Oh, sim, vamos todos jogar confetes para o “grande protetor da democracia brasileira”, Alexandre de Moraes. Segundo alguns visionários da centro-direita, aquele herói sem capa que “salvou” o Brasil de um golpe. Claro, porque nada diz “democracia saudável” como atropelar a liberdade de expressão quando te convém, certo? Depois desse episódio, supostamente, a tempestade passou e todos vivemos felizes para sempre.

Aí vem a parte hilariante: acreditava-se, em algum universo paralelo, que o Senhor Moraes estava lá, firme e forte, usando seu martelo de justiça para equilibrar as balanças da democracia. Em vez disso, ele parece ter confundido “balança da justiça” com “balança para pesar peixe”, aplicando a força toda onde bem entendia.

A ideia de democracia pressupõe que todos os votos têm valor igual, que a escolha do povo tem algum peso. Bem, isso foi uma piada durante o governo Bolsonaro. Se você não faz parte da elite intelectual urbana, esqueça, sua opinião não vale muito. De quotas de importação até quem pode concorrer à presidência, as decisões “democráticas” foram mais seletivas do que entrada VIP em boate.

E quando o STF decidiu que Lula poderia correr para presidente novamente, muitos devem ter pensado: “Uau, que reviravolta inesperada, quem poderia imaginar?” Como cereja do bolo, as decisões do TSE que favoreceram Lula nas eleições de 2022 foram tão sutis quanto um outdoor luminoso.

Então temos o ministro da Justiça inventando termos dignos de Orwell para justificar censura, enquanto os ministros não tinham o menor pudor em mostrar seu lado torcedor. “Vencemos o bolsonarismo”, dizia eles, talvez esperando aplausos ou um troféu.

 

 

Essa palhaçada toda minou a confiança e a credibilidade na democracia, fermentando um caldo de cultura para insatisfação, radicalização e, pasmem, polarização. Aparentemente, foi essa sensação de estar sendo feito de palhaço que levou pessoas a considerarem ações um tanto… extremas.

No fim das contas, Alexandre de Moraes se tornou menos um guardião da justiça e mais um agente do caos, um catalisador de discórdia, desrespeitando o processo legal e manchando a reputação de uma instituição que ele supostamente defende. Incluindo em inquéritos todos que ousam discordar dele, desde Elon Musk até o Google, por terem o audácio de expressar uma opinião.

Enfim, se alguém ainda se importa com o que resta da ordem institucional e da democracia no Brasil, talvez esteja na hora de considerar seriamente o “impeachment desse leão de chácara”. Mas quem sou eu para julgar, não é mesmo?

 

MARCOS PAULO CANDELORO

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Marcos Paulo Candeloro é graduado em História (USP – Brasil), pós-graduado em Ciências Políticas (Columbia University – EUA) e especialista em Gestão Pública Inovativa (UFSCAR – Brasil). Aluno do professor Olavo de Carvalho desde 2011. É professor, jornalista e analista político. Escreve em português do Brasil.