Num discurso eloquente e algo inflamado que proferiu em Budapeste, Tucker Carlson apelou ao despedimento do embaixador dos Estados Unidos na Hungria, David Pressman, afirmando que o diplomata prejudicou os interesses dos americanos ao tentar impor no país uma agenda LGBTQ, em vez de construir relações mais fortes com a histórica nação europeia.
Falando num evento no início da semana passada em Budapeste, Carlson disse que se via obrigado a pedir desculpa pelo tratamento dado à Hungria pela administração Biden, aparentemente por se tratar de um país cristão que não está interessado na agenda neo-liberal de Washington.
“O mundo está a realinhar-se a alta velocidade e a virar-se contra os Estados Unidos, mas a administração Biden está a gastar o seu tempo a perseguir um dos nossos últimos aliados sinceros na Europa, a Hungria, pelo crime de ser demasiado cristã”.
Carlson afirmou que os funcionários do regime Biden odeiam a Hungria, tal como odeiam a Rússia, por defender valores cristãos e tradicionalistas.
“Eles odeiam a Hungria, e odeiam-na não por causa do que fez, mas por causa do que é. É um país cristão, e eles odeiam isso. Isso é suficiente para incitar os nossos decisores políticos nos Estados Unidos. Aliás, é exactamente por isso que odeiam a Rússia”.
The world is realigning at high speed, and turning against the United States. But the Biden Administration is spending its time harassing one of our last sincere allies in Europe, Hungary, for the crime of being too Christian. Watch.
(Tucker’s Speech in Budapest) pic.twitter.com/yppDft6YIi
— Tucker Carlson (@TuckerCarlson) August 26, 2023
Pressman, um advogado nascido na Califórnia que trabalhou anteriormente como assessor da então Secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright, tem criticado o governo do Primeiro-Ministro Viktor Orban pelas políticas que restringem a promoção de estilos de vida LGBTQ. Carlson argumentou que Pressman trabalha em nome de interesses especiais, e não do povo americano.
“Um cretino como David Pressma, que aparece no vosso país para vos dar lições sobre a vossa cultura – e ameaçar-vos porque fazem as coisas de forma diferente do país onde ele vive – prejudica os Estados Unidos e é um grande embaraço para mim como americano e um ultraje para alguém como eu que paga o seu salário. É nojento. Sinto-me envergonhado por partilhar o país natal com um vilão como este. É horrível”.
Num discurso de meia-hora, proferido sem teleponto nem cábulas, Tucker apelou aos húngaros que tenham paciência porque os EUA estão num caminho político insustentável, que terá necessariamente que conhecer um fim.
“Não se pode gerir um império global com base na imposição de uma política sexual a países que não a querem. A maior parte das pessoas não quer isso. E se o propósito do teu império é vender algo que ninguém quer, não vais continuar a fazer negócio por muito tempo. (…) Eu amo o meu país, mas as pessoas que o dirigem neste momento são perigosas e insanas.”
O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, repreendeu Pressman em Fevereiro por alegadamente se ter intrometido nos assuntos internos de Budapeste. O embaixador dos EUA acusou os dirigentes húngaros de promoverem políticas apoiadas pelo Presidente russo Vladimir Putin. Szijjarto declarou que a era dos enviados estrangeiros que dizem aos húngaros como devem viver tinha acabado. E daí a ênfase de Tucker:
Não é da competência do governo dos Estados Unidos interferir nas vossas crenças. Não é da nossa competência assaltar e destruir a vossa cultura.”
Carlson comparou o comportamento de Pressman aos mandatos da União Soviética, dizendo que a administração Biden estava envolvida “exactamente no mesmo tipo de tirania”.
“[Os Húngaros] não querem que uma super-potência diga como devem viver porque isso é o oposto de democracia. É tirania. Os soviéticos queriam que vocês venerassem Lenine. O Departamento de Estado quer que vocês venerem travestis. Não é assim tão diferente. É uma potência estrangeira a impor a sua estranha religião e isso é errado”.
Mais à frente, Tucker referiu que os principais meios de comunicação social dos EUA mentem constantemente sobre a guerra na Ucrânia, ao ponto da maioria dos americanos acreditar que Kiev está a ganhar o conflito:
“É embaraçoso ser natural de um país onde se mente tanto e onde se acredita tanto nessas mentiras.”
O popular apresentador do programa de notícias por cabo mais com maior audiência na história da televisão atrai agora, depois de ter sido demitido pela Fox News, uma audiência ainda maior no seu canal no X (anteriormente conhecido como Twitter). Eis o seu discurso, que vale a pena apreciar na íntegra.
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