Em uma aparição no podcast de Tim Pool, Robert F. Kennedy Jr., candidato presidencial independente, fez revelações bombásticas sobre o assassinato de seu tio, o presidente John F. Kennedy. De acordo com RFK Jr., a CIA, em conluio com o crime organizado, foi responsável pela morte de JFK, em um esforço para proteger interesses que estavam sendo ameaçados pela administração de Kennedy.
John F. Kennedy, eleito presidente em 1960, enfrentou um dos períodos mais turbulentos da história dos Estados Unidos. Sua administração foi marcada pela Guerra Fria, tensões nucleares com a União Soviética e um complexo militar-industrial cada vez mais poderoso. Kennedy tentou implementar mudanças significativas, incluindo uma retirada gradual do Vietnã e um novo direcionamento nas políticas externas que ameaçavam interesses enraizados no governo e na indústria de defesa.
RFK Jr. destacou que a Estação de Miami da CIA, um dos grupos mais ativos e controversos da agência, estava particularmente desiludida com JFK. “O grupo que o matou era um grupo da Estação de Miami e eles estavam bravos com ele por sua falha em derrubar Castro, e eles estavam bravos com ele porque ele estava saindo do Vietnã”, explicou RFK Jr.
A tensão entre JFK e a CIA começou a escalar após o fracasso da invasão da Baía dos Porcos em 1961, uma tentativa desastrosa de derrubar o líder cubano Fidel Castro. A operação foi mal planejada e resultou em um fiasco que envergonhou os Estados Unidos e enfureceu muitos dentro da CIA e do complexo militar-industrial.
RFK Jr. revelou que Allen Dulles, então diretor da CIA, teve um papel central no planejamento da invasão e ficou profundamente ressentido com a decisão de JFK de demiti-lo após o fracasso. No entanto, segundo RFK Jr., Dulles continuou a exercer influência sobre a agência, mesmo após sua demissão. “Dulles continuou a dirigir a CIA após sua demissão, e ele também foi instrumental para garantir que a Comissão Warren, convocada após o assassinato do presidente Kennedy, desviasse sua atenção da CIA”, afirmou RFK Jr.
A Comissão Warren foi estabelecida para investigar o assassinato de JFK, mas, segundo RFK Jr., foi manipulada para desviar o foco da CIA. Allen Dulles, apesar de seu conflito de interesses, foi nomeado membro da comissão, o que levantou suspeitas sobre a imparcialidade das investigações desde o início.
RFK Jr. detalhou como membros da CIA se aliaram a “capangas” que haviam participado da desastrosa invasão da Baía dos Porcos e outras tentativas de depor ou assassinar Fidel Castro. Esses grupos, que se sentiam traídos e frustrados com a administração de Kennedy, encontraram aliados dentro do próprio governo dos EUA, criando uma aliança perigosa entre interesses militares, industriais e do crime organizado.
“Isso não é uma ‘teoria da conspiração’”, afirmou RFK Jr. com convicção. Ele destacou que as evidências apontam para uma complexa rede de interesses convergentes que culminaram no assassinato de JFK. Tim Pool, após ouvir a longa explicação, comentou sarcasticamente: “Mas a boa notícia é que a CIA foi reformada e responsabilizada desde então.” RFK Jr. respondeu com um irônico “Absolutamente!”, sugerindo que ainda há muito a ser descoberto sobre as verdadeiras operações e motivações da agência.
As declarações de RFK Jr. levantam questões perturbadoras sobre o funcionamento interno do governo dos EUA durante a era de JFK. Elas também servem como um lembrete de como interesses poderosos podem influenciar e até subverter a vontade popular e as políticas democráticas. Enquanto a história oficial do assassinato de JFK ainda é amplamente aceita, entrevistas como essa com RFK Jr. continuam a alimentar debates e investigações sobre o que realmente aconteceu em 22 de novembro de 1963. Trump prometeu revelar todas as documentações sobre as investigações se eleito. Resta esperar.
MARCOS PAULO CANDELORO
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Marcos Paulo Candeloro é graduado em História (USP – Brasil), pós-graduado em Ciências Políticas (Columbia University – EUA) e especialista em Gestão Pública Inovativa (UFSCAR – Brasil). Aluno do professor Olavo de Carvalho desde 2011. É professor, jornalista e analista político. Escreve em português do Brasil.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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