Na quinta-feira à noite o velhinho demente que governa os destinos dos americanos fez um discurso à nação dedicado à resposta dos Estados Unidos aos ataques terroristas do Hamas contra Israel, bem como à situação na Ucrânia.

Perfeitamente coerente com o ensandecido registo que é a sua imagem de marca, Joe Biden intensificou a retórica de guerra e comparou a Rússia ao Hamas. Sim, é verdade. Para todos os efeitos, a administração americana está a tentar convencer o mundo que no Kremlin está instalado um regime eticamente equivalente a um bárbaro grupo de terroristas que metralha, decapita, viola e rebenta com civis inocentes.

Mas as falaciosas palavras de Joe Biden não acontecem só por demência. Acontecem também por cínica astúcia política. A Casa Branca está a ver se consegue entregar mais dinheiro à Ucrânia e ligar as duas frentes de guerra é uma forma de ultrapassar as objecções de congressistas que estão cépticos quanto ao acrescido financiamento do regime Zelensky, mas completamente empenhados em apoiar o regime Nethanyau.

 

 

Para fortalecer o seu débil e disparatado argumento, Biden enumerou uma série de acções que atribuiu à Rússia, incluindo:

“Valas comuns, corpos encontrados com sinais de tortura, violação usada como arma pelos russos e milhares e milhares de crianças ucranianas levadas à força para a Rússia, roubadas aos pais. É doentio.”

O decrépito e esquizofrénico cérebro do inquilino da Casa Branca ainda consegue produzir ficção. O problema é que a criatividade do presidente dos Estados Unidos da América pode conduzir a uma guerra total com a Rússia, porque esta retórica ultrajante e falaciosa traduz aparentemente uma vontade de levar Moscovo a perder a paciência. Reparem bem na infâmia destas afirmações:

“O ataque a Israel ecoa quase 20 meses de guerra, tragédia e brutalidade infligida ao povo da Ucrânia. O Hamas e Putin representam ameaças diferentes, mas têm isto em comum: ambos querem aniquilar completamente uma democracia vizinha – aniquilá-la completamente.”

Será necessário dissecar as mentiras que aqui são ditas? A Ucrânia é tudo menos uma democracia. O regime Zelensky foi colocado no poder pela CIA, depois de um golpe de estado que depôs um presidente pró-russo (esse sim, democraticamente eleito), e persegue cristãos, jornalistas, dissidentes e opositores políticos como se não houvesse amanhã. A Rússia reagiu ao progressivo e ilegítimo avanço da NATO sobre as suas áreas de influência histórica e geográfica com uma invasão militar convencional do leste da Ucrânia, que é étnica e culturalmente russo, e depois da ameaça, clara para todos os que estão atentos, de que o país aderisse à Aliança Atlântica. Uma guerra não é um acto terrorista, caso contrário os Estados Unidos seriam os recordistas mundiais de actos de terror. Como Putin já tentou por várias vezes explicar, a sua intenção não é sequer a de ocupar toda a Ucrânia, mas sim o leste do país, e na verdade os seus objectivos militares estão neste momento praticamente cumpridos. Isto apesar de Kiev ser o berço do Povo Rus, do qual os russos se consideram descendentes, e da Ucrânia ser uma nação muito recente, sem unidade étnica nem linguística (mesmo neste momento, a primeira língua do país é o russo), que deve a sua autonomia a uma decisão muito discutível de Nikita Khrushchev, Secretário-Geral do Partido Comunista Soviético entre 1958 e 1964. Foi portanto a União Soviética que criou, administrativamente, a Ucrânia.

Comparar o governo da Federação russa e a guerra na Ucrânia ao Hamas e aos actos bárbaros de 7 de Outubro é de tal forma perverso que abre precedentes para uma multitude de analogias maniqueístas que a partir de agora todos temos legitimidade para propor: que o avanço da NATO no leste da Europa se assemelha à expansão nazi na mesma zona do globo; que o recente acto do Hamas em Israel é comparável à invasão da Baía dos Porcos, do Iraque, do Afeganistão. Que a guerra na Ucrânia se assemelha ao conflito que os EUA desencadearam no Panamá, ou às guerras civis que promoveram no Chile e em El Salvador. Aberta a caixa de Pandora, isto nunca mais acaba. Os Estados Unidos serão um país terrorista desde que se enfiaram na guerra Filipo-Americana em 1899. Adiante.

Logo após o discurso de Joe Biden, o governo russo protestou, como era expectável. O porta-voz do Kremlin Dimitri Peskov afirmou:

“Esta retórica dificilmente é adequada a chefes de Estado responsáveis, e dificilmente será aceitável para nós; não aceitamos tal tom em relação à Federação Russa e ao nosso presidente”.

Ainda assim, foi uma resposta diplomática, porque o discurso patético e perigoso de Biden merecia porventura um reparo mais concludente.

Entretanto e para rematar a sua retórica tresloucada, o regime Biden realizou um teste nuclear no Nevada.

Joe Biden está aqui está a ser premiado com o Nobel da paz.