A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, insinuou, estranhamente, que a Rússia, é de alguma forma responsável pela bomba atómica que os Estados Unidos lançaram sobre a cidade japonesa de Hiroshima em 1945, no epílogo da Segunda Guerra Mundial.

Na quinta-feira, a alta funcionária da UE foi convidada para um evento organizado pelo grupo de reflexão pró-NATO Atlantic Council, onde apresentou o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida e o descreveu como “um aliado e um amigo”.

Grande parte do discurso de von der Leyen foi dedicado a condenar a Rússia pelo conflito na Ucrânia, bem como a elogiar o Japão por se juntar à campanha liderada pelos EUA para punir Moscovo.

A Presidente do Conselho da União Europeia, recordou a sua visita a Hiroshima para uma reunião dos líderes do G7, no início deste ano:

“Muitos dos vossos familiares perderam a vida quando a bomba atómica arrasou Hiroshima. Cresceram com as histórias dos sobreviventes e quiseram que nós ouvíssemos as mesmas histórias para enfrentar o passado e aprender algo sobre o futuro”.

A senhora qualificou essa visita como uma experiência “preocupante”, especialmente no contexto de um período

“em que a Rússia ameaça voltar a utilizar armas nucleares”.

Os EUA bombardearam Hiroshima dois dias antes da URSS declarar guerra ao Japão Imperial, no acto final da Segunda Guerra Mundial. Washington lançou uma bomba nuclear sobre Nagasaki pouco depois, e as duas operações continuam a ser os únicos casos na história em que foram utilizadas armas nucleares numa guerra.

Von der Leyen não fez qualquer referência aos EUA no seu discurso, seguindo um padrão aparente de cobertura do papel de Washington nos bombardeamentos nucleares do Japão. Kishida fez o mesmo quando foi anfitrião da cimeira do G7.

O primeiro-ministro japonês foi um dos vários homenageados com o Prémio Cidadão Global do Conselho do Atlântico este ano. Os outros foram o Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, o Chanceler alemão, Olaf Scholz, e a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen. Para cúmulo fantasista, o Conselho do Atlântico descreveu o evento como um “tributo ao altruísmo e à cooperação face a uma agressão autocrática”.

A Rússia considera que o conflito na Ucrânia faz parte de uma guerra por procuração do Ocidente que está a ser travada contra si. A doutrina militar de Moscovo reserva o seu arsenal nuclear para situações em que a existência do país esteja ameaçada. Em Junho, o Presidente Vladimir Putin afirmou que o conflito na Ucrânia não estava perto desse limiar.