Para proteger Israel da retaliação pelos assassinatos que levou a cabo no Irão e no Líbano, os EUA estão a reunir dois porta-aviões, dezenas de caças, uma frota de contratorpedeiros e 4.500 fuzileiros no Mediterrâneo oriental.

O secretário da Defesa Lloyd J. Austin III ordenou na sexta-feira o envio de mais aviões de combate e navios de guerra para o Médio Oriente, em resposta às ameaças do Irão e dos seus representantes em Gaza, Líbano e Iémen de atacar Israel nos próximos dias para vingar a morte de Ismail Haniyeh, segundo informou o Pentágono.

Os militares enviarão um esquadrão adicional de caças F-22 da Força Aérea, um número não especificado de cruzadores e contratorpedeiros adicionais, capazes de interceptar mísseis balísticos, e mais sistemas de defesa contra mísseis terrestres.

Para manter uma presença agressiva da marinha americana  na região, Lloyd Austin também deu instruções ao porta-aviões Abraham Lincoln, actualmente no Pacífico oriental, para substituir o porta-aviões Theodore Roosevelt nas próximas semanas, quando este regressar, como previsto, aos EUA.

Alguns navios que já se encontram no Mediterrâneo ocidental deslocar-se-ão para leste, para mais perto da costa de Israel, a fim de garantir uma maior segurança, segundo um alto funcionário do Pentágono.

Sabrina Singh, secretária de imprensa adjunta do Pentágono, afirmou num comunicado:

“O Secretário Austin ordenou ajustamentos ao posicionamento militar dos EUA, com vista a melhorar a protecção das forças americanas, a aumentar o apoio à defesa de Israel e a garantir que os Estados Unidos estão preparados para responder a várias contingências”.

Singh, numa conferência de imprensa na sexta-feira, tinha levantado a possibilidade dos Estados Unidos poderem também enviar tropas adicionais para operar na região.

A funcionária do Pentágono afirmou que, durante uma chamada telefónica que manteve com o seu homólogo israelita, Yoav Gallant, na manhã de sexta-feira, Austin “comprometeu-se” a ajudar Israel na sua defesa, afirmando:

“Vamos reforçar a protecção das nossas forças na região”.

Para além de cerca de 80 aviões de combate, o Pentágono já enviou mais de uma dúzia de navios de guerra para a região. O porta-aviões Theodore Roosevelt, equipado com cerca de 40 aviões de ataque F/A-18 Super Hornet e F-35, está agora a navegar perto do Golfo Arábico, enquanto o grupo anfíbio Wasp, com 30 aviões e helicópteros, bem como 4.500 fuzileiros e marinheiros, está a operar no Mar Mediterrâneo oriental.

A Casa Branca afirmou na quarta-feira que os assassinatos por parte de Israel do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, no Irão, e do comandante militar Fuad Shukr, do Hezbollah, no Líbano, “foram inúteis”. A este propósito, John Kirby, o secretário de imprensa do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse aos jornalistas:

“Estas notícias das últimas 24 ou 48 horas não ajudam certamente a baixar a temperatura. Estamos obviamente preocupados com uma escalada. Tudo isto aumenta a natureza complicada do que estamos a tentar fazer: Um acordo de cessar-fogo que nos dê seis semanas na primeira fase, para que muitos reféns, os que estão em maior risco, saiam de lá e voltem para as suas famílias. E conseguir mais alguma ajuda humanitária. Mas quando há eventos violentos, certamente não torna a tarefa de alcançar esse resultado mais fácil”.

A verdade é que, apesar do regime Nethanyau não ter qualquer consideração pelos pontos de vista da liderança política norte-americana, se é que há alguma, Israel está a arrastar os Estados Unidos para uma guerra com o Irão e os falcões do Congresso, como o Senador Lindsey Graham, já apresentaram projectos-lei para dar início ao conflito.

 

“Agora é o momento”: Senador Lindsey Graham apresenta projectos de lei para entrar em guerra com o Irão.

Depois de apresentar vários projectos-lei na semana passada com o objectivo de lançar uma guerra com o Irão, por, alegadamente, ameaçar a segurança de Israel, o senador Lindsey Graham (R-SC) declarou na quinta-feira passada no Twitter que

“agora é o momento de partir para a ofensiva”.

Assim, qualquer resposta do Hezbollah contra Israel que leve a um grande confronto deve ser vista como um ataque levado a cabo e executado pelo Irão, de acordo com uma resolução que o senador republicano da Carolina do Sul apresentou na quarta-feira.

Na resolução, lê-se:

“O Senado afirma que os esforços para dissuadir o Hezbollah e a República Islâmica do Irão são mais credíveis quando o Presidente mantém todas as opções em cima da mesa, incluindo a força militar”.

A resolução responsabiliza o Irão e o Hezbollah por

“quaisquer impactos adversos sobre o povo do Líbano que resultem de um ataque do Hezbollah ao Estado de Israel. O Congresso e o Presidente devem utilizar todos os instrumentos diplomáticos e capacidades de projecção de poder para responsabilizar tanto o Irão como o Hezbollah.”

Graham também apresentou uma Autorização para o Uso da Força Militar contra o Irão por ameaça à segurança nacional dos EUA através do desenvolvimento de armas nucleares.

Segundo o senador da Carolina do Sul, a resolução seria accionada se o Presidente determinasse que o Irão possui urânio enriquecido para carregar uma ogiva nuclear e um veículo de lançamento capaz de projectar um dispositivo nuclear contra Israel, os Estados Unidos ou outros aliados.

Graham disse aos jornalistas durante uma conferência de imprensa que convocou na tarde de quarta-feira:

“O Irão continuará a avançar até que alguém lhe diga para parar. É altura de colocar linhas vermelhas no seu programa nuclear”.

Na quinta-feira, Graham também apelou a que os EUA entrem em guerra com o Irão, numa publicação no Twitter.

“É sempre bom para qualquer administração americana assegurar a Israel que estamos do lado deles contra o Irão e os seus representantes e que forneceremos a capacidade defensiva necessária. No entanto, já passou a hora de começar a falar de ataque quando se trata de ameaças iranianas contra Israel, os Estados Unidos e o mundo. O Irão está à solta em toda a região. Como indica a minha recente legislação, um ataque do Hamas, do Hezbollah ou dos Houthis contra Israel deve ser considerado um ataque do Irão. Todos estes representantes recebem armas e fundos do regime iraniano para espalhar o seu terror. Israel deve ter todo o direito não só de defender o seu território dos ataques iranianos, mas também de atingir duramente esse regime. O ayatollah e os seus capangas têm uma fonte de receitas: a venda de petróleo e gás. Se pusermos as suas refinarias em risco, o seu comportamento muda. A melhor maneira de evitar uma escalada é mostrar vontade de partir para a ofensiva. Agora é a altura certa”.

 

 

Lindsey Graham é uma daquelas criaturas vampirescas das catacumbas de Washington que não consegue resistir ao cheiro do sangue. Em Maio deste ano, num acesso de loucura transmitido ao vivo pela NBC, exortou Israel a “fazer o que for preciso” para acabar com a guerra em Gaza, tal como os EUA acabaram com a guerra com o Japão, bombardeando Hiroshima e Nagasaki.

É a este tipo de retardados que a política externa dos EUA está entregue. Não é assim por acaso que mesmo num momento de crise nos mercados bolsistas, as acções relacionadas com indústrias de armamento estejam a subir a pique.