Os Estados Unidos estão a impedir Israel de exercer uma “vingança bíblica”, afirmou um antigo membro do Knesset.
Para dissuadir os seus inimigos, Israel deveria arrasar Gaza e expulsar todos os palestinianos para o Egipto, afirmou Moshe Feiglin, membro do partido Likud e antigo membro do Knesset, numa entrevista concedida na quarta-feira. A recente aparição televisiva de Feiglin, na qual apelou ao bombardeamento de Gaza nos mesmos termos em que a cidade alemã de Dresden foi aniquilada na Segunda Guerra Mundial, tornou-se viral nas redes sociais.
Em declarações à Israel News Network (INN), Feiglin lamentou que 18 dias passados sobre o ataque do Hamas,
“ainda não nos vingámos de uma forma bíblica… não reduzimos Gaza a cinzas imediatamente!”
Segundo Feiglin, o objectivo imediato de Israel deve ser
“destruir Gaza; acima do solo e nos túneis subterrâneos. Só depois enviar o exército”.
E acrescentou, entusiasmado:
“Assegurem-se de que todas as pessoas de Gaza estão a correr para Rafiah. Criem uma tremenda crise de humanitária. Arrasem toda a área, tal como fizeram em Gush Katif e em Yamit. Qualquer coisa menos do que isso, e seremos derrotados, e vamos ter as mesmas coisas de novo e de novo; até de uma forma pior.”
Gush Katif era um colonato israelita dentro de Gaza, destruído pelo governo de Ariel Sharon em 2005, no âmbito da retirada do território. Yamit era um colonato no Sinai, destruído depois do tratado de paz de 1982 ter devolvido o território ao Egipto.
Feiglin criticou a relutância do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em invadir Gaza, considerando que “destruiu Israel” e “destruiu qualquer tipo de medo” entre os muçulmanos de todo o mundo. Acusou ainda Netanyahu de transformar Israel numa “república das bananas” a mando dos EUA.
“O abraço americano é um abraço de urso. Eu respeito os americanos mas eles não deveriam estar aqui. Não devemos receber qualquer ajuda deles. Não consigo sequer começar a descrever o desastre que estamos a provocar em nós próprios, quando a única razão pela qual não reagimos nos últimos 19 dias é por causa dos americanos”.
De facto, este político sionista não parece ter medo de ninguém, nem de nada (nem mesmo do juízo final):
“Os americanos não estão a vir para cá porque gostam dos nossos belos olhos judeus. Eles têm os seus interesses e, no momento em que os seus interesses mudarem, já terão desaparecido há muito tempo e seremos privados da capacidade de nos protegermos”.
Uma outra recente entrevista de Feiglin tornou-se viral nas redes sociais. Em declarações ao Canal 14 de Israel, há duas semanas, exigiu a “incineração total” de Gaza, que deveria
“transformar-se numa Dresden, para que não reste pedra sobre pedra”.
Há 78 anos atrás, a 13 de Fevereiro de 1945, os aliados conduziram aquele que fica para a história como um dos mais mais infames bombardeamentos da II Guerra Mundial. Infame, porque a guerra estava já ganha. Infame, porque foram despejadas sobre Dresden cerca de 4.000 toneladas de bombas incendiárias. Infame porque morreram 25.000 civis numa noite apenas. Infame porque a razão para a chacina se deveu apenas à vontade de aniquilar a estrutura industrial alemã.
Feiglin é membro de longa data do Likud, que desafiou Netanyahu para a liderança do partido em 2013, ganhando 23% dos votos. Foi membro do Knesset por este partido entre 2013 e 2015, altura em que saiu para iniciar o seu próprio movimento, mas regressou ao partido em 2021. Durante o conflito de 2014 em Gaza, enviou a Netanyahu uma proposta pública de 7 pontos para deslocar todos os palestinianos do enclave, e voltou a fazê-lo em 2018.
É, de todo em todo, adepto de uma “solução final” para a Faixa de Gaza. E as suas palavras são um alerta que se escreve sozinho sobre as verdadeiras intenções dos sionistas.
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