O projecto de lei sobre a reforma da imigração em França foi temporariamente retirado a 11 de Dezembro, depois de uma moção do Partido Verde para rejeitar o texto legislativo ter sido adoptada pela maioria dos deputados.
A lei de imigração atraiu oposição generalizada tanto da esquerda como da direita. Como resultado da votação, o Ministro do Interior, Gérald Darmanin, apresentou a sua demissão ao Presidente Emmanuel Macron, que a rejeitou.
O projecto de lei para reformar a política migratória da França está em consideração há muitos meses. A sua passagem pelo Senado levou a um grandes alterações ao texto, destinadas a reforçar a política de acolhimento da França, por iniciativa do partido de direita Les Républicains, que tem maioria na Câmara Alta. A proposta legislativa foi então devolvida à Assembleia Nacional para apreciação. Nas comissões preparatórias, foi consideravelmente reformulada, e os membros da maioria do governo não mantiveram as mudanças pretendidas pelo Les Républicains, propondo, em última análise, uma versão muito mais moderada. A versão resultante foi vista como insuficiente aos olhos da direita, e como excessiva aos olhos da esquerda, e o projecto foi rejeitado por unanimidade.
Os ecologistas do Partido Verde apresentaram um pedido de rejeição prévia, procedimento que, se fosse aprovado, levaria à retirada do texto legislativo sem mais apreciações. Uma coligação de oposição sem precedentes reuniu-se para aprovar a moção de rejeição na noite de segunda-feira, 11 de Dezembro: os votos da Direita, do partido LR e do Rassemblement National juntaram-se aos da Esquerda para derrotar a vontade do governo. 270 deputados votaram a favor da rejeição, enquanto 265 votaram contra.
Olivier Marleix, líder do grupo LR, disse a Darmanin:
“O seu governo permitiu que o sólido texto do Senado fosse adulterado pelo comité”.
Marleix pede agora o retorno à versão do texto aprovada pelo Senado. Marine Le Pen, líder do grupo parlamentar Rassemblement National, ficou “encantada” com o voto de rejeição:
“Protegemos o povo francês de uma onda migratória, já que a proposta de lei previa a criação de um dos maiores canais de imigração desde o reagrupamento familiar.”
O Rassemblement National pretende propor um novo projecto de lei para frustrar o plano do governo, enquanto o líder do partido Les Républicains, Eric Ciotti, reiterou o seu apelo à reforma constitucional em matéria de imigração.
A Esquerda ficou satisfeita por ter enviado ao executivo um sinal muito forte da independência do Parlamento. Jean-Luc Mélenchon, ex-líder do La France Insoumise, escreveu no X:
“Darmanin domou os grupos macronistas. Mas não a Assembleia Nacional”.
Darmanin a dompté les groupuscules macronistes. Mais pas l’Assemblée nationale. Ça sent le bout du chemin pour sa loi et donc pour lui.
— Jean-Luc Mélenchon (@JLMelenchon) December 11, 2023
Tomando nota da rejeição de uma reforma que se emprenhou em implementat, Gérald Darmanin ofereceu a sua demissão a Emmanuel Macron, que a recusou.
A coligação da oposição dificulta a interpretação do voto, uma vez que a motivação para a rejeição do texto não é de todo a mesma para os ecologistas do Partido Verde, os Republicanos e o Rassemblement National. A deputada do La France Insoumise, Mathilde Panot, está encantada por ter
“poupado o país a duas semanas de debates xenófobos e racistas”.
Mas o deputado do RN, Sébastien Chenu, explica que a votação foi
“consistente com todos os nossos eleitores que nos pedem para nos opormos a estas políticas negligentes”.
Gérald Darmanin acusou esta rejeição, alegando que a maioria dos franceses era a favor do texto e tinha sido traída pelos seus deputados, o que não é de todo verdade, uma vez que as sondagens de opinião sugerem que os franceses são a favor de uma lei mais dura do que o plano do governo e de um controlo rigoroso da imigração.
A interpretação mais óbvia é a de uma rejeição geral da política de Emmanuel Macron, porque é impossível tentar conciliar firmeza e flexibilidade e os os efeitos desta lei, como ela foi adultrerada na Assembleia Nacional, serão opostos ao pretendido.
L’adoption de la motion de rejet traduit l’échec du en même temps et sanctionne l’immobilisme et l’impuissance.
Le texte du ministre de l’Intérieur en est la traduction.
Sous des airs de fermeté, il aurait entraîné la régularisation de l’immigration clandestine ! pic.twitter.com/WY7D53lXYD
— Eric Ciotti (@ECiotti) December 12, 2023
Nas palavras de Gérald Darmanin, convidado do noticiário nocturno da TF1 no dia em que a moção de rejeição do projecto foi adoptada, o texto “deve continuar o seu caminho institucional”. Existem várias soluções possíveis: ou o texto pode ser extinto ou a versão do Senado pode ser reintroduzida, ou até pode passar directamente para a próxima fase, a da comissão mista, em que um grupo de políticos seleccionado pelo governo procurará chegar a um texto de compromisso entre os senadores e os membros da Assembleia. No momento, o governo ainda não decidiu qual o caminho a seguir.
Cenas apocalípticas como as que aconteceram no princípio do Verão deste ano, só têm assim tendência para se repetirem. E cada vez com mais frequência.
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