Com os tão aguardados Jogos Olímpicos de Verão a aproximarem-se rapidamente e com o governo profundamente impopular de Macron a lutar para garantir a segurança dos convidados internacionais e a desmultiplicar-ser em tarefas mais ou menos clandestinas para ocultar a visível degeneração de Paris, novos números sobre a criminalidade mostram a capital sob uma luz menos favorável e põem em causa a capacidade das autoridades para manter as mulheres seguras.

Os números, registados pela Sede da Polícia de Paris, revelaram que 77% dos casos de violação na capital resolvidos em 2023 foram cometidos por perpetradores que não possuem passaporte francês, com a maioria dos crimes sexuais ocorrendo dentro e ao redor de áreas turísticas como Champs de Mars, que em breve estará lotado de visitantes para os Jogos.

A emissora francesa Europe 1, que teve acesso ao relatório da Sede da Polícia de Paris, revelou que 97 violações foram registadas na capital em 2023, um número que aumentou 20% em comparação com 2022. Antes do ano passado, o número permanecia relativamente estável desde 2018. Do total de casos registados, 30 foram resolvidos e 36 autores foram presos.

Além do facto de a grande maioria dos perpetradores não serem franceses, a maioria eram toxicodependentes, sem-abrigo e desempregados, segundo o relatório. Vinte já eram conhecidos da polícia, incluindo quatro por actos de agressão sexual.

Grégory Joron, secretário-geral da Unité SGP Police-Force Ouvrière, um dos maiores sindicatos policiais da França, lamentou as conclusões do relatório.

“Ainda é um estupro a cada três dias em Paris… Isso levanta uma questão real, uma vez que é um fenómeno que não conseguimos extinguir.”

Para o dirigente sindical, as conclusões do relatório são especialmente preocupantes à luz dos próximos Jogos Olímpicos, onde se espera que Paris receba cerca de 15 milhões de visitantes, aos quais terá que ser garantido um certo nível de segurança, como por exemplo, garantir que as violações no coração da capital francesa seja, reduzidas a zero:

“Estes deveriam ser locais com 0% de criminalidade, já que estamos à espera de receber milhões de turistas para os Jogos Olímpicos, mas, por enquanto, são locais onde, infelizmente, ainda temos muitos problemas em mãos. Depois de um certo horário, à noite, infelizmente, ainda existem riscos para as mulheres caminharem sozinhas ao voltarem de uma festa ou até mesmo do trabalho.”

A notícia do relatório da Sede da Polícia de Paris chega dias depois da Ministra Federal do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, apresentar o relatório anual de estatísticas criminais do Gabinete Federal de Polícia Criminal (BKA), que descreve um quadro semelhante da situação no país. Tal como os números de Paris, os números do BKA também revelaram que os titulares de passaportes estrangeiros estavam massivamente sobre-representados entre os suspeitos de agressão sexual a nível nacional.

Lamentavelmente, a França e a Alemanha não são casos atípicos. A tendência também foi registada nos últimos anos na Suécia, na Suíça, na Finlândia, na Dinamarca, no Reino Unido e em Itália.