“Nestes dez anos de ‘pontificado’ vimos Bergoglio fazer tudo o que nunca se esperaria de um Papa, e vice-versa, tudo o que um heresiarca ou um apóstata faria.”
Arcebispo Carlo Maria Viganò
Desde o início do actual pontificado de Francisco, em 2013, que muitos perceberam que algo estava terrivelmente errado. Aliás, a suspeita de que a Igreja Católica estava a passar por um processo tenebroso rebentou logo que soubemos que o Papa Bento XVI tinha abdicado da cadeira de Pedro – apenas o segundo papa a fazê-lo em dois mil anos.
Bento, aquando da sua elevação ao papado em 2005, pediu aos fiéis:
“rezem por mim para que eu não fuja com medo dos lobos”.
Aparentemente, não rezámos o suficiente, porque oito anos depois, Bento fugiria de facto, e tudo indica, por “medo dos lobos”.
O ContraCultura tem frequentemente denunciado as abominações discursivas, comportamentais, teológicas e políticas (sim, porque Bergoglio é, acima de tudo, um político) do Papa Francisco (na gíria do Contra: o Anti-Papa). Mas ninguém como o arcebispo Carlo Maria Viganò compreende – e explica – o carácter satânico do pontificado do herético argentino, espécie de agente do globalismo woke calçado com as sandálias do pescador; um radical pseudo-ambientalista, para-comunista e pró-elitista, determinado em acabar com os fundamentos da Igreja e da fé católicas.
Acontece que Viganò, o padre mais corajoso e lúcido dos sombrios tempos que correm, consagrado bispo e depois arcebispo por João Paulo II, nomeado Núncio Apostólico nos EUA por Bento XVI, e que já por várias vezes se mostrou extremamente crítico de Francisco, endereçou esta semana uma mensagem em vídeo à Conferência da Identidade Católica, que foi prontamente censurado pela organização do evento, e que desmonta, num discurso que só pode ser qualificado com superlativos, o abominável trajecto do actual Papa.
Para além do vídeo, o Contra faz uma tradução livre do discurso para português (os negritos são da responsabilidade deste editor). Recomendamos vivamente a sua leitura.
UMA APOSTASIA SEM PRECEDENTES
Permitam-me que cumprimente e agradeça aos organizadores da Conferência da Identidade Católica e a todos os participantes. Num momento de grande confusão, é importante esclarecer o que está a acontecer, mesmo comparando posições diferentes. É por isso que estou grato ao meu amigo Michael Matt por me ter dado a oportunidade de partilhar convosco algumas reflexões.
Nesta intervenção não tentarei dar respostas, mas colocar uma questão inadiável, para que nós, os Bispos, o clero e os fiéis, possamos olhar com clareza para a gravíssima apostasia que se apresenta como um facto completamente inédito, que não pode ser resolvido, na minha opinião, recorrendo às nossas habituais categorias de juízo e de acção.
AS EVIDÊNCIAS DO “PROBLEMA BERGOGLIO”
A proliferação de declarações e comportamentos completamente alheios ao que se espera de um Papa – e, de facto, em contraste com a Fé e a Moral de que o Papado é guardião – levou muitos fiéis e um número cada vez maior de Bispos a constatarem algo que, até há algum tempo, parecia inaudito: o Trono de Pedro é ocupado por uma pessoa que abusa do seu poder, usando-o para fins opostos àqueles para os quais Nosso Senhor o instituiu.
Alguns dizem que Jorge Mario Bergoglio é manifestamente herético em questões doutrinais, outros que é tirânico em questões de governo, outros ainda consideram a sua eleição inválida devido às múltiplas anomalias da demissão de Bento XVI e da eleição daquele que o substituiu. Estas opiniões – mais ou menos apoiadas em provas ou fruto de especulações nem sempre partilháveis – confirmam, no entanto, uma realidade que é hoje incontestável. E é esta realidade, a meu ver, que constitui um ponto de partida comum para tentar remediar a presença desconcertante e escandalosa de um Papa que se apresenta com ostensiva arrogância como inimicus Ecclesiæ, e que age e fala como tal.
Um inimigo que, precisamente porque ocupa o Trono de Pedro e abusa da autoridade papal, é capaz de infligir um golpe terrível e desastroso, como nenhum inimigo externo em toda a história da Igreja jamais foi capaz de causar.
Nunca os piores perseguidores dos cristãos, os mais ferozes adeptos das lojas maçónicas e os heresiarcas mais desenfreados conseguiram, em tão pouco tempo e com tanta eficácia, devastar a vinha do Senhor, escandalizar os fiéis, desgostar os ministros, desacreditar a sua autoridade e a autoridade perante o mundo, demolir o Magistério, a Fé, a Moral, a Liturgia e a disciplina.
Inimicus Ecclesiæ, não só em relação aos membros do Corpo Místico – que ele despreza, ridiculariza (não cessa de lhe lançar epítetos venenosos), persegue e golpeia; mas também em relação à Cabeça do Corpo Místico, Jesus Cristo: cuja autoridade é exercida por Bergoglio não mais de forma vicária, o que seria, portanto, em coerência necessária e obrigatória com o Depositum Fidei, mas sim de forma auto-referencial e, portanto, tirânica.
A autoridade do Romano Pontífice deriva, de facto, da Autoridade Suprema de Cristo, da qual participa, sempre dentro dos limites e do âmbito dos objectivos que o Divino Fundador estabeleceu de uma vez por todas, e que nenhum poder humano pode alterar.
A evidência da alienação de Bergoglio em relação ao cargo que ocupa é certamente um facto doloroso e muito grave; mas a tomada de consciência desta realidade é a premissa indispensável para remediar uma situação insustentável e desastrosa.
AGERE SEQUITUR ESSE
Nestes dez anos de “pontificado”, vimos Bergoglio fazer tudo o que nunca se esperaria de um Papa e, vice-versa, tudo o que faria um heresiarca ou um apóstata. Houve ocasiões em que estas acções pareceram manifestamente provocatórias, como se, com as suas declarações ou certos actos de governo, ele quisesse deliberadamente suscitar a indignação do corpo eclesial e incitar os padres e os fiéis a reagir, dando-lhes o pretexto para os declarar cismáticos. Mas esta estratégia típica do pior jesuitismo está agora a ser posta a descoberto, porque toda a operação foi conduzida com demasiada arrogância e em domínios em que nem mesmo os católicos moderados estão dispostos a comprometer-se.
Os escândalos sexuais do clero e, em particular, a resposta da Santa Sé ao flagelo da corrupção moral de cardeais e bispos, mostraram uma vergonhosa disparidade de tratamento entre aqueles que pertencem ao chamado “círculo mágico” de Bergoglio e aqueles que ele considera adversários. O caso recente de Marko Rupnik é a prova de quem exerce o poder como um déspota, legibus solutus, que se considera livre de agir sem ter de prestar contas de nenhum dos seus actos. Acontece frequentemente que as consequências das decisões tomadas pessoalmente pelo argentino são depois transmitidas aos seus subordinados, que se vêem acusados e desacreditados por escolhas que não são suas. Estou a pensar no caso do edifício londrino em que estiveram envolvidos funcionários da Secretaria de Estado, enquanto o contrato de venda ostenta o augusto quirógrafo. Penso no vergonhoso tratamento do caso Rupnik, que, para além de ter reabilitado um criminoso responsável por crimes horrendos, em desprezo pelas numerosas vítimas, desacreditou também o antigo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ladaria.
Estou a pensar no caso McCarrick, que, com a farsa de um processo administrativo secreto, foi resolvido à pressa, sem qualquer indemnização às vítimas, e declarado transitado em julgado.
E a lista continua. É evidente que os infelizes que, de boa ou má vontade, colaboram com Bergoglio se vêem atirados ao mar assim que a imprensa descobre os escândalos do Vaticano. Muitos notam este cínico comportamento utilitário, que os leva a recusar nomeações e promoções, precisamente para não se verem no incómodo papel de bode expiatório.
DERRUBAR O MURO DO SILÊNCIO
O silêncio do episcopado perante o disparate bergogliano confirma que o autoritarismo auto-referencial do jesuíta Bergoglio encontrou uma obediência servil em quase todos os bispos, aterrorizados com a ideia de serem objeto da retaliação do vingativo e despótico sátrapa de Santa Marta.
Alguns bispos diocesanos começam a não tolerar mais a sua acção devastadora, que mina a autoridade e a autoridade de toda a Igreja. O bispo Joseph Strickland, por exemplo, reiterou de forma louvável verdades doutrinais imutáveis que o Sínodo sobre a sinodalidade, nos próximos meses, se prepara para demolir. E o Cardeal Gerard Ludwig Müller recordou, com razão, que o Senhor não deu ao Papa o poder de “intimidar” os bons bispos.
Algo, portanto, começa a mudar: os alinhamentos estão a tomar forma, e vemos, por um lado, a “igreja sinodal” de Bergoglio – que ele emblematicamente chama de “nossa igreja” – e, por outro lado, o que resta da Igreja Católica, em relação à qual ele não deixa de reiterar a sua absoluta estranheza.
O SANATIO IN RADICE DAS IRREGULARIDADES NO CONCLAVE DE 2013
Dom Athanasius Schneider sustenta que quaisquer irregularidades que possam ter ocorrido no Conclave de 2013 foram, de qualquer forma, sanadas radicalmente pelo facto de Jorge Mario Bergoglio ter sido reconhecido como Papa pelos Cardeais Eleitores, pelo Episcopado e pela maioria dos fieis. O argumento é que, independentemente dos acontecimentos que possam ter levado à eleição de um papa – com ou sem interferência externa – a Igreja, na prática, estabelece um limite de tempo além do qual não é possível contestar uma eleição se o pessoa eleita é aceite pelo povo cristão. Mas esta tese é posta em causa por precedentes históricos.
Em 1378, após a eleição do Papa Urbano VI, a maioria dos Cardeais, Prelados e do povo reconheceram Clemente VII como papa, embora ele fosse na realidade um anti-papa. Treze dos dezasseis cardeais questionaram a validade da eleição do Papa Urbano devido à ameaça de violência do povo romano contra o Sagrado Colégio, e mesmo os poucos que apoiavam Urbano retiraram imediatamente a sua eleição, convocando um novo Conclave em Fond,i que elegeu o anti-papa Clemente VII. Até São Vicente Ferrer estava convencido de que Clemente era o verdadeiro papa, enquanto Santa Catarina de Sena ficou do lado de Urbano. Se o consenso universal fosse um argumento indefectivelmente válido para a legitimidade de um papa, Clemente teria tido o direito de ser considerado o verdadeiro papa, e não Urbano. O anti-papa Clemente foi derrotado pelo exército de Urbano VI na batalha de Marino em 1379 e transferiu a sua Sé para Avinhão, levando ao Cisma Ocidental, que durou trinta e nove anos. Vemos assim que o argumento da aceitação universal não resiste ao teste da história.
VIA TUTIOR DO BISPO SCHNEIDER
Dom Athanasius Schneider recorda-nos que a via tutior, ou caminho mais seguro, consiste em não obedecer a um Papa herético, sem necessariamente ter que considerá-lo ipso facto caído do seu cargo como separado da Igreja e, portanto, já não capaz de estar à sua frente, como acredita São Roberto Belarmino.
Mas mesmo esta solução – que pelo menos reconhece que Bergoglio é um herege – não me parece decisiva, pois a obediência que os fiéis lhe podem negar é apenas marginal em comparação com todos os actos de governo e de magistério que ele realizou e continua a realizar sem que seus súbditos possam fazer nada a esse respeito.
É claro que se pode organizar a celebração clandestina da Missa Católica, mas o que pode fazer um padre ou um leigo quando um grupo subversivo de Bispos manobrado por Bergoglio se prepara para introduzir mudanças doutrinárias inaceitáveis através do Sínodo sobre a Sinodalidade?
E o que podem fazer quando nas suas paróquias uma diaconisa abençoa o “casamento” de dois sodomitas?
Certamente que desobedecer às ordens ilegítimas de um superior herético ou apóstata é um dever sub gravi, visto que a obediência a Deus vem antes da obediência aos homens, e porque a virtude da obediência está hierarquicamente subordinada à virtude teológica da Fé. Mas o dano resultante no corpo eclesial não é evitado por uma acção de simples resistência: a raiz da questão deve ser resolvida.
O DEFEITO DO CONSENTIMENTO NA ASSUMPÇÃO DO PAPADO.
Assim, tendo em conta que Bergoglio é um herege – e Amoris Lætitia ou a sua declaração da imoralidade intrínseca da pena capital seriam suficientes para o provar – devemos perguntar-nos se as eleições de 2013 foram de alguma forma invalidadas pela falta de consentimento; isto é, se o eleito quisesse tornar-se Papa da Igreja Católica ou melhor, chefe do que ele chama de “nossa igreja sinodal” – que nada tem a ver com a Igreja de Cristo precisamente porque é algo diferente dela.
Na minha opinião, esta falta de consentimento também pode ser vista no comportamento de Bergoglio, que é ostensiva e consistentemente anticatólico e heterogéneo no que diz respeito à própria essência do Papado.
Não há acção deste homem que não tenha abertamente ares de ruptura com a prática e o Magistério da Igreja, e a isso se somam as posições assumidas que são tudo menos inclusivas para com os fiéis que não pretendem aceitar inovações arbitrárias, ou pior, heresias completas.
A questão fundamental depende da compreensão do plano subversivo da Igreja profunda, que, utilizando os métodos denunciados na época por São Pio X em relação aos Modernistas, se organizou para dar um golpe de Estado dentro da Igreja e trazer o profeta do Anticristo ao trono de Pedro.
A mens rea a infiltrar-se na hierarquia e a ascender nas suas fileiras é evidente, assim como é evidente que os planos da facção ultra-progressista não podiam parar em Bento XVI, que consideravam demasiado conservador, e que odiavam acima de tudo, porque se atreveu a promulgar o Motu Proprio Summorum Pontificum.
E assim Bento XVI foi pressionado a renunciar, e imediatamente estava pronto o desconhecido Arcebispo de Buenos Aires.
A 11 de outubro de 2013, numa conferência na Universidade Villanova, o então cardeal McCarrick, amigo de longa data de Bergoglio, revelou que a eleição de Bergoglio foi fortemente desejada por um “cavalheiro italiano muito influente”, um emissário do estado profundo da igreja: quem trabalha na Cúria sabe bem quem é chamado de “o cavalheiro” e quais são as suas ligações com o poder de ambos os lados do Tibre [o Vaticano e o Governo italiano], e também conhece as suas tendências embaraçosas que explicam as estreitas conexões com o lobby homossexual do Vaticano. É também significativo que McCarrick tenha dito estar convencido de que Bergoglio iria “mudar o Papado dentro de quatro anos”, confirmando a intenção maliciosa de interferir na instituição divina e irreformável da Igreja.
Ver Bergoglio participar num evento patrocinado pela Fundação Clinton, depois de outros endossos não menos escandalosos da elite globalista, confirma o seu papel como liquidante da falência da Igreja, com o propósito de substituir a constituição da Religião da Humanidade, que servirá como serva da sinarquia da Nova Ordem Mundial.
O ecumenismo, a ecologia, o vacinismo, o imigracionismo, a ideologia LGBTQ+ e de género, e outras instâncias da religião globalista são apropriadas por Bergoglio, não só através de uma acção de apoio ostensivo e orgulhoso aos proponentes da Agenda 2030, mas também através da sistemática demolição de tudo o que se lhe opõe no Magistério, e a perseguição implacável daqueles que expressam perplexidades, mesmo que prudentes.
Então: Bergoglio é um herege e abertamente hostil à Igreja de Cristo. Para cumprir a tarefa que lhe foi atribuída pela Igreja profunda, ocultou as suas posições mais extremas, de modo a encontrar um número suficiente de votos no Conclave. Para garantir a obediência total, aqueles que traçaram o plano garantiram que ele pudesse ser amplamente chantageado, como sempre acontece. E uma vez eleito, Bergoglio pôde mostrar-se como é e iniciar a demolição da Igreja e do Papado.
Mas será possível que um papa destrua o papado que ele próprio encarna e representa? É possível que um papa destrua a Igreja que o Senhor lhe confiou para defender? E ainda: se a participação de um cardeal no Conclave tem a intenção de ser maliciosa, se ele pretende um acto subversivo contra a Igreja, se o objectivo é cometer um crime, então mesmo que os procedimentos e normas da eleição sejam aparentemente respeitados, não há sem dúvida um mens rea. E esta intenção criminosa emerge da astúcia com que os cardeais que foram cúmplices da conspiração colaboraram para enganar os cardeais que votaram de boa fé. Pergunto-me então: não estaremos na presença de um defeito de consentimento que afecta a validade da eleição? Sem dizer que a própria co-presença de um papa renunciante e de um papa reinante já é em si um elemento que nos leva a acreditar que eles tinham uma falsa concepção da essência do papado, considerada como um papel que pode ser partilhado com outros. Não esqueçamos que a distinção entre munus e ministerium é arbitrária e que não pode haver um Papa que se dedique ao “ministério da oração” e outro que governe. Cristo é um; a Igreja é uma só; e só há um Sucessor de Pedro: um corpo com duas cabeças é um monstro repugnante à natureza mesmo antes da constituição divina da Igreja.
POSSÍVEIS OBJECÇÕES
Alguns poderão objectar: Mas mesmo que Bergoglio tenha agido com malícia, ainda assim aceitou o que os Cardeais lhe ofereceram; a sua eleição como Bispo de Roma e, portanto, como Romano Pontífice. E assim ele assumiu o cargo e deve ser considerado o Papa. Acredito, em vez disso, que a sua aceitação do papado é inválida, porque ele considera o papado algo diferente do que é, como um cônjuge que se casa na igreja, mas exclui da sua intenção os propósitos específicos do casamento, tornando assim o casamento nulo e sem efeito, precisamente devido à sua falta de consentimento. Não só isso: que conspirador que age maliciosamente para ascender a um cargo seria tão ingénuo ao ponto de explicar àqueles que devem elegê-lo que pretende tornar-se Papa para cumprir as ordens dos inimigos de Deus e da Igreja ? Bom dia. Sou Jorge Mario Bergoglio e pretendo ser eleito Papa para destruir a Igreja. Vai votar em mim? A mens rea reside precisamente no uso do engano, da dissimulação, da mentira, na ilegitimação de oponentes irritantes e na eliminação de oponentes perigosos. E a prova de que Bergoglio pretendia levar a cabo o plano criminoso da elite globalista está bem diante dos nossos olhos: todos os objectivos desejados dos emails de John Podesta, braço direito de Hillary Clinton, foram ou estão a ser executados, desde o adopção da igualdade de género como premissa do sacerdócio feminino para a inclusão LGBTQ+, da aceitação da teoria de género à participação na Agenda 2030 sobre as alterações climáticas, da condenação do “proselitismo” à exaltação da imigração como método de substituição étnica . E ao mesmo tempo há o afastamento e a condenação da outra Igreja, a “pré-conciliar”, composta por pessoas rígidas e intolerantes, a começar por Nosso Senhor, como escreveu, de forma blasfema, Antonio Spadaro. E com a cultura do cancelamento aplicada à Fé e à Moral, há também a eliminação da Missa que pertence intrinsecamente àquela Igreja, que Bergoglio considera estar em conflito com a “nova eclesiologia”, a ponto de proibi-la por ser incompatível com a “igreja sinodal”.
E assim aqui estou eu, jogando a proverbial pedra no charco. Gostaria que levássemos a sério, muito a sério, a possibilidade de Bergoglio ter pretendido obter a eleição por meios fraudulentos, e de ter pretendido abusar da autoridade do Romano Pontífice para fazer exactamente o oposto daquilo que Jesus Cristo deu em mandato a São Pedro e aos seus sucessores: confirmar os fiéis na fé católica, alimentando e governando o rebanho do Senhor, pregando o Evangelho às nações. Todos os actos do governo e do magistério de Bergoglio – desde a sua primeira aparição na Loggia do Vaticano, quando se apresentou com o seu perturbador “Boa noite”, desenrolaram-se numa direcção diametralmente oposta ao mandato petrino: ele adulterou e continua a adulterar o Depositum Fidei, criou confusão e enganou os fiéis, dispersou o rebanho, declarou que considera a evangelização dos povos “um solene disparate” e abusa sistematicamente do poder das Santas Chaves para libertar o que não pode ser solto e prender o que não pode ser amarrado.
Esta situação é humanamente irremediável, porque as forças em jogo são imensas e porque a corrupção da Autoridade não pode ser curada por aqueles que a ela estão sujeitos. Devemos notar que a metástase deste “pontificado” tem origem no cancro conciliar, naquele Vaticano II que criou as bases ideológicas, doutrinais e disciplinares que inevitavelmente conduziram a este ponto. Mas quantos dos meus irmãos, que também reconhecem a gravidade da crise actual, têm a capacidade de reconhecer este nexo causal entre Bergoglio e as consequências extremas da revolução conciliar?
CONCLUSÃO
Se esta passio Ecclesiae é um prelúdio ao fim dos tempos, é nosso dever preparar-nos espiritualmente para momentos de grande tribulação e de verdadeira perseguição. Mas será precisamente refazendo a Via Dolorosa da Cruz que o corpo eclesial poderá purificar-se da imundície que o desfigura e merecer a ajuda sobrenatural que a Providência reserva à Igreja nos momentos de provação: onde abunda o pecado, a graça prospera mais.
Finalmente, permitam-me recordar-vos que a Associação Exsurge Domine que fundei tem como objectivo dar ajuda espiritual e material aos sacerdotes e irmãos e irmãs religiosos que são perseguidos pela Igreja Bergogliana por causa da sua fidelidade à Tradição. Se desejar fazer uma doação para a realização dos nossos projectos, poderá fazê-lo no site da Associação – www.exsurgedomine.org – ou enviando uma mensagem de texto: Text 502027 para 1-855-575-7888 (para EUA e Canadá).
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