Creditando um novo relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores, que vale o que vale, os partidos nacionalistas e populistas de direita em toda a Europa vão obter ganhos significativos nas próximas eleições, com os autores da análise a exigirem que os colegas globalistas prestem atenção aos”sinais de alarme”.
Credíveis ou não esses “sinais”, dá gosto pressentir o pânico da elite de Bruxelas.
O relatório combinou inquéritos nos 27 estados-membros da União Europeia com modelos baseados no desempenho anterior dos partidos nacionais, para concluir que os partidos nacionalistas e populistas estão a caminho de ganhar terreno em nove estados membros: Áustria, Bélgica, República Checa, França, Hungria, Itália, Países Baixos, Polónia e Eslováquia. O documento também prevê um segundo ou terceiro lugar para os partidos populistas e nacionalistas noutros nove Estados-Membros da UE: Bulgária, Estónia, Finlândia, Alemanha, Letónia, Portugal, Roménia, Espanha e Suécia.
Os autores temem que as mudanças prejudiquem a agenda verde, o escancarar de fronteiras, o activismo LGBT e, claro, o incondicional apoio à Ucrânia. E acrescentam, despudoradamente:
“Estas conclusões também devem ser confrontadas com a expectativa de que, quer Donald Trump ganhe ou não as eleições presidenciais dos EUA no outono de 2024 – e as sondagens sugerem actualmente que há uma possibilidade real de que ganhe – a Europa terá nos Estados Unidos uma nação menos empenhada a nível global, em quem confiar”.
(Pausa para sorrir).
Se as previsões do relatório se concretizarem, quase metade dos lugares no Parlamento Europeu serão ocupados por partidos (o Contra cita literalmente) “fora da super coligação dos três grupos centristas”. O resultado seria uma coligação populista de direita a emergir como maioria pela primeira vez na história do unipartidismo estabelecido.
Ah, o horror.
O relatório conclui:
“Embora os líderes europeus progressistas não possam, nem devam, dizer aos eleitores o que fazer, podem construir uma alternativa credível a uma viragem acentuada à direita no mandato político atribuído ao próximo conjunto de instituições da UE. Desde o início de 2024, terão de contar uma história convincente sobre a necessidade de políticas abrangentes num mundo perigoso”.
É espectacular que os analistas em causa considerem que não devem obrigar os eleitores a votarem de acordo com os seus desígnios ideológicos. Mas é preocupante que estes burocratas se mostrem assim incomodados com uma eventual alteração no espectro político. Como se a democracia não consistisse exactamente nessa alternância de valores.
Como o Contra já documentou, ao longo deste ano ocorrerão cerca 40 actos eleitorais por todo o mundo. E se na maioria dos casos as urnas não vão alterar – ou podem até reforçar – o domínio das elites globalistas, outros constituem uma janela de oportunidade para a dissidência.
De tal forma que que cimeira WEF deste ano, clarificando para aqueles que ainda não tinham sido clarificados a sua filosofia totalitária, deu prioridade à “desinformação”, às tecnologias de inteligência artificial e aos receios de que as democracias funcionem em favor dos interesses dos povos.
É sempre bom saberes que o teu inimigo te teme. E os apparatchiks de Bruxelas estão nitidamente com problemas de sono só de pensarem que 2024 é um ano de eleições.
Seja como for, e independentemente do realismo das previsões do Conselho Europeu de Relações Exteriores, este é um daqueles textos cuja redacção é grata.
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