Joe Biden afirmou que o Japão, um aliado geo-estratégico dos americanos, está a enfrentar dificuldades económicas porque é um país “xenófobo” que se recusou a aceitar a migração em massa.
Biden fez estes comentários durante um evento de angariação de fundos para a campanha eleitoral em Washington, durante o qual afirmou que a economia dos EUA estava a ter um bom desempenho “porque acolhemos imigrantes”.
“Pensem nisto. Por que é que a China está a ter um desempenho económico tão mau, por que é que o Japão está a ter problemas económicos, e a Rússia, e a Índia? porque são xenófobos. Não querem imigrantes. Os imigrantes são o que nos torna fortes”.
Há nestas declarações uma quantidade recordista de falsidades. Se é verdade que o Japão teve um semestre recessivo, o outlook é bastante positivo. Por outro lado, a economia dos EUA só está a ter um bom desempenho no entendimento demente de Joe Biden. As economias russa e indiana não estão a ter quaisquer problemas, pelo contrário. O PIB da China vai crescer cerca de 5% este ano. O PIB dos Estados Unidos, 1,6%. E permitir que mais de 5 milhões de imigrantes ilegais entrem nos EUA no espaço de 3 anos e meio, um processo que provocou o caos total na fronteira com o México, não é propriamente um sucesso e muito menos contribui para o crescimento económico sustentável e a prosperidade da população americana.
Já para não falar no estafado chavão de que a “diversidade” étnica e cultural e religiosa fortalece as sociedades. Não fortalece coisa nenhuma. Muito pelo contrário.
Os comentários de Biden fazem parte de uma tendência que está a pressionar o Japão a aceitar a “diversidade” como solução para o envelhecimento da sua população e o declínio da taxa de fertilidade. Em Março, o país da Ásia Oriental duplicou o limite de trabalhadores estrangeiros qualificados para mais de 800 000 pessoas.
De acordo com o CIA World Factbook, 97,5% da sua população do país é de etnia japonesa, e daí as muito baixas taxas de criminalidade e os altos índices de prosperidade e coesão social, mas tudo isso pode estar prestes a mudar.
O número de trabalhadores estrangeiros no Japão já ultrapassou os 2 milhões, um aumento de 12,4% em relação a 2022. O país do extremo-oriente “precisa” de, pelo menos, 647.000 imigrantes em idade activa por ano para colmatar a falta de 11 milhões de trabalhadores até 2040.
Junji Ikeda, presidente da Saikaikyo, uma agência sediada em Hiroshima que fornece e supervisiona trabalhadores estrangeiros, afirmou a este propósito:
“O Japão está a entrar numa era de imigração estrangeira em massa. Os ajustamentos incrementais não serão suficientes”.
O sector dos serviços será também cada vez mais preenchido por imigrantes estrangeiros, que poderão posteriormente trazer as suas famílias para ficarem no Japão indefinidamente.
O globalista The Economist retratou recentemente “o futuro do Japão”, que parece ser constituído por lojas de conveniência maioritariamente operadas por imigrantes, sublinhando “a importância da imigração”. O artigo cita uma dessas lojas no centro de Tóquio onde “todos os empregados são birmaneses”.
No final do ano passado, o governo japonês anunciou que a criminalidade tinha aumentado pela primeira vez em 20 anos, uma situação com que os japoneses nativos poderão ficar mais familiarizados nos próximos anos.
Uma reportagem da BBC News sobre a anterior recusa do Japão em adoptar políticas de imigração em massa sublinhava que o país estava “preso ao passado”, sendo esse passado assim caracterizado:
“Um país pacífico e próspero, com a maior esperança média de vida do mundo, a mais baixa taxa de homicídios, poucos conflitos políticos e preços imobiliários acessíveis.”
Oh não, que horror, isto tem que mudar!
É deveras intrigante como estes debates sobre a necessidade da imigração nos países ditos desenvolvidos nunca integram discussões sobre o investimento dos governos em políticas de incremento da natalidade entre os nativos, através da revisão das cargas tributárias, que beneficiem quem tem mais filhos, e da protecção da maternidade no contexto das carreiras profissionais das mulheres.
Mais importante ainda, porque as pessoas têm mais filhos quando confiam que o dia de amanhã será melhor que o dia de hoje, seria óptimo que as elites políticas se focassem nos reais interesses das populações que servem e as servissem com competência e focados na sua prosperidade, oferecendo alguma esperança para o futuro, em vez de promessas apocalípticas, guerras sem fim, autoritarismo de estado e a certeza de recessões económicas cíclicas e devastadoras.
Por último, uma pergunta que ninguém faz, mas que o ContraCultura não tem medo de fazer: se temos que trocar a nossa identidade, a nossa cultura, a nossa segurança, por crescimento económico, baseado em mão de obra barata, se calhar estará na altura de fazermos as perguntas fundamentais: A troca compensa? E quem é que ganha com ela?
Será que não somos capazes de viver sem que paquistaneses nos tragam hambúrgueres a casa?
E quem é que sai a ganhar com esse alegado “crescimento económico”?
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