Num recordista ataque de estupidez, Emmanuel Macron afirmou na segunda-feira que os aliados ocidentais não devem excluir nenhuma opção na tentativa de evitar uma vitória russa na Ucrânia, incluindo o envio de tropas para a frente de guerra.
Em resposta ao delírio do presidente francês, os Estados Unidos e os seus principais aliados europeus disseram na terça-feira que não têm planos para enviar tropas terrestres para a Ucrânia, e o Kremlin advertiu que qualquer movimento desse tipo levaria inevitavelmente a um confronto directo entre a Rússia e a NATO, que (será preciso dizer isto?) poderia rapidamente escalar para um conflito nuclear.
Os comentários do napoleão de polipropileno, feitos durante uma reunião de líderes europeus convocada à pressa em Paris e destinada a encontrar novas formas de aumentar o apoio a Kiev, surgem num momento em que as forças russas ganham terreno no leste da Ucrânia, enquanto o regime Zelensky se vê a braços com uma crescente, e previsível desde o início da operação militar russa, escassez de munições, equipamento militar e recursos humanos.
No entanto, a Alemanha, a Grã-Bretanha, a Espanha, a Polónia e a República Checa distanciaram-se de qualquer sugestão de que poderiam enviar tropas terrestres para a guerra, que entra agora no seu terceiro ano.
O chanceler alemão Olaf Scholz, que parece agora mais interessado em perseguir os opositores políticos internos do que na frente ucraniana, disse na terça-feira:
“Não haverá tropas terrestres, nem soldados em solo ucraniano enviados por países europeus ou Estados da NATO”.
O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, reiterou as declarações do seu chefe:
“Botas no terreno não são uma opção para a Alemanha”.
Scholz afirmou também que os líderes europeus parecem dispostos, após as conversações de segunda-feira, a adquirir armas de países fora da Europa, como forma de acelerar a ajuda militar à Ucrânia. A República Checa anunciou este mês planos, apoiados pelo Canadá e a Dinamarca, para financiar a compra rápida de centenas de milhares de munições de países terceiros para enviar para a Ucrânia.
A Casa Branca afirmou também, posteriormente, que não tenciona enviar tropas terrestres, tendo, em vez disso, instado os legisladores norte-americanos a aprovarem um projecto de lei de financiamento do regime Zelensky, que se encontra bloqueado no Capitólio, para garantir que as tropas ucranianas recebam armas e munições necessárias à continuação do combate.
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês tentou a missão impossível de transformar a diarreia oral do Presidente francês em algo comestível. Stephane Sejourne, disse na terça-feira que Macron tinha em mente, quando disse o que disse, o envio de tropas para tarefas específicas, como a ajuda na desminagem, a produção de armas no local e a ciberdefesa.
“Isto pode requerer uma presença militar em território ucraniano, sem ultrapassar o limiar do combate”.
Pois, pois.
Imediatamente após as declarações de Macron, o Kremlin sublinhou o carácter explosivo da ideia do Presidente francês. O secretário de imprensa da administração Putin, Dmitri Peskov, disse aos jornalistas:
“O simples facto de se discutir a possibilidade de enviar certos contingentes dos países da NATO para a Ucrânia é um novo elemento muito relevante”.
Questionado sobre os riscos de os membros da NATO enviarem tropas para combater na Ucrânia, Peskov disse:
“Nesse caso, teríamos de falar não sobre a probabilidade, mas sobre a inevitabilidade de um conflito directo”.
A Rússia e os Estados Unidos – a grande potência por trás da NATO – têm os maiores arsenais de armas nucleares do mundo. A possibilidade, em particular, de tropas alemãs serem destacadas para território ex-soviético é extremamente sensível para a Rússia, cuja feroz resistência à invasão de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial faz parte integrante da identidade nacional. Putin classifica recorrentemente as acções da Rússia na Ucrânia como um processo de “desnazificação”
Emmanuel Macron deve pensar que é imune à energia libertada por uma explosão atómica. Deve sonhar com a destruição e a mortandade e a oportunidade de renascer das cinzas para reinar sobre a Europa, num Great Reset com sede em Versalhes. E não há ninguém nos Campos Elíseos que o desengane.
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