Não há absolutamente nenhuma razão para que as mulheres não possam conduzir um camião do lixo, combater um incêndio, abrir uma vala, limpar um esgoto ou levantar um poste eléctrico.
Mas, inexplicavelmente, certas profissões permaneceram praticamente intactas no que diz respeito ao género que lhes está associado. Ninguém fala de bombeiras ou de coveiras ou de estivadoras, e por uma boa razão. Ao contrário das profissões de colarinho branco, que as mulheres normalmente preferem, estes domínios continuam a ser dominados pelos homens. É lamentável.
De acordo com o site de procura de emprego Zippia, 95% dos profissionais que recolhem o lixo são homens. No que respeita aos bombeiros, as mulheres têm uma representação ligeiramente melhor, com os homens a ocuparem “apenas” 82% dos lugares. Entre aqueles que controlam as entradas das discotecas, só 4% são mulheres. Somente 5% dos electricistas não são homens. Esta é uma injustiça que tem de ser corrigida se quisermos alcançar a verdadeira equidade de género.
O mundo dos trabalhadores de colarinho branco abriu caminho nesta matéria, embora a vertente corporativa ainda precise de trabalhar mais no sentido da equidade. As mulheres ocupam 41% dos cargos de gestão e 28% dos cargos de direcção executiva. Obviamente, ambos os registos podem ser melhorados. No entanto, quando se trata de tarefas de colarinho azul, são necessários novos conceitos de recrutamento. Há qualquer coisa nestes trabalhos físicos, muitas vezes perigosos e sujos, que impede as mulheres de se candidatarem, mas não se percebe bem o quê. Afinal, o que é que um homem pode fazer que uma mulher não possa fazer melhor?
Canalizadoras, carpinteiras, metalúrgicas, calceteiras, mineiras precisam-se. Os portos de toda a Europa necessitam de dar mais oportunidades ao novo sexo forte. A indústria pesada não pode continuar a viver apenas da virilidade do seu operariado. As calçadas serão ainda melhor calcetadas pelas mãos poderosas das mulheres. As traineiras precisam desesperadamente de pescadoras para que o peixe continue a chegar fresquinho à doca. As canalizações domésticas serão muito mais fiáveis e estanques se forem apertadas pelas senhoras e por certo sairá mais íntegro o granito das minas se a força de trabalho for enfim dominada pelo eterno feminino.
Quanto aos homens, esses inúteis crónicos, se fizerem questão de trabalhar, devem procurar empregos nas secretarias gerais para a igualdade de género, nas ONG’s que lutam pela emancipação da mulher nos países do terceiro mundo, nos gabinetes de diversidade, equidade e inclusão, nos escritórios e nas repartições públicas em que se recrutam enérgicas raparigas que queiram servir no corpo de mercenários da frente ucraniana, nas plataformas petrolíferas do Mar do Norte, nos serviços de socorrismo do Ártico. Senhoras: há estradas por abrir no Alasca, há escassez de operadoras de máquinas de torneamento, guindastes, escavadoras. A construção civil precisa da vosso inestimável contributo (que sejam as mulheres a lançar piropos aos homens que passam, do alto dos seus andaimes progressistas!).
As sociedades humanas não podem progredir na direcção da utopia enquanto as mulheres não souberem trocar o pneu furado, a desbaratização das fossas sépticas for uma tarefa exclusivamente masculina e as trincheiras no médio oriente continuarem a ser abertas por homens.
Lutamos também no Ocidente com o facto de 93% dos reclusos nas prisões serem homens. Mas este índice está prestes a mudar para um registo mais equitativo, considerando que as mulheres ocupam já cargos de topo na política e na banca e no mundo dos negócios em geral. Essas senhoras estão já técnica e psicologicamente preparadas para cometer crimes de colarinho branco. Mas se expectarmos que sejam presas por assaltar um banco ou traficar armas, é melhor esperarmos sentados.
Senhoras, o mundo é vosso. Tirem partido dessa posição de poder e dessa liberdade operacional. Lembram-se do ditado cunhado por um grupo de lésbicas separatistas, que dizia: “O futuro é feminino”. Sigam esse apelo. Deixem os homens na irrelevância de serem homens e arregacem as mangas. Não podem combater um incêndio florestal? Claro que podem. Não conseguem montar uma conduta de gás? Claro que conseguem. Não são capazes de abrir as campas dos cemitérios? Claro que são capazes. Não têm vigor físico e anímico para asfaltar uma auto-estrada na Amazónia? Claro que têm.
Dêem-lhes com força. O futuro da humanidade depende disso.
Relacionados
12 Dez 24
Um pausa para pensar.
A Covid-19 alterou a vida e a psique do ser humano. Com resultados devastadores. Mas continuamos à espera que os criminosos sejam levados à justiça. Uma crónica de Walter Biancardine.
10 Dez 24
ONU: Um abrigo de parasitas.
Além de impor interesses poderosos e de abrigar parasitas, a ONU de nada serve. Não evita guerras, não salva pessoas, não melhora vidas: tudo se resume à propaganda, à divulgação de ameaças mentirosas e ao estupro das soberanias. Uma crónica de Walter Biancardine.
10 Dez 24
O estranho caso do executivo assassinado ou como até as elites populistas cegaram para a realidade.
O público americano celebro na internet o assassinato do executivo de uma seguradora de saúde. A direita populista qualificou o episódio como uma manifestação da esquerda. Mas o fenómeno transcende a ideologia.
9 Dez 24
Um cenário dantesco.
Para onde quer que apontem os vectores cardeais, encontramos a guerra e a instabilidade política. A paisagem planetária está carregada de electricidade. E a mãe de todas as tempestades pode explodir a qualquer momento.
5 Dez 24
CPAC Argentina: A liberdade ainda vive nas américas.
Manter o que sempre deu certo, melhorar o que precisa de ser melhorado: Eis o conservadorismo. E nas Américas, há uma organização que o defende sem reticências. Os conservadores europeus deviam seguir o exemplo. Uma crónica de Walter Biancardine.
4 Dez 24
O perigo iminente de um homem que não tem nada a perder.
Derrotado em todas as frentes, Joe Biden já não tem nada a perder. E é isso precisamente que transforma os últimos 45 dias do seu mandato num momento extremamente perigoso para a humanidade. Uma crónica de Afonso Belisário.