O que se está a passar nos EUA é trágico. Mas não deixa de ser divertido: Enquanto tentam enfiar Trump na prisão por razões exclusivamente políticas, os democratas estão constantemente a avisar que, caso o candidato republicano seja eleito, ele exercerá vinganças inimagináveis sobre os intérpretes do unipartido de Washington.

Bom, é claro que as exercerá. E quanto mais tentativas sujas e desesperadas o establishment realizar para impedir essa eleição, mais razões terá o magnata de Queens para procurar o agridoce sabor da vingança.

Nem Jesus Cristo, se fosse submetido ao que se passou nas últimas semanas no tribunal de Manhattan, escaparia à sedutora ideia da retaliação.

Mais: Trump não tem alternativa a não ser vingar-se pelos seus próprios meios, porque se estiver à espera que o aparelho republicano reaja e – por exemplo – sirva aos democratas o mesmo remédio que estão a utilizar contra o candidato republicano – utilizando o aparelho judicial dos estados ‘vermelhos’ para punir as mais proeminentes figuras do Partido Democrata, como tem sido sugerido por várias personalidades conservadoras nas últimas horas, pode esperar confortavelmente sentado no grande sofá da passividade unipartidária que reina nas elites políticas norte-americanas.

Apesar do apetite para a retaliação aqui manifestado por Megyn Kelly, dificilmente Hillary Clinton, Barak Obama ou Joe Biden alguma vez serão sujeitos a processos similares àqueles que agora estão a ser levantados contra Donald Trump. E não por serem escassos os crimes que cometeram.

 

 

Seja como for, a verdade é que aquilo a que assistimos no desenrolar do processo que acabou com um veredicto de culpado foi nada menos do que uma completa perversão da justiça e de uma ideia, mesmo que vaga, de Estado de Direito. A esquerda norte-americana afirma que a sua guerra judicial contra o antigo Presidente Trump é destinada a proteger a democracia e a ética, quando é mais que evidente que se trata apenas de um continuo e constante processo de perseguição de um poderoso adversário político através do aparelho judicial norte-americano, que visa em ultima análise a projecção do poder executivo para um patamar autoritário, que controle todas as instituições que governam a nação.

A acusação não apresentou nenhum crime real ou provas que sustentem qualquer crime. O Juiz disse aos jurados que não precisavam de concordar sobre o crime para condenar o réu (facto), uma afirmação que ficará certamente para a história como a mais tresloucada e corrupta instrução alguma vez dada a um júri num tribunal dos EUA. A testemunha principal, o desgraçado advogado Michael Cohen, que foi expulso da Ordem dos Advogados e considerado “perverso” e um mentiroso crónico por um juiz federal, poderá ser a mais dúbia criatura a quem alguma vez um procurador confiou a credibilidade da sua acusação. E, no entanto, a condenação foi rápida e fácil, graças a um juz activista, a um procurador niilista e a um júri claramente tendencioso.

Se conseguem fazer isto a um ex-Presidente e a um candidato presidencial, o que é que não podem fazer a um cidadão comum?

Além dos processos judiciais, muitos deles completamente disparatados e abusivos, que contra ele foram levantados pelas procuradorias ao serviço do regime Biden, há certas acções que dificilmente serão esquecidas por Donald Trump. A autorização de “uso de força letal” concedida pelo departamento de Justiça ao FBI quando a agência executou uma rusga à sua residência na Florida; a tentativa dos congressistas democratas de lhe retirarem a protecção dos serviços secretos; as afirmações desses mesmos congressistas de que não vão certificar uma eventual vitória nas urnas do candidato republicano; a intenção de interditar a presença da sua candidatura nos boletins de voto em 16 estados democratas, de tal forma abstrusa que até o juízes liberais do Supremo Tribunal federal a anularam;  a constante difamação de carácter, alargada a toda a sua família e propagada 24 horas por dia pela imprensa corporativa; a repetição de mentiras já há muito desconstruídas sobre um alegado conluio entre o ex-presidente e os serviços secretos russos; as regras criadas pelo regime Biden que procuram impedir a remoção de certos funcionários federais dos cargos politicamente sensíveis, bloqueando o poder executivo de Trump, caso seja eleito em Novembro, enfim, há um rol interminável de razões que justificam o ressentimento – e a propensão para a acção sobre esse ressentimento – de um homem que poderá em breve agarrar as rédeas do poder federal nos EUA.

Certa vez, Trump disse que faz sempre questão de castigar aqueles que saíram do seu caminho para o prejudicar, e se de facto for eleito, circunstância que o Contra continua a considerar improvável, vai ser realmente entretido assistir ao processo pelo qual o inquilino da Casa Branca fará justiça pelas suas próprias mãos.

Têm portanto razão os que estão agora a dormir mal por causa dessa possibilidade, que as sondagens têm reforçado. E quanto pior dormem, mais tentam sair do seu caminho para impedir que o candidato republicano ascenda ao poder e – nesse processo – mais se expõem à fúria justiceira de um mandato presidencial interpretado pelo seu inimigo de estimação.

E porque nada nos diz que mesmo que acabe na prisão, Trump não possa ganhar as eleições, para retirar o rabo da boca a esta pescadinha só há uma solução certa e definitiva: corromper o processo eleitoral ou eliminá-lo de todo.

E, sim, esse parece, a cada dia que passa, o cenário mais plausível.