Já todos sabemos que a matemática é racista. Mas o Departamento de Educação do estado do Oregon (ODE) foi um bocadinho mais longe: se eu matar a cabeça para descobrir o resultado certo da equação de primeiro grau, x = 5 + 3, sou um supremacista branco. Para não ser um supremacista branco, tenho que chegar a uma conclusão imediata (porque o simples esforço de pensar já é problemático) de que x = 9. Se, mesmo que inadvertidamente, apenas por uma questão de sorte, chegar à conclusão que x = 8, já vou cair na lista negra da xenofobia. No mínimo.

Num boletim informativo publicado em 2021, o ODE anunciou um “Micro-Curso para a Equidade em Matemática”, que fornece aos professores do ensino secundário um conjunto de ferramentas para “desmantelar o racismo na matemática”. O sítio Web deste programa identifica-o como uma parceria entre o Gabinete de Educação do Condado de San Mateo, na Califórnia e o Education Trust-West, entre outras organizações.

Parte do conjunto de ferramentas inclui uma lista de formas como a “cultura da supremacia branca” alegadamente se “infiltra nas salas de aula de matemática”. Estas incluem “o enfoque na obtenção da resposta correcta” ou os alunos serem “obrigados a mostrar o seu trabalho”.

No documento podemos ler que:

“O conceito de que a matemática é puramente objectiva é inequivocamente falso. Defender a ideia de que há sempre respostas certas e erradas perpetua a objectividade e o medo do conflito aberto.”

O ODE, liderado por Colt Gill, confirmou o carácter oficial da newsletter à Fox News. O director de comunicações da ODE, Marc Siegel, também defendeu o programa educacional, dizendo que

“Ajuda os educadores a aprender ferramentas essenciais para desenvolverem estratégias que melhoram os resultados equitativos para alunos negros e latinos.”

Um livro de exercícios, “Dismantling Racism” (Desmantelamento do Racismo), associado ao conjunto de ferramentas, identifica de forma semelhante a “objetcividade” – descrita como “a crença de que existe algo como ser objectivo ou neutro” – como uma característica da supremacia branca.

Em vez de se concentrar numa única resposta correcta, o manual incentiva os professores a “apresentar pelo menos duas respostas que possam resolver este problema”.

Portanto, x pode ser 8, ou 16, em x = 5 + 3.

O referido manual acrescenta:

“Desafie as perguntas dos testes padronizados obtendo a resposta ‘certa’, mas justifique outras respostas desvendando as suposições que são feitas no problema.”

O documento também encoraja os professores a centrarem-se na “etnomatemática”, que inclui uma variedade de directrizes. Uma delas aconselha os educadores a

“identificar e desafiar as formas como a matemática é utilizada para defender pontos de vista capitalistas, imperialistas e racistas”.

O boletim é produto de um movimento mais amplo sobre a teoria crítica da raça e as sessões de formação sobre diversidade em entidades governamentais. Em 2020, por exemplo, os meios de comunicação social ficaram em polvorosa com a publicação de um gráfico controverso sobre a “brancura” (“Whitness”) no Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana.

 

 

O gráfico do museu qualificava o trabalho árduo ou a família nuclear como legados brancos (logo, racistas) e dividia os “aspectos e pressupostos da brancura” em categorias como “individualismo robusto” e “história”. Na categoria “orientação para o futuro”, o gráfico listava a “gratificação adiada” e o planeamento para o futuro como ideias difundidas pela cultura branca, portanto prejudiciais à justiça social.

A formação promovida pelo Departamento de Educação de Oregon faz referência a um livro de exercícios de 2016 intitulado “Dismantling Racism”. Numa secção desse manual, lemos:

“Não afirmamos ter ‘descoberto’ ou ‘possuir’ as ideias deste manual, tal como Colombo não pode afirmar ter descoberto ou possuído a América. A estrutura para a desconstrução do racismo na matemática oferece características essenciais de educadores matemáticos anti-racistas e abordagens críticas para desmantelar a supremacia branca nas salas de aula de matemática, visualizando as características tóxicas da cultura da supremacia branca”.

Numa outra secção de “Dismantling Racism”, argumenta-se que

“só os brancos podem ser racistas na nossa sociedade, porque só os brancos, enquanto grupo, têm esse poder”.

Outra secção parece justificar os sentimentos anti-polícia.

“Nalguns casos, os preconceitos das pessoas oprimidas (‘não se pode confiar na polícia’) são necessários para a sobrevivência”.

Este manual em particular parece também adoptar um tom decididamente anti-capitalista.

“Não podemos desmantelar o racismo num sistema que explora as pessoas para obter lucros privados. Se queremos desmantelar o racismo, temos de construir um movimento pela justiça económica”.

Um dos gráficos inclui manifestantes a exigir impostos sobre as empresas. São também apresentadas citações de Howard Zinn, um autodenominado socialista, e do revolucionário marxista Che Guevara, embora as citações sejam mais sobre activismo do que sobre economia.

O kit de ferramentas acrescenta que

“com base na estrutura, os professores envolvem-se numa praxis crítica para mudar as suas crenças e práticas de ensino para uma educação matemática antirracista. Ao centrarmo-nos no anti-racismo, damos o exemplo de como ser responsáveis educadores anti-racistas”.

O advogado M.E. Hart, que promove este tipo conteúdos de formação, disse ao The Washington Post que o programa ajudou as pessoas a cumprir

“a promessa desta nação – ‘Consideramos estas verdades evidentes, que todos os homens são criados iguais'”.

Partir das afirmações da Declaração da Independência americana para a destruição da exactidão matemática é um raciocínio, digamos, alucinado.

E este paternalismo abjecto, que implica que negros ou latinos não conseguem chegar a resultados certos em matemática, é de um racismo superlativo.

Sim, é uma verdade evidente que todos os homens são criados iguais. O que já não é assim tão evidente é que tenham todos que ser educados para viverem ignorantes.