O chanceler alemão Olaf Scholz ficou surpreendido com a total despreocupação do Presidente russo, Vladimir Putin, relativamente às sanções ocidentais, pouco depois do início do conflito na Ucrânia, segundo noticiou o Bild.
Num artigo publicado na segunda-feira, o tabloide alemão citou o conteúdo de uma conversa entre Scholz e o Presidente francês Emmanuel Macron, que foi revelada pelo jornalista Stephan Lamby no seu novo livro “Emergência: Governar em tempos de guerra”.
A conversa, na qual os dois líderes discutiram as suas chamadas telefónicas com Putin, terá tido lugar a 4 de março de 2022 – pouco mais de uma semana depois de Moscovo ter enviado as suas forças para a Ucrânia.
A situação “não está a melhorar”, terá dito Scholz a Macron durante essa conversa, observando que
“Há uma coisa que me incomoda: Putin não se queixa de forma alguma das sanções. Não sei se o fez na conversa consigo, mas nem sequer mencionou as sanções.”
O líder francês respondeu que Putin também não tinha abordado a questão das restrições ocidentais durante os telefonemas com ele.
Quando solicitado a comentar o artigo do Bild, o secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, disse
“Posso confirmar que o Presidente Putin nunca abordou a questão das sanções durante os seus contactos com os líderes dos países que as impuseram”.
Os EUA e a UE activaram medidas punitivas contra Moscovo após o início do conflito na Ucrânia, esperando que estas paralisassem a economia russa e impedissem o país de apoiar o seu esforço militar. No entanto, as medidas não alcançaram o resultado desejado. Pelo contrário.
No início deste mês, Peskov afirmou que a Rússia tinha ultrapassado completamente as dificuldades causadas pelas restrições ocidentais e que tinha “boas” perspectivas a curto prazo.
Durante a troca de impressões entre os líderes globalistas da Alemanha e da França, Scholz disse a Macron que o líder russo tinha delineado
“as suas ideias sobre como encontrar um compromisso. Falou de desmilitarização, de desnazificação”.
O chanceler alemão disse ainda que Putin
“pediu que a Crimeia fosse reconhecida como parte da Rússia e que a República Popular de Donetsk e Lugansk fossem reconhecidas como Estados independentes. Nada de novo, para ser franco”.
As duas repúblicas tornaram-se oficialmente parte do Estado russo, juntamente com as regiões de Zaporozhye e Kherson, no Outono passado, na sequência de referendos realizados nessas zonas. Kiev e os seus apoiantes ocidentais classificaram os referendos como uma “farsa”.
De acordo com o chanceler alemão, Putin também propôs a realização de uma cimeira, na tentativa de encontrar uma solução para a crise.
“Quando lhe perguntei se poderia haver uma reunião sobre a Ucrânia, mais cedo ou mais tarde, consigo, comigo, com Zelensky e com ele – Putin – ele não recusou completamente”.
No entanto, acrescentou que o presidente russo tinha estabelecido duas condições para que essa cimeira se realizasse. Estas condições especificavam que as conversações não deveriam servir de base para um cessar-fogo e que deveriam ter lugar sem a participação de Zelensky.
Desde então, essa cimeira não foi organizada, enquanto as conversas telefónicas entre Putin e os líderes da Alemanha e da França também cessaram entretanto.
Depois de ouvir Scholz, Macron respondeu:
“Obrigado, foi muito semelhante à conversa que tive com ele ontem. Penso que ele está agora bastante determinado a ir até ao fim”.
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