Quando duas globalistas-elitistas-feministas de máxima presunção se juntam, temos que nos preparar para um festival de porcaria a ser projectada por uma ventoinha demónica. Foi o que aconteceu numa entrevista que a insuportável Hillary Clinton concedeu à insuportável Christiane Amanpour na quinta-feira passada.

A dado passo, Hillary Clinton disse isto:

“Talvez seja necessário fazer uma desprogramação formal dos membros do culto [MAGA]”.

Esta linha de pensamento, característica de todas as filosofias totalitárias que podemos encontrar na história universal da infâmia, deverá ser submetida à especulação: como seriam “desprogramados” os cidadãos americanos que votaram ou vão votar em Donald Trump? Em campos de re-educação de inspiração maoista? Em campos de trabalho no deserto do Novo México? Ou, talvez, depois de entregues a Trudeau, em gulags gelados, nos territórios inóspitos do nordeste do Canadá?

Dados os exemplos históricos de desprogramação de largos segmentos demográficos de países amantes da democracia como a União Soviética, a Alemanha nazi ou a China comunista, somos forçados pela afirmação de Hillary Clinton a um contraponto, que não sendo de todo recomendável, é pertinente: será que os neo-liberais é que precisam de ser preventivamente “desprogramados” da sua maniqueísta arrogância, na medida em que conduz historicamente a resultados apocalípticos?

 

 

Os republicanos podem ter os seus problemas de liderança, mas os democratas têm, ainda e sempre, Hillary Clinton. Ela não ocupa nenhum cargo, mas a ex-primeira-dama, ex-senadora, ex-Secretária de Estado e eterna candidata presidencial faz a sua corte na CNN, onde lembra a milhões de americanos porque é que eles são atrasados mentais que têm que ser submetidos a lobotomias mediáticas (por enquanto).

Clinton ainda insiste em ver o outro lado como “deplorável”.

Os não-democratas sabem que, apesar de todas as tentativas desta senhora-bruxa para estabelecer uma distinção entre os apoiantes de Trump e os republicanos “sãos”, ela e os seus confrades têm pouca consideração por todos os que não partilham da sua filosofia progressista.

Em 2008, Barack Obama caracterizou os eleitores de uma pequena cidade da Pensilvânia que “se agarram às armas ou à religião” como “amargos” e que nutrem “antipatia por pessoas que não são como eles, ou um sentimento anti-imigração, ou um sentimento anti-comércio, como forma de explicar as suas frustrações”.

Obama era um charlatão suficientemente charmoso para se safar. Clinton não é – e a Pensilvânia fez questão de lhe comunicar o facto , em 2016.

Nada mudou desde que, em 1993, o The Washington Post caricaturou os cristãos conservadores como “em grande parte pobres, sem educação e fáceis de comandar”. Um ano mais tarde, esses eleitores acabaram com quatro décadas de domínio democrata na Câmara dos Representantes dos EUA.

O interesse próprio, se nada mais, deveria dar aos progressistas uma referência sobre como levar a sério as crenças e as preocupações das pessoas que deles discordam.

Bill Clinton foi presidente em 1994, iniciou o processo da globalização que levou 18 anos depois à humilhação eleitoral da sua mulher. Mas ela não aprendeu a lição. Os “amargos” viram em primeira mão o que estava a acontecer nas suas cidades com o exôdo das indústrias, o correspondente desemprego e a chegada de um número crescente de imigrantes, que baixou os salários daqueles que conseguiram manter a sua actividade profissional.

Também sabiam o que estava a acontecer à sua cultura, à medida que a confiança nas instituições se evaporava. A sua dor era um aviso da epidemia de opiáceos que estava para vir.

Tempos houve em que os liberais se viam como campeões do homem comum. Agora são fanáticos dos grandes conglomerados económicos, apparatchiks das elites e dos poderes instituídos, traidores de classe que ficam ainda por cima chocados quando os trabalhadores encontram um novo lar no populismo.

Nem por um segundo Hillary Clinton é capaz de se perguntar como pode reconquistar os eleitores que perdeu. Prefere demonizá-los, rejeitando qualquer alternativa ao ponto de vista das elites neo-liberais. Se os seus adversários são sub-humanos membros de um culto ou um “cesto de deploráveis”, não tem de os levar a sério, nem às suas ideias. Tudo o que eles precisam é de reeducação. Como Estaline fez com os milhões de “elementos indesejáveis” que dificultavam o caminho para a sua utopia.

E não se pode confiar nos cultistas para escolherem as suas próprias fontes de notícias, certo? É preciso que percebam que tudo o que não provenha dos meios de comunicação controlados pelas elites de Washington é “desinformação” e é urgente mantê-los afastados de todo o tipo de jornalismo independente.

Como sempre acontece com os democratas, as suas acusações resultam de projecção, porque qualquer pessoa que saiba alguma coisa sobre cultos reconheceria que as tentativas dos neo-liberais para gerir e controlar o fluxo de informação e limitar as suas fontes são, de facto, típicas do que acontece nas verdadeiras seitas idólatras.

Hillary Clinton, olha-te ao espelho.

Se Clinton e Obama, ou, já agora, a CNN e o Washington Post, estão tão preocupados com o aumento do extremismo na política americana, deviam parar para examinar a sua própria maneira de pensar sobre os seus concidadãos americanos. Não têm de concordar com os “deploráveis”, nem sequer gostar deles. Mas deviam debater os seus pontos de vista e permitir que as suas próprias ideias fossem debatidas, e teriam de reconhecer as boas razões pelas quais o populismo é uma realidade política, de substantivo significado eleitoral, nos Estados Unidos.

Lamentavelmente, a coisa chegou ao ponto em que essa possibilidade é mais que remota. E Clinton poderá ainda viver o suficiente para ver o seu desejo realizado. Ou, ao contrário, acontecer-lhe algo parecido com aquilo que sucedeu a uma certa Maria Antonieta.