavras-chave específicas relacionadas com o anúncio. Desde 3 de Agosto, a campanha de Harris criou dezenas destes anúncios de pesquisa, com títulos que parecem vir da CNN, CBS News, NPR, USA Today e muitos outros títulos da imprensa corporativa. Os anúncios ligam-se a artigos reais das agências noticiosas, mas os títulos são manipulados para parecerem mais favoráveis a Harris e às suas políticas.

A ideia é levar os eleitores a pensar que estes anúncios se referem a títulos verdadeiros. Têm etiquetas de “patrocinado”, mas é fácil não reparar nelas, ou ainda assim, acreditar que a manchete é real.

Um exemplo: um notícia real da AP, já de si favorável à candidata democrática, afirmava:

“Harris vai levar o historial económico de Biden para as eleições. Ela espera transformá-lo num trunfo.”

Porém, no anúncio da Google com link para este artigo, pago pela campanha de Harris, a manchete é:

A visão económica de Harris: Baixar custos e aumentar salários.

 

 

Um título manipulado do The Independent dizia o seguinte:

“VP Harris protege a democracia – Trump defende comentários de 6 de janeiro”

E e no lead, lemos:

“Kamala Harris protegerá os direitos de voto de todos os americanos”.

Outro:

“Harris vai baixar os custos da saúde – Kamala Harris vai baixar o custo dos cuidados de saúde de alta qualidade.”

Por muito propagandista que seja a imprensa corporativa, e é, estas manchetes não correspondem àquelas que encontramos depois nos artigos, mas não deixa de ser uma batota flagrante, não deixa de ser um processo de criação de falsas notícias.

E estará a campanha de Trump a seguir a mesma táctica manhosa? O centro de transparência de anúncios da Google afirmou que não.

Mas isto é permitido? Os termos de serviço da Google permitem que este tipo de anúncios seja apresentado na sua plataforma e argumentam que, pelo facto de estar escrito “patrocinado”, são facilmente distinguidos dos resultados reais. Mas como os anúncios colocam os logos dos meios de comunicação social, é fácil ao consumidor da informação relacioná-los com as notícias verdadeiras.

Além disso, a Google é a mesma plataforma que foi apanhada a suprimir pesquisas sobre a tentativa de assassinato de Donald Trump há apenas duas semanas, por exemplo. Que não hajam ilusões: Se a campanha de Trump tentasse publicar anúncios semelhantes, teriam sido interditos ao segundo sessenta.