O modelo educacional contemporâneo segue um trajeto que aponta sua limitação à mediocridade. Essa opinião, embora recorrente, não é de fácil compreensão para muitos. A ausência (ou diminuição progressiva) de figuras de relevância cultural e intelectual na sociedade é um indício desse fenômeno de mediocridade generalizada, que dificulta a identificação de indivíduos que se destacam em meio à massa.

Esse mesmo sistema parece direcionado, direta ou indiretamente, para a imbecilização e restrição do intelecto. Essa condição afeta milhares de pessoas, que, por sua vez, são responsáveis por moldar as próximas gerações. O estado adota uma abordagem metodológica que desacelera o progresso individual, intelectual e cultural. Tal método, que costumo chamar de “Método Passarinho”, consiste em uma imposição quase matriarcal de conteúdos, ideologias, currículos e métodos de ensino, cujas finalidades muitas vezes escapam à compreensão e ao senso crítico ainda não formado dos alunos. Não é à toa que chamo por esse nome. A educação movida pelo estado atua como uma mãe que alimenta o filhote, mastigando e cuspindo goela abaixo qualquer coisa sem a mínima necessidade de se justificar.

Essa abordagem é profundamente condicionadora, limitando a capacidade dos estudantes de desenvolver pensamento crítico e independente. Ao invés de incentivar a curiosidade e a busca pelo conhecimento, o sistema educacional muitas vezes prioriza a memorização de informações sem contexto ou significado claro. Isso resulta em uma geração de indivíduos que são proficientes em repetir narrativas, mas carentes de habilidades para analisar, questionar e criar. Além disso, esse modelo tende a padronizar o aprendizado, ignorando as diferentes habilidades, interesses e estilos de aprendizagem dos alunos. Ao invés de nutrir as potencialidades únicas de cada estudante, o sistema impõe uma abordagem uniforme e inflexível, que pode deixar muitos para trás e desperdiçar talentos valiosos.

Outro aspecto preocupante é a crescente comercialização da educação, onde o sucesso é muitas vezes medido por notas em testes padronizados e rankings de escolas, ou senão pela falsa promessa ecoada dentro das famílias “você não será ninguém se não graduar em uma universidade” em vez da priorização do desenvolvimento integral do indivíduo. Isso cria uma cultura de competição desenfreada e ansiedade entre estudantes, que muitas vezes sacrificam sua saúde mental e bem-estar em busca de resultados acadêmicos, que no fim das contas, não são resultados verdadeiros e não os levarão a lugar algum.

Há ainda uma consequência marcante na nossa cultura que é proveniente desse sistema: a carência por uma certificação de autenticidade concedida pelo próprio estado. Como é fácil recordar indivíduos que mudaram o trajeto da história, cultura, filosofia e arte sem nenhum “diploma”. Mas, ainda que seja fácil lembrar, é difícil esquecer a discrepância atual com aqueles que, mesmo sendo relevantes e necessários, são tratados com indiferença, pois não abraçaram a mediocridade e a carência afetiva imposta pelos gerentes do conhecimento.

Diante desse cenário, é imperativo repensar o modelo educacional e buscar alternativas que promovam uma abordagem mais centrada na valorização de absorção do conhecimento para cada aluno. Isso inclui a valorização do pensamento crítico, a personalização do ensino para atender às necessidades individuais dos alunos e o reconhecimento da educação como um processo contínuo de aprendizado ao longo da vida. Somente através de uma transformação fundamental na forma como concebemos e praticamos a educação podemos esperar criar um sistema que verdadeiramente capacite os alunos a alcançar seu verdadeiro potencial e contribuir de forma significativa para a sociedade.

 

PAULO H. SANTOS
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Paulo H. Santos é professor particular de filosofia, bacharel em filosofia (UCP – Brasil) e licenciado em História (UNESA – Brasil). Católico. Escreve em português do Brasil
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.