Elon Musk, patrão do X . Creative Commons . James Duncan Davidson

 

Eis mais um exemplo claro de como os “meios de comunicação social de referência” publicam notícias falsas, e partilham essas mentiras entre si, num obsceno exercício de manipulação destinado a cumprir agendas oligárquicas obscuras. Ou não tão obscuras como isso, embora sempre divorciadas dos factos.

Mas vamos por partes.

Como o Contra noticiou, numa “carta urgente” dirigida a Elon Musk na terça-feira, o Comissário para a Propaganda da UE, Thierry Breton, recordou as “obrigações muito precisas” estabelecidas nas leis de regulamentação da Internet da União, exigindo uma aplicação mais rigorosa por parte do X (antigo Twitter) e alegando que teria ocorrido na plataforma um dilúvio de informações falsas relacionadas com os combates em curso entre Israel e o Hamas.

“Após os ataques terroristas do Hamas contra Israel, temos indicações de que a sua plataforma está a ser usada para disseminar conteúdos ilegais e desinformação na UE”.

Embora Breton não tenha oferecido exemplos desses “conteúdos ilegais”, isso não o impediu de ameaçar Musk com “penalidades”, exigindo uma “resposta rápida, precisa e completa” no espaço de 24 horas.

Elon Musk respondeu com toda a calma, solicitando que Breton listasse as violações de que fala e argumentando que o X tem uma política de transparência e código aberto, pelo que a UE poderia facilmente divulgar quais os conteúdos ilegais em causa.

 

 

Acto contínuo, o Business Insider, ansioso por encharcar com gasolina o pequeno incêndio que o comissário pidesco tinha ateado, noticiou na quarta-feira que Musk estava a ponderar fechar a plataforma na Europa para contornar as exigências histéricas, os regulamentos pidescos e as “penalidades” dos censores da UE. Aquilo que já um dia foi um jornal de negócios, e que hoje é uma mera fábrica de baixa propaganda, citava uma anónima “pessoa familiarizada com a empresa”.

Nesta muito vaga categoria, podemos incluir milhões de pessoas.

 

 

Elon Musk foi rápido a contrariar a impostura e conciso a classificar, muito justamente, o infame labor do Business Insider.

 

 

Mas como a mentira é endémica na imprensa corporativa, logo a Reuters, que é por definição um dos principais motores de disseminação de falsidades do planeta, replicou a a aldrabice, que começou a ser publicada por toda a parte e divulgada nas redes sociais, criando algum pânico nos utilizadores europeus e precipitada satisfação nos centros do poder oligárquico norte-americano e europeu.

 

 

E o Expresso, claro, não foi excepção, comprovando a lógica corrupta, preguiçosa e ideologicamente manietada que reina na sua depravada, adolescente, activista e amadora redacção:

 

 

A Lei dos Serviços Digitais da União (DSA) Europeia foi introduzida em Agosto e exige que as plataformas online, como o X, disponham de sistemas transparentes de moderação e de remoção de “conteúdos ilegais”, como o “discurso de ódio”ou a “desinformação”, e que reduzam outros “riscos sociais”.

A Lei complementa o superlativamente orwelliano “Freedom of Information Act” no sentido de tentar obliterar a liberdade de discurso e de informação no bloco europeu, até porque termos como “discurso de ódio” e “desinformação” são de interpretação completamente subjectiva, que permitem aos burocratas não eleitos de Bruxelas perseguir indiscriminadamente os utilizadores que recusam as narrativas da Comissão Europeia e as plataformas que lhes são inconvenientes. Nos tempos que correm, não há plataforma mais inconveniente que o Twitter/X.

É verdade que, a verificar-se que o X não cumpriu o DSA, a UE pode impor sanções severas, incluindo multar a empresa até 6% do seu volume de negócios anual global e proibi-la de operar no mercado único da UE. Mas Musk pode tentar negociar compromissos ou recorrer aos tribunais. Não é líquido que o patrão do X desista da Europa como quem muda de ideias sobre o restaurante onde vai jantar. Afinal, o espaço europeu inclui 450 milhões de potenciais utilizadores. Quase tantos como aqueles que constituem o mercado norte-americano.

Nesse sentido, devemos inquirir sobre as motivações do Business Insider, e da Reuters e do Expresso e dos quejandos todos que rapidamente assumiram a narrativa. Porque se há quem minta inadvertidamente, dificilmente não descortinamos aqui uma agenda: a de retirar às massas a liberdade de expressão e o acesso a informação independente.

Ninguém sabe como esta tensão entre a STASI de Bruxelas e o magnata norte-americano vai evoluir, mas uma coisa é certa: todos sabemos bem, ou bem deveríamos saber, que a imprensa corporativa mente.

Com quantos dentes tem.