Anthony Blinken, o Secretário de Estado das Comparações absurdas.

 

O ataque do Hamas a Israel “é o equivalente a dez 11 de Setembro”, afirmou, mentindo objectivamente com quantos dentes tem, o secretário de Estado norte-americano.

Durante uma conferência de imprensa em Israel, na quinta-feira, Antony Blinken proferiu esta barbaridade:

“No que diz respeito ao 11 de Setembro, se olharmos para isto em relação à dimensão da população de Israel, isto é o equivalente a dez 11 de Setembro. É essa a dimensão e o carácter devastador deste ataque”.

 

Jonathan Greenblatt, da ADL,uma organização sionista sediada nos EUA, não só sugeriu que o ataque do Hamas a Israel era pior do que o 11 de Setembro, como considerou que a circunstância era comparável ao bombardeamento de Nagasaki pelos EUA.

O bárbaro ataque do Hamas (ninguém discute isso) terá causado cerca de 1.200 mortos, ao passo que cerca de 3.000 pessoas foram chacinadas a 11 de Setembro de 2001 e cerca de 60.000 a 80.000 civis foram pulverizados pelo bombardeamento de Nagasaki (sem contar com os que morreram posteriormente, vítimas dos efeitos colaterais da radiação e dos ferimentos resultantes da explosão nuclear).

Esta analogia só funciona se acreditarmos que as vidas dos judeus são mais valiosas do que as dos não judeus.

Na quinta-feira, Blinken também comparou o ataque do Hamas com o Holocausto, numa tentativa de promover a guerra. Calcula-se que os nazis exterminaram cerca de 6 milhões de judeus.

 

 

Anthony Blinken gosta de comparar coisas incomparáveis. Em Agosto o infeliz Secretário de Estado americano disse que a ameaça de aniquilação nuclear não é mais séria do que o “aquecimento global”, conseguindo numa só frase desvalorizar o conflito apocalítico para o qual o regime Biden nos está a arrastar e exponenciar a fraude da emergência climática.

Se seguirmos a lógica distorcida do chefe da diplomacia dos EUA, também podemos afirmar que a implacável campanha de bombardeamento de Israel em Gaza (que já matou para cima de 1500 pessoas numa população de 2 milhões) será equivalente a cinquenta 11 de Setembro. Mas é claro que ninguém no governo americano vai fazer tais comparações. Uma coisa é matar judeus, outra coisa é matar palestinianos, que pesam muito menos na balança moral do Washington.

 

 

A analogia imbecil do 11 de Setembro só está a ser usada para angariar apoio para que Israel desencadeie uma guerra total em Gaza. As mentiras propagadas pelos media de que “o Hamas decapitou 40 bebés”, “o Hamas cometeu violações em massa”, “o Hamas é o ISIS”, “o Hamas fez outro Holocausto” e “o Hamas fez dez 11 de Setembro” são pura propaganda destinada a dar cobertura a Israel para cometer genocídio em Gaza.

 

 

E se queremos utilizar a morte de neonatos e crianças para fazer política, o que não é de todo aconselhável, não faltam fotografias gráficas de bebés palestinianos que foram mutilados e mortos com bombas israelitas, em muitos casos pagas pelos contribuintes americanos.

Antony Blinken, Benjamin Netanyahu, Ben Shapiro e a imprensa corporativa não as vão mostrar, claro, e o Contra também não, mas por razões inversas: porque esta publicação respeita princípios éticos – e logo, estéticos – que interditam a utilização do sofrimento humano como instrumento retórico e alavanca gráfica.

 

 

O ex-primeiro-ministro israelita Naftali Bennett ficou furioso ontem quando um único repórter teve a audácia de lhe perguntar como é que ele pode justificar o corte de energia aos hospitais e o corte do suporte de vida aos bebés em incubadoras em Gaza, e tudo o que foi capaz de fazer foi gritar:

“Estamos a lutar contra os nazis! Não vou dar eletricidade ou água aos meus inimigos!”

 

A propaganda fundamentada em atrocidades tem sentido único. As crianças de Gaza são “nazis” e “animais humanos” e as suas vidas valem, muito simplesmente, menos.