No fim-de-semana passado, o monólogo que Neil Oliver interpreta consistentemente na GB News veio envolvido num tom mais desesperado do que é costume. Não é de estranhar: as coisas estão cada vez a correr pior para quem ama a verdade e a liberdade. Para quem procura manter a sua dignidade, a sua cidadania, a sua voz.
As pessoas estão cansadas de tudo o que está a acontecer e ensurdecem intencionalmente. E é por isso que compram o que quer que seja que nos estão a vender agora: as “virtudes” da guerra, o medo da pandemia, a necessidade dos programas Net Zero e tudo o que essa loucura exige, e que as pessoas não desejam, mas que, exaustas, permitem.
Mas que espécie de Sapiens permite aquilo que a razão e o instinto lhe diz para rejeitar? Quem somos nós, afinal? E o que é enfim a Civilização Ocidental?
O único objectivo do sistema actual parece ser a criação e a procura de dinheiro. E a melhor maneira de ganhar dinheiro é fazer a guerra, fazer a guerra sem outras considerações, como quem é que a vai ganhar, se alguém a vai ganhar, quem é que é preciso sacrificar e quantas vidas se vão perder, desde que, em última análise, a consequência de cada guerra seja outra guerra.
Prevê-se que, muito em breve, o orçamento total do Pentágono atinja um trilião de dólares por ano. A economia dos EUA, que continua a ser a maior do mundo, depende assim da guerra e da venda de armas de guerra, o que significa que o governo federal procura por todos os meios guerrear algures ou em todo o lado só para equilibrar as contas, ou pelo menos propagar a fantasia de que esses saldos podem ser equilibrados. É demonstrável que os fabricantes de armas vendem os seus produtos a qualquer pessoa capaz de pagar por eles, independentemente do uso que lhes pretendem dar, independentemente do facto das populações civis serem os alvos preferenciais dessa usura.
Um relatório de 2022 do Quincy Institute revelou que das 46 guerras activas no mundo nesse ano, 34 envolveram uma ou mais partes armadas pelos Estados Unidos. Por vezes as empresas de armamento dos EUA estavam a fornecer ambos os lados da contenda. A intervenção da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos no Iémen, que decorre desde 2014, já matou 400.000 pessoas e a guerra na Ucrânia, que já ultrapassou o saldo de meio milhão de mortos, rendeu centenas de biliões para os fabricantes de armas. O negócio prospera. Mas a guerra na Ucrânia é uma notícia de ontem, comparada com o conflito no Médio Oriente
Será que estamos satisfeitos com este estado de coisas à medida que o século XXI avança? Será que é só isto e mais disto, misturado com a conversa espúria sobre progresso, inclusão, tolerância, diversidade e o resto? Será que estamos contentes por a guerra e a morte sem fim serem os pré-requisitos para o crescimento económico?
O desconcertante nevoeiro de falácias, omissões e propaganda que circulam por aí, narrativas implacavelmente promovidas pelos governos investidos na necessidade económica da guerra eterna, está a ganhar intensidade a cada dia que passa. E resulta. E é por isso que a aldrabice é cada vez mais tentadora. Nascida da desilusão e da exaustão, a passividade das massas leva à linear e cega escolha de um lado e ao aplauso da destruição do outro. É certamente mais simples assim, sem exigir um esforço de consciência, do que falar de paz e muito menos defender a paz, que é a posição mais controversa que se pode adoptar, nos infernais tempos que correm.
A generalidade das pessoas no Ocidente foram criadas e educadas para acreditar que o genocídio é errado e antitético e que dizer isso em voz alta não deveria ser controverso. Mas as coisas mudaram quando logo no princípio deste século nos foi vendida uma guerra contra o terrorismo que afinal não era contra o terrorismo. Que afinal era uma guerra feita apenas pela necessidade de fazer a guerra. E que serviu só para criar mais terroristas. E daí para cá o contexto só piorou, para chegarmos hoje ao ponto em que ambos os lados do conflito entre Israel e o Hamas têm uma coisa em comum: a crença de que cada um deve continuar a matar o outro até o o outro ser completamente exterminado. E é isso que estamos agora a escolher: um lado que quer matar o outro até que o outro seja eliminado da superfície da Terra. É um conceito que não parece lá muito progressivo.
Como a frase sobre o amor ao dinheiro ser a raiz de todo o mal, disseram-nos há muito tempo que a primeira vítima da guerra é a verdade, mas parece que também não nos estamos a lembrar disso. Talvez devêssemos prestar atenção à outra guerra – a que se trava para determinar quem controla a criação e o fornecimento de informação – mas a exaustão espiritual e física leva-nos a simplesmente escolher um lado e ver todas as questões a preto e branco, sem qualquer graduação de cinzentos pelo meio. Esse é o mesmo cansaço que nos cega para quanto e com que frequência nos mentem.
Sabemos que nos mentiram sobre a pandemia e sobre as justificações para a desastrosa resposta oficial, os confinamentos e as vacinas. Sabemos que nos mentiram sobre a guerra na Ucrânia: disseram-nos que não tinha nada a ver com a expansão da NATO mas agora o chefe da NATO, Yence Stenberg admite que foi precisamente por causa disso.
Mark Twain escreveu:
“Não é o que não sabemos que nos mata; é o que sabemos de certeza que não é por isso que morremos.”
O maior perigo na guerra da informação é acreditar em mentiras, acreditar nelas com convicção absoluta. Mas o que fazer se o outro lado ganhar a contenda e tudo o que tivermos para entender a realidade forem mentiras? A guerra eterna é uma distração de tudo o resto que está a acontecer, tudo o que nos está a ser impingido lá fora, no nevoeiro dos factos que a imprensa corporativa não relata e das ficções que inventa. E um desses factos que está a passar despercebido é a proposta de alteração ao tratado da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Esse processo, vindo de uma organização que é maioritariamente financiada por Bill Gates, deveria aterrorizar-nos.
Tedros Ghebreyesus, o director-geral da OMS, disse recentemente que os receios levantados sobre o novo Tratado e as suas implicações para a soberania dos Estados-nação são notícias falsas, teorias da conspiração e exercícios de desinformação, enquanto procura invalidar os poderes nacionais, já que a perversa e mafiosa organização que lidera terá capacidade legal para impor confinamentos e mandatos autoritários de toda a espécie.
As alterações ao tratado, que serão adoptadas de forma generalizada a menos que os governos se oponham activamente, e há muito poucos sinais de que isso aconteça, incluem medidas para contrariar essas “falsas narrativas” de todas as formas possíveis, o que implica, claro, máximas limitações à liberdade de expressão. A OMS quer eliminar do tratado o seu conceito não-vinculativo, tornando-o mandatório para fazer com que os estados-nação o aceitem sem reticências. Caberá à OMS decidir quando qualquer coisa representa uma ameaça para a saúde mundial e actuar em conformidade. O projecto chega ao ponto distópico de descrever a ameaça representada por uma “infodemia” – uma nova e arrepiante palavra que se refere à superabundância de informação que a OMS espera que os governos eliminem, mesmo que a informação seja verdadeira, se a sua presença no domínio público puder levar indivíduos a comportarem-se de uma forma que a OMS não aprova, por qualquer razão.
Na prossecução deste distópico objectivo, Tedros Ghebreyesus tem o apoio apoio de gigantes tecnológicos como a Google, claro, que estão a investir naquilo que descrevem como “inoculação contra pensamentos errados” (outra expressão arrepiante). A verdade terá assim que permanecer oculta para que, no caso da OMS declarar uma qualquer emergência sanitária, a organização tenha poderes para controlar basicamente tudo: desde os medicamentos que as pessoas devem tomar aos alimentos que devem ingerir, ao controlo de origem desses alimentos, tudo em nome da prevenção de pandemias.
O combate às alterações climáticas, segundo o projecto de alteração ao tratado da OMS, também pode ser declarado como um risco pandémico, atribuindo poderes à OMS para instruir os Estados a confinarem as suas populações, aumentar a vigilância sobre essas populações, determinar tratamentos, transferir para a OMS o controlo da distribuição de bens e produtos, ordenar às empresas que cedam à OMS a propriedade intelectual e os lucros sobre certos produtos e serviços, e aceitar todas as exigências sobre a redistribuição de tudo.
Vale a pena recordar que a gestão da pandemia Covid por parte da OMS foi absolutamente desastrosa (para não dizer outra coisa). E face a esse desastre, quem, no seu perfeito juízo, pensaria sequer em dar-lhes mais poder e influência na próxima pandemia?
Esta semana, o canal de media online Redacted lembrou-nos as palavras do presidente norte-americano Herbert Hoover que avisava que cada revolução colectivista vem montada no Cavalo de Troia da emergência; esta era a táctica de Lenine, Hitler e Mussolini no varrimento colectivista sobre uma dúzia de países menores da Europa, era o grito de homens que se esforçam por capitalizar o pânico que disseminavam em função de agendas totalitárias e tornou-se a justificação demagógica para os passos seguintes que incluíram alguns dos episódios mais negros da história da humanidade.
É neste denso e insustentável ambiente de exaustão e desilusão perante o crescendo totalitário que temos de defender o nosso direito à informação, o direito de determinar por nós próprios em quem confiamos e quando é que palavras como “desinformação” se tornam parte da forma como somos doutrinados por aqueles que reivindicam poderes absolutos sobre as nossas vidas. Os representantes eleitos abdicaram da sua responsabilidade jurada de falar livremente em nome dos eleitores e de ouvir respeitosamente aqueles que não têm a mesma opinião. Os cidadãos no ocidente vivem tempos terrivelmente perigosos, não apenas por causa das guerras falsamente travadas em seu nome mas porque perderam até o direito de falar sobre essas coisas e de discutir esses axiomas.
Como Neil Oliver, muitos de nós sabem que nos estão a mentir sobre uma coisa atrás da outra, da justificação para a guerra à realidade da economia, da carta de suicídio que é o programa Net Zero à ameaça ao direito de gastar o nosso próprio dinheiro sem a autorização do Estado. Em vez do livre comércio de ideias e do acesso à verdade dos factos, tudo o que nos é prometido é mais censura e repressão sobre a dissidência. David Rogers escreveu:
“Há monstros debaixo das escadas a comer pessoas vivas mas não olhamos para debaixo das escadas porque queremos continuar a usá-las”.
Eis a questão: somos assim tão que fracos que vamos aceitar docilmente mais e mais mentiras, mais e mais submissão, em vez de fazer perguntas e exigir respostas verdadeiras?
Nesse caso, há que perguntar outra vez: quem somos nós?
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