O governo trabalhista britânico, liderado pelo primeiro-ministro Sir Keir Starmer, está a preparar o fim do uso de antigas bases militares e barcaças como locais para abrigar imigrantes ilegais que pedem asilo. Argumentando que estes locais de acolhimento de imigrantes representam um fardo demasiado pesado para os serviços locais, o governo de Starmer vai, em vez disso, espalhá-los por todo o país, no âmbito de uma política a que chama “alojamento disperso”.

Os trabalhistas começaram a negociar com os conselhos municipais o número de imigrantes que serão instalados em cada localidade. Além disso, os burocratas do Ministério do Interior – o departamento governamental encarregue de identificar e assegurar alojamento para os imigrantes – já estão a proceder a inquéritos sobre locais vagos ou potencialmente adaptáveis, como antigos blocos de apartamentos para estudantes, instalações de cuidados a idosos e estruturas edificadas em áreas rurais, sendo que o ministério até já publicou anúncios para proprietários que possam ter casas unifamiliares vazias fora das zonas urbanas..

Antes desta mudança de política, muitos imigrantes estavam a ser alojados provisoriamente em hotéis, antigas instalações militares como a RAF Wethersfield e a RAF Scampton, e barcaças como a Bibby Stockholm, atracada no porto de Portland, em Dorset, que alojou mais de 500 imigrantes. No entanto, a Secretária de Estado do Ministério da Administração Interna, Yvette Cooper, pôs termo à utilização desta estrutura como alojamento para imigrantes pouco depois de os trabalhistas terem chegado ao poder, em Julho.

“O que está em causa é uma dispersão mais equitativa dos requerentes de asilo”, disse uma fonte anónima do Partido Trabalhista ao The Times of London, defendendo a decisão de dispersão dos imigrantes.

Como reporta a GB News, os planos de “dispersão” passam inclusivamente por transformar aldeias em cidades, com a colocação de centenas de milhares de imigrantes em contextos demográficos rurais de apenas alguns milhares de ingleses nativos.


Esta estratégia está também a ser conduzida na Irlanda, e tem resultado em levantamentos populares de protesto em todo o país, já que frequentemente o número de imigrantes a alojar ultrapassa a população residente nestas pequenas localidades.

Alguns observadores e políticos têm notado que, à medida que aumenta a pressão em Dublin para alojar os imigrantes, incluindo protestos em grande escala, o governo parece estar a empurrar os recém-chegados para o campo, onde as pequenas localidades não têm massa crítica para impactar mediática e politicamente as políticas do governo.

Planos semelhantes estão a ser lançados numa grande variedade de países, incluindo Espanha e França, onde os protestos locais se revelam por vezes eficazes contra os planos de recolocação de imigrantes. O Governo francês pretende transferir um grande número de imigrantes para cidades isoladas, com os habitantes locais a manifestarem preocupações quanto à integração e à sobrecarga dos serviços locais.

A política de “alojamento disperso” do governo trabalhista para os imigrantes surge no rescaldo dos tumultos que se espalharam por todo o país, em resposta à morte por esfaqueamento de três crianças – com cinco outras gravemente feridas – pelo filho de 17 anos de dois imigrantes ruandeses, a 29 de Julho.