Os políticos norte-americanos têm insistido em fazer comparações surrealistas entre a operação militar da Rússia na Ucrânia e a invasão da Europa por Hitler, ou os atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001 e o ataque do Hamas a Israel a 7 de Outubro deste ano. Scott Ritter, ex-oficial dos serviços secretos do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e antigo inspector de armamentos das Nações Unidas, disse a este propósito que Joe Biden está de tal forma mentalmente debilitado que nem sequer conseguiria fazer uma comparação idiota desse género.

Em Novembro, o Washington Post publicou um artigo de opinião com a assinatura de Biden, comparando o ataque do Hamas à operação militar da Rússia na Ucrânia em defesa da região russófona de Donbass – após oito anos de bombardeamentos ucranianos contra civis. Ritter duvida que o texto seja da autoria do senil Presidente:

“Não estou a implicar com ele, estou apenas a ser honesto: Isto foi escrito pela sua equipa de segurança nacional. Foi editado por Jake Sullivan e Tony Blinken. Foi um esforço colaborativo das pessoas que estão a gerir Joe Biden.”

E continuou:

“Esta é a história, não o conteúdo do artigo de opinião. A história é que Joe Biden, o Presidente dos Estados Unidos, não tem capacidade mental para o cargo e a presidência está a ser gerida por pessoas que não foram eleitas para fazer esse trabalho. É com isso que as pessoas deviam preocupar-se”.

O ex-marine considera que as palavras atribuídas a Biden já não têm o mesmo peso que os comentários de presidentes anteriores, porque, dadas as suas debilidades intelectuais e o carácter falacioso do seu discurso, a figura do Presidente não merece qualquer crédito. Além disso, o Washington Post não passa de um órgão de propaganda do Partido Democrata, que já não impacta a opinião pública como no passado, sendo que, mais a mais, proliferam actualmente alternativas aos meios de comunicação social corporativos, muito mais credíveis.

“Por isso, quando Joe Biden ou os seus responsáveis publicam um artigo de opinião desta natureza, este já não tem o mesmo prestígio, o mesmo impacto que teria há dez anos. Hoje, é imediatamente anulado como ridículo e absurdo”.

Ritter escreveu para o Consortium News, na semana passada, que Biden e Blinken não estavam a ser sérios no seu apelo a uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, dado que nenhum líder israelita, em décadas, levou a sério a sua implementação.

“Mesmo que uma tal coligação governamental pudesse ser criada para sustentar politicamente a ideia de uma solução de dois Estados, que não tem eco junto dos israelitas e dos palestinianos, continua a existir o derradeiro obstáculo que tem de ser ultrapassado antes de qualquer noção de uma paz duradoura – o programa de armas nucleares de Israel”.

O ex-inspector da ONU acrescentou sobre o programa nuclear israelita:

“O programa tem estado envolto em ambiguidades desde o momento em que nasceu, nos anos 60, quando realmente produziram uma arma. Os Estados Unidos têm sido a principal razão para que isto tenha acontecido. A administração Nixon foi confrontada com o facto de Israel ter armas nucleares. Nós sabíamos disso. E eles estavam a violar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, porque mesmo que não assinassem o tratado, nós assinámos. E o tratado só permite cinco potências nucleares declaradas. Portanto, teríamos de penalizar Israel com sanções”.

Ritter sublinhou a natureza agressiva da doutrina militar de Israel, conhecida como a “opção Sansão”, em homenagem ao herói bíblico que derrubou o templo dos filisteus, matando-os e morrendo no processo. Esta doutrina impõe a utilização de armas nucleares contra os Estados vizinhos do Médio Oriente, caso Israel enfrente uma derrota militar convencional.

“É essa a política nuclear de Israel: se o país for derrotado, todos serão derrotados. E nós concordámos com isso porque acreditávamos que podíamos proteger Israel o suficiente para que nunca tivessem de usar esta arma.”

Mas a ressurreição pelo regime Biden da solução de dois Estados põe em causa essa doutrina:

“Um Estado palestiniano implica que Israel normalizava as relações com os seus vizinhos palestinianos e, por extensão, com os seus vizinhos regionais, pelo que não pode haver justificação para a continuação desta política nuclear. Além disso, a Palestina nunca poderia ser considerada livre e independente enquanto vivesse ao lado de uma potência nuclear não declarada.”

Ritter argumentou que Israel teria de seguir o exemplo do seu antigo aliado, a África do Sul do apartheid, que também tinha um programa secreto de armas nucleares.

“A África do Sul construiu seis armas nucleares na década de 1970 como forma de dissuasão contra os movimentos nacionalistas negros que estavam a trabalhar com a União Soviética. Foram construídas como uma arma de dissuasão, a arma de último recurso do Estado branco do apartheid. Mas quando de Klerk se tornou presidente, reconheceu que Mandela ia ser libertado e o Estado do apartheid branco estava a seguir o caminho dos dinossauros. E essas armas nucleares não podiam, na sua opinião, cair nas mãos dos nacionalistas negros.”

Mas a probabilidade dos israelitas aceitarem um estado palestiniano e destruírem o seu programa nuclear será, convenhamos, muito remota.