Segundo a douta opinião do realizador Shaun Peterson, tudo o que sabemos sobre o Presidente Abraham Lincoln está errado. Afinal, Lincoln era um homossexual – porque preferia a companhia de homens – ou assim argumenta o seu novo ‘documentário’, Lover of Men: The Untold History of Abraham Lincoln, lançado a 10 de Julho.
O trabalho de ficção mascarado com traje académico tem uma sinopse peremptória, que reza assim:
“Lover of Men examina a vida íntima do presidente mais importante da América, Abraham Lincoln. Contado por proeminentes estudiosos de Lincoln e com fotografias e cartas nunca antes vistas, detalha as relações românticas de Lincoln com os homens. O filme preenche uma importante lacuna na história americana e desafia o público a considerar porque é que temos uma visão tão limitada da sexualidade humana. Lover of Men não é apenas uma exploração dos papéis de género e da identidade sexual, mas serve também como um exame da intolerância americana”.
Bom deus.
De acordo com Peterson – e, alegadamente, segundo cartas nunca antes vistas de autoria de Lincoln – o décimo sexto presidente americano dormiu com mais homens do que mulheres. O ponto crucial da afirmação de que Lincoln era um homossexual são as cartas que trocou com um amigo de infância, Joshua Fry Speed.
Numa das cartas, Lincoln escreve:
“Querido Speed, vou sentir-me muito só sem ti. Com amor, Lincoln”
E isto implica, de acordo com Peterson, que o carismático Presidente era maricas.
NEW: New documentary claims Abraham Lincoln had “steamy gay s*x sessions” with male partners.
The new film, ‘Lover of Men’ which “examines the intimate life of America’s most consequential president” is set to come out on September 6.
The evidence, according to the movie, is… pic.twitter.com/9BVHxtq3db
— Collin Rugg (@CollinRugg) July 12, 2024
Não, Lincoln não era homossexual.
Para além de revelar que nada sabe da relação entre homens no tempo da Guerra Civil Americana, Shaun Peterson baseia-se em interpretações falaciosas da prosa de Lincoln, numa biografia de 1926 de Carl Sandburg, que se refere à relação de Lincoln com Speed como tendo “um traço de lavanda e manchas suaves como as violetas de Maio”, e em cartas “encontradas” pelo activista dos direitos dos homossexuais Larry Kramer, em 1999.
É porém líquido, até nas academias mais liberais dos EUA, que Sandberg estava a referir-se apenas à relação de intimidade, vulnerável e sincera entre os dois amigos, que traia a imagem pública de intrépida masculinidade que ambos cultivavam. Não mais que isso.
As cartas supostamente escritas por Lincoln, “detalhando explicitamente a sua homossexualidade”, e ‘encontradas’ por Larry Kramer são um embuste.
Esta é apenas mais uma tentativa de conspurcar a História com a sujidade moral do neo-liberalismo. Como o Contra tem noticiado amiúde, no mundo documental e ficcional das agências de propaganda que servem pressurosamente os poderes instituídos, os saxões eram comandados por duques originários do Caribe, foram os africanos subsarianos que construíram Stonehenge; Newton era mestiço e entre os samurais do século XVII teriam que haver negros, tão negros como Cleópatra; os vikings, para além de serem uma cambada de transexuais, tinham líderes nascidos na Nigéria; Alexandre o Grande foi um general do movimento LGBT, Napoleão tinha medo da própria sombra, o movimento @metoo começou na Idade Média e os pigmeus são originários da Irlanda.
Entretanto, a famosa ‘Força’ que orienta e fortifica os jedis do universo Star Wars tem afinal um fito último: Permite que bruxas lésbicas engravidem sem a contribuição dos homens.
O que é que vão inventar a seguir? Churchill era transsexual, Luis XIV era uma mulher (lésbica), Júlio César era um aborígene australiano (não binário) e o Conde Drácula era feminista.
Vai uma aposta?
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