A campanha da presidente da Comissão Europeia inclui uma acção preventiva sem precedentes contra o pensamento errado. E um “escudo” que proteja as elites do livre arbítrio das massas. A cada dia que passa, o conceito de democracia de von der Leyen parece-se mais e mais com uma sinistra distopia.
Uma das características da União Europeia é de ser uma espécie de espelho satânico, que inverte a semântica do mundo. Se algo parece demasiado bom para ser verdade, geralmente é mentira. Se uma acção é cometida em nome de um qualquer valor, estará a ser feita em função de um valor oposto. Se algo é dito na defesa de uma qualquer ideia, é essa ideia que se deseja combater e assim sucessivamente até à mais imunda cárcere do inferno.
A título de exemplo desta regra que precisa desesperadamente de ser confirmada com excepções, Ursula Von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, finge que está a concorrer à reeleição, quando, na realidade, está apenas a lutar com alguns outros elementos do establishment para ser escolhida a dedo e confirmada pelo próprio establishment, e não pelo voto popular. Mas isso não a impediu de fazer de conta que é uma verdadeira candidata democrata. Não é que ela não tenha tido a oportunidade de o ser em vez de apenas o representar, mas quando os seus colegas alemães lhe pediram para se candidatar a um lugar eleito para estabelecer alguma credibilidade democrática, a senhora terá rapidamente recusado o incómodo.
Isso não a impediu porém de publicar anúncios de “campanha” nas redes sociais, como se estivesse realmente a tentar apelar aos eleitores. Num desses vídeos, promete que, se for cooptada, ou seja, “reeleita”, defenderá a Europa com um “Escudo da Democracia”. A ideia, diz ela, é “detectar desinformação e interferência maligna, remover conteúdos, incluindo deepfakes, e tornar as nossas sociedades mais resilientes”. Nem é preciso dizer que por “desinformação e interferência maligna” Von der Leyen quer dizer qualquer tipo de oposição às narrativas da sua Comissão e que na tradução de “sociedades mais resilientes” devemos entender uma sistema político solidamente autoritário.
Uma coisa é certa: a campanha da comissária não tem nada a ver com a defesa da democracia europeia e a sua protecção contra burocratas não eleitos que exercem um poder excessivo e não escrutinado pelas massas. Ao contrário, a campanha da comissária pretende perpetuar o deficit democrático das instituições da União para que Bruxelas continue a deter poder executivo à margem de qualquer interferência popular.
“Democracia”, no caso deste “Escudo da Democracia”, é na realidade apenas um eufemismo para censura. A palavra é usada aqui no mesmo contexto que foi integrada na nomenclatura da soviética República “Democrática” Alemã, na medida em que este “escudo” protege a Europa, sim, do livre arbítrio, do poder democrático dos povos, e de factos inconvenientes aos poderes instituídos. A monarca Úrsula não está interessada em ter que defender a sua própria loucura ideológica no fórum público, ou dar-se ao trabalho de explicar aos cidadãos porque é que estão errados quando consideram que as narrativas que propaga estão longe da realidade como o poder que tem para as implementar está longe de ser legítimo.
É hoje mais que óbvio que as elites globalistas europeias pensam que a “democracia” seria muito melhor se todos os que não se enquadram nos seus planos despóticos pudessem ser simplesmente espancados e encarcerados pela Gestapo corporativa, o braço armado do tal “Escudo da Democracia” de von der Leyen.
Mas talvez seja injusto caracterizar o “Escudo da Democracia” como pouco mais do que um “escudo de propaganda”. Afinal, não é que a UE ou Ursula digam que estão interessados em fazer propaganda. Não, em vez disso, ela diz que só quer fazer um pouco de “prevenção” (prebunking), o que não soa de todo a propaganda.
Falando na Cimeira da Democracia de Copenhaga, no início deste mês, von der Leyen explicou a sua visão de um relatório minoritário para a Europa:
“A investigação tem demonstrado que o ‘prebunking’ é mais bem sucedido do que o ‘debunking’. O ‘prebunking’ é o oposto do ‘debunking’. Em suma, a prevenção é preferível à cura. Pense na manipulação de informação como um vírus. Em vez de tratar uma infecção depois de esta se ter instalado, que é o ‘debunking’, é preferível vacinar, para que o nosso corpo seja inoculado. O ‘prebunking’ é essa abordagem”.
Sim, amigos, pensem na liberdade de expressão como um vírus desagradável que pode ser contrariado antes de se disseminar com uma vacina. O livre arbítrio é uma doença contagiosa. Pode provocar diarreia verbal. Coisa feia. Não seria melhor se a UE pudesse inocular as suas narrativas nos cidadãos, ou, numa analogia mais correcta com as tecnologias mRNA que tanto agradam à comissária, manipular geneticamente as mentes dos cidadãos para eliminar qualquer risco de opiniões ou informações dissidentes?
Mas e se a narrativa da prevenção for a verdadeira desinformação? Claro que isso nunca acontece, certo? Tudo o que a UE e os governos ocidentais dizem é sempre a verdade objectiva total e completa e qualquer pessoa que a questione é uma espécie de sub-sapiens ou, pior, um agente do Kremlin.
A propósito, a “resiliência social” de von der Leyen significa apenas conformidade – que todos se amontoem no carro dos palhaços quando lhes é ordenado, para que possam levar toda a gente num passeio pela autoestrada distópica em direcção ao pesadelo que os seus interesses ocultos ditem em qualquer altura.
Mas talvez se deva dar à imperatriz Úrsula o benefício da dúvida. Se calhar, ela só quer mesmo usar o seu “Escudo da Democracia” contra exércitos de bots online irritantes e não no campo político para reprimir a dissidência…
O problema é que a senhora de vez em quando tem ataques de sinceridade:
“Não se trata apenas de falsificações ou de conteúdos fabricados. Também se trata de comprar influência e provocar o caos. Vimos políticos de extrema-direita e candidatos à liderança do AfD na Alemanha nos bolsos da Rússia. Estão a vender as suas almas nos canais e vídeos de propaganda russos”.
Benefício da dúvida, uma ova.
O obectivo, ente outros de natureza pidesca, é difamar os adversários políticos e, sobre essas fabricadas acusações, silenciá-los e obliterar as suas plataformas. O Escudo de Úrsula defende a democracia tal como a NATO defende a paz. E da mesma forma que a aliança atlântica é uma organização que nunca efectua operações ofensivas, a comissária nunca seria capaz de eliminar activamente os seus adversários da paisagem política.
Que ideia.
Na verdade, a UE já tentou até eliminar meios de comunicação social de que não gostava, censurando plataformas russas como a RT e a Sputnik a nível supranacional e impondo essa proibição a todos os Estados-Membros do bloco, na ausência de um processo soberano e democrático. A justificação? Que estavam a divulgar “distorções de factos” que ameaçavam a ordem democrática da UE. Nada melhor para o jornalismo credível do que os governos argumentarem que são os árbitros máximos da informação fidedigna.
Acontece que a censura generalizada não conseguiu pôr toda a gente na linha, por isso von der Leyen diz que o “Escudo Democrático” vai “rastrear a manipulação de informação e coordenar com as agências nacionais”. Perseguir quem pensa errado e fala dissidente na paisagem informativa? Parece muito democrático. Tal como a ideia de “agências nacionais” decidirem o que é considerado falso e verdadeiro. O que é que pode correr mal?
E será que este “Escudo da Democracia” vai exigir algum controlo independente? Von der Leyen, na altura em que era ministra da Defesa alemã sob a chanceler Angela Merkel, não era muito dada a esse tipo de coisas. A imprensa ocidental estava repleta de pormenores sobre o seu desempenho pouco satisfatório, com o Washington Post, por exemplo, a citar a falta de equipamento militar e as promessas de retificação da situação que nunca foram cumpridas. Aparentemente, sob a sua iluminada égide, as tropas usavam cabos de vassoura em vez de metralhadoras nos exercícios da NATO. Dada a sua clara vocação para bruxa má, parece que tinha muitas à sua disposição.
Sabemos, pelo facto de ter ignorado a comissão parlamentar que exigia ver as mensagens de texto que trocou com os responsáveis da Pfizer a propósito do negócio das vacinas, que a Rainha Úrsula também não está interessada em transparência. Mas quem é que precisa de valores democráticos reais quando se tem um “Escudo da Democracia” que protege as elites e o seu sonho absolutista?
Uma coisa é certa: Ursula von der Leyen precisa de facto de se manter no poder. Porque caso um dia se veja afastada da bolha de aço que a protege, talvez acorde para a realidade muito bem sentada no banco dos réus de um tribunal popular.
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