Robert F. Kennedy Jr., que abandonou o Partido Democrata para concorrer como independente na corrida à Casa Branca, poderá decidir abandonar a sua campanha eleitoral e apoiar o Donald Trump, de forma a evitar uma presidência de Kamala Harris.

Nicole Shanahan, candidata a vice-presidente de Kennedy, afirmou numa entrevista concedida na terça-feira, 20 de Agosto:

“Estamos a analisar muito seriamente a possibilidade de garantir que as pessoas que corromperam a nossa democracia justa e livre não acabem no poder.”

Shanahan, advogada e empresária, disse que há dois caminhos a seguir pela campanha de Kennedy: um é manter-se na corrida e criar mais legitimidade para os candidatos presidenciais independentes, o outro é suspender a campanha e apoiar o candidato republicano Trump. Shanahan perguntou, retoricamente:

“Será que o risco de uma presidência Harris-Walz vale a pena mantermo-nos na corrida?”

De acordo com as últimas sondagens, Kennedy, sobrinho do antigo Presidente John F. Kennedy e filho do antigo Procurador-Geral e Senador Robert Kennedy Sr., deverá receber apenas cerca de 5% dos votos nas eleições presidenciais de 5 de Novembro. A candidata do Partido Democrata, a vice-presidente Kamala Harris, tem sondagens entre os 46 e os 47%, enquanto Trump está nos 44%.

No entanto, Trump tem uma ligeira vantagem sobre Harris em estados cruciais do campo de batalha, que irão efectivamente decidir o resultado da eleição. Um apoio de Kennedy aumentaria ainda mais as hipóteses de vitória de Trump.

Nicole Shanahan acrescentou ainda:

“Eu diria que confio mais no futuro deste país sob a liderança de Trump do que confio na liderança de Harris”.

Robert F. Kennedy Jr., de 70 anos, nunca ocupou um cargo electivo, mas era democrata até ao ano passado. Inicialmente, tentou desafiar o Presidente dos EUA, Joe Biden, para a nomeação democrata (antes deste desistir e apoiar Kamala Harris), mas acusou o Comité Nacional Democrata de “manipular” as primárias do partido contra ele. Anunciou a sua decisão de concorrer como independente em Outubro passado.

Apesar da sua conhecida família de políticos, é uma figura anti-sistema, que tem criticado os partidos Democrata e Republicano por funcionarem como um “unipartido”. É um crítico enérgico das vacinas obrigatórias, das intervenções dos EUA no estrangeiro e da influência das grandes empresas na política, e é um defensor da liberdade de expressão, da regulamentação ambiental e do aumento dos impostos.

O candidato independente acusou o actual presidente democrata Joe Biden de ser uma “ameaça muito pior para a democracia” do que Donald Trump porque

“é o primeiro presidente da história que usou as agências federais para censurar o discurso político”.

Kennedy apontou como prova o seu afastamento das plataformas das redes sociais, que atribui à pressão da administração Biden.

Donald Trump saudou o possível apoio do seu rival, dizendo que “estaria aberto” a que Kennedy desempenhasse um papel na sua administração:

“Não sabia que ele estava a pensar em sair, mas se ele está a pensar em sair, certamente que eu estaria aberto a isso”.

Numa eleição renhida como a de Novembro, este apoio de Kennedy pode fazer a diferença.