Há certos atletas que, pela simples expressão do seu talento, transformam a modalidade em que competem. Alcaraz é um animal dessa classe: a partir de agora, não há nada que seja impossível fazer num court de ténis.

Não há lance que esteja em definitivo decidido, não há passing shot surrealista que não possa ser executado, não há lob desesperado que não acabe por cair dentro das linhas, não há amorti, por mais que desafie as leis da física, que deixe de sair na perfeição. O espanhol inventou um jogo novo, de possibilidades ilimitadas, que deixa toda a gente (inclusivamente os adversários) completamente siderada. Carlitos faz do ténis profissional uma espécie de circo, onde nenhuma bola se perde e todas se transformam em oportunidades para um winner.

É impossível não gostar de ténis quando vemos este miúdo bater a bola. E não é de todo por acaso que é o jogador mais jovem na história a chegar ao número 1 do mundo.

Em Wimbledon, que conquistou este ano, uma entretida (ou sobrenatural) síntese dos seus melhores momentos:

 

 

E agora no US Open, título que levou para casa no ano passado, está já nos quartos de final depois de bater Matteo Arnaldi como quem vai ali e já volta.

 

 

Só há neste momento um adversário capaz de lhe fazer frente: Djokovic, que provavelmente encontrará na final do torneio de Nova York. Depois de ter perdido o título em Wimbledon precisamente contra Carlitos, o sérvio ajustou contas em Cincinatti, num jogo que é já considerado por muitos como a melhor final de torneios fora do Grand Slam na história do ATP (atenção que este clip vale mesmo a pena).

 

 

Aos 36 anos, Djokovic ainda dá muita luta, de facto. Mas, dada a veterania de um e a juventude do outro, o futuro abre-se para que Alcaraz faça história e some recordes. A não ser que algo de anormal aconteça neste mundo onde as coisas anormais estão a ganhar o hábito de acontecer frequentemente.