O ex-presidente Donald Trump anulou em definitivo a candidatura à nomeação presidencial republicana de 2024 da sua antiga embaixadora nas Nações Unidas, Nikki Haley, dominando-a em 14 dos 15 estados escrutinados na terça-feira passada. Após a carga de pancadaria de que foi alvo, Haley anunciou o fim da sua campanha na quarta-feira de manhã.

Perante um multidão de apoiantes, Trump proclamou:

“Chamam-lhe Super Terça-feira por uma razão. Nunca houve uma como esta, nunca houve nada tão conclusivo. Esta foi uma noite espetacular”.

 


O registo esmagador do ex-presidente começou na Virgínia, onde foi rapidamente projectado como vencedor pouco depois do fecho das urnas. Apesar deste estado ter um sistema eleitoral aberto que permite que os democratas votem nas primárias do Partido Republicano, e dos condados do norte ficarem muito próximos de Washington, onde teoricamente a candidata do establishment recolheria mais apoios, os resultados preliminares colocavam Trump a vencer a sua adversária por mais de 28 pontos.

Trump continuou a sua série de vitórias ao derrotar Haley na Carolina do Norte, que também – e inexplicavelmente – abriu as primárias a eleitores não filiados no Partido Republicano no ano passado. O ex-presidente dominou em todo o estado, ganhando até mesmo em localidades que tradicionalmente favorecem os democratas, como o condado de Mecklenburg, que integra a liberal cidade de Charlotte.

Trump conquistou a totalidade dos redutos republicanos como o Arkansas, Alabama, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah e Alasca. Também venceu em várias jurisdições favoráveis aos democratas, como Massachusetts, Maine, Colorado e Minnesota.

Uma das maiores vitórias do magnata de Queens, no entanto, foi ter vencido na Califórnia. A NBC News projectou o resultado no Golden State menos de 10 minutos após o fecho das urnas, dando-lhe os 169 delegados da Califórnia.

Enquanto Trump venceu em 14 estados, Haley conseguiu uma vitória apertada em Vermont, onde os democratas também podem votar nas primárias do Partido Republicano.

 

 

Recrutar eleitores democratas e independentes de esquerda constituiu uma faceta importante da estratégia eleitoral de Haley. Durante as primárias de New Hampshire, por exemplo, ela gabou-se de como os eleitores não filiados estavam a aumentar as suas perspectivas eleitorais, ao afirmar:

“Se conseguirmos independentes, se conseguirmos democratas conservadores, é isso que o Partido Republicano deve procurar. O nosso objecivo é trazer o maior número possível de pessoas para a tenda”.

“Democratas conservadores”. Em todos os Estados Unidos devem viver duas ou três ambivalentes criaturas dessa espécie. Mas apesar do esforço ecuménico – e criativo – Haley perdeu em New Hampshire.

Nikki Haley, ela própria, é tão conservadora, tão republicana como um insecto do pântano, e no anúncio do fim da sua candidatura nem sequer endossou a candidatura de Trump, que é hoje o líder indiscutível, com números recordistas, do partido de que a senhora finge fazer parte. Os democratas que agora votaram em Haley, votariam em Novembro em Biden, mesmo que Haley conseguisse a nomeação republicana. Como é óbvio.

Enquanto comemorava o triunfo de terça-feira, Trump destacou a importância de derrotar o presidente Biden e os democratas nas eleições de 2024 e afirmou que a disputa de Novembro “vai ser o dia mais importante da história de nosso país”.

Parece exagero e a retórica de Donald Trump recorre frequentemente à hipérbole. Mas, se calhar, não está assim tão longe da verdade.