Sodoma e Gomorra foram cidades totalmente destruídas pelo “fogo do céu”. É o que diz a Bíblia. E agora temos evidências arqueológicas que comprovam esse relato.
O relato bíblico da devastação de Sodoma e Gomorra é célebre e aterrador. As duas cidades-estado ficaram no imaginário judaico-cristão como centros de degeneração, pecado e imoralidade (Nem Abraão, por muito que tentasse, conseguiu encontrar em Gomorra um homem justo), mas também como exemplo do horror e da devastação que podem cair repentinamente sobre a civilização.
Sodoma e Gomorra têm também sido usadas historicamente e no discurso moderno como metáforas da homossexualidade, e estão na origem das palavras inglesas sodomita, um termo pejorativo para homossexuais masculinos, e sodomia, que é usado em um contexto legal sob o rótulo de “crimes contra a natureza” para descrever sexo anal ou oral (particularmente homossexual) e bestialidade.
Segundo a Bíblia, por causa da maldade que prevalecia em Sodoma, Deus condenou-a a uma devastação intensa, poupando apenas Ló e a sua família. Génesis 19:24-25:
Então o Senhor fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra; e subverteu aquelas cidades, e toda a planície, e todos os moradores das cidades, e o que crescia na terra.
Deus destruiu as cidades e transformou a mulher de Ló em sal, depois dela, contrariando o que lhe tida sido aconselhado, se ter virado para trás para um último olhar sobre a cidade. A Bíblia associa o sal à devastação total; por exemplo, depois de Siquém ter sido dominada, espalhou-se sal por toda a cidade (Juízes 9:45).
No entanto, o relato bíblico, que tem sido nos últimos séculos considerado como uma metáfora literária e encostado à categoria mítica, parece ter fundamentos na realidade histórica. Na verdade, uma equipa de investigadores, liderados por Steven Collins, professor de Estudos Bíblicos da Universidade de Trinity, no Novo México, descobriram em 2015 provas arqueológicas de uma ocorrência catastrófica claramente comparável à que é explicada no livro do Génesis, numa área geográfica e num contexto urbano compagináveis com as referências bíblicas: Tall el-Hammam uma região da Jordânia fronteiriça com Israel.
As descobertas e conclusões da equipa do professor Steven Collins têm sido apoiadas por estudos posteriores de outros investigadores como James Kennett, professor emérito de Ciências da Terra na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara.
De acordo com a Bíblia, a zona do Mar Morto foi outrora a residência de uma civilização florescente – que se plasmava nas cidades-estado de Sodoma e Gomorra. O Génesis 13:10 descreve a região como um
Jardim do Senhor (…) bem irrigado em toda a parte.
Evidências geológicas revelam que de facto esta já foi uma zona fértil e as escavações arqueológicas revelaram uma civilização próspera nesta área – até ter chegado a um fim abrupto e desconcertante há cerca de 3.700 anos. Este é o mesmo período de tempo em que a Bíblia coloca a devastação de “fogo e enxofre”. Nos séculos que se seguiram a este apocalipse, a região permaneceu de facto sem vida e não cultivável. Até hoje, é inteiramente salgada e estéril. Apropriadamente, a região é em grande parte ocupada pelo Mar Morto, o lago salino activo mais profundo do mundo, 10 vezes mais salgado do que os oceanos.
Tall el-Hammam é assim apontada como a candidata mais credível ao relato bíblico. As escavações ali efectuadas revelaram uma devastação total e o fim instantâneo da civilização, datando aproximadamente de 1700 a.C.
Outros indícios de destruição violenta foram descobertos em escavações feitas noutros 5 locais vizinhos, e demonstrados por levantamentos no terreno em 120 outras povoações de menor dimensão na área.
Descobriu-se que as estruturas de tijolos de barro desapareceram de repente, deixando apenas estruturas de pedra queimadas. Os tijolos revelaram indícios de incineração. Os esqueletos estavam mutilados. Verificou-se que peças de cerâmica de barro se tinham fundido em vidro. Após análise, os arqueólogos descobriram que os cristais de zircão na cerâmica se formaram no espaço de um segundo, resultado de um sobreaquecimento a níveis de temperatura possivelmente tão quentes como a superfície do sol. Uma “onda gigante” de sal quente a ferver tinha de facto varrido a terra. Havia provas arqueológicas de que grãos minerais tinham sido efectivamente derramados, trazidos por ventos sufocantes e de grande intensidade. Cinzas e partículas, com vários metros de espessura, foram deixadas por uma extensão incrível de mais de 300 quilómetros quadrados – uma cena de carnificina total que é literalmente de proporções bíblicas. A população local aproximada de 40.000 a 65.000 homens e mulheres teria sido exterminada instantaneamente por esta ocorrência invulgar.
É claro que podemos discutir se tal devastação espantosa foi desencadeada por uma ocorrência natural ou por um fenómeno divino, mas o que não é discutível é o impacto. E essa catástrofe – na área, no tempo e na descrição – corresponde exactamente à ocorrência bíblica.
Nos versículos 19:26-28 do Genesis lemos:
Mas a mulher de Ló olhou para trás, quando seguia atrás dele, e transformou-se numa estátua de sal. Naquela manhã, Abraão levantou-se cedo e correu para o lugar onde estivera na presença do Senhor. Olhou para a planície em direcção a Sodoma e Gomorra e viu colunas de fumo a saírem das cidades como fumo de uma fornalha.
Dado que grande parte do local foi coberto de sal a ferver durante o incêndio, não é inesperado que a mulher de Ló fosse cristalizada numa coluna de sal sobreaquecida, ao deixar a sua cidade natal. E, certamente, os danos teriam produzido nuvens ondulantes de fumo visíveis a centenas de quilómetros de distância – tal como Abraão testemunhou.
As descobertas em Tall el-Hammam e nos locais circundantes confirmam exactamente essa ocorrência. Uma tempestade de fogo incinerou instantaneamente não só as cidades de Sodoma e Gomorra, mas todas as “outras cidades e vilas da planície”, carbonizando-as com níveis de temperatura possivelmente comparáveis à superfície do sol”. Toda a vida vegetal foi eliminada, e os vestígios arqueológicos revelam que a terra permaneceu incultivável e inóspita durante os 500 anos seguintes. Ainda hoje, a área continua associada à morte e à desolação.
Corroborando os achados arqueológicos de 2015, uma peça de argila conhecida como “planisfério”, descoberta por Henry Layard em meados do século XIX, foi analisada em 2008 pelos pesquisadores Alan Bond, da empresa Reaction Engines e Mark Hempsell, da Universidade de Bristol, que descobriram que a placa foi escrita por um astrónomo sumério e que o seu relato datava da noite do dia 29 de junho de 1523 a.C. Os pesquisadores afirmam que metade da placa contém informações sobre posições planetárias e fenómenos atmosféricos e a outra metade diz respeito à observação de um asteroide com dimensões maiores que um quilómetro. Segundo Mark Hempsell, com base no tamanho e rota descritos, há a possibilidade desse asteroide ter se chocado contra os Alpes austríacos na região de Köfels. Não houve cratera que pudesse ali evidenciar o impacto, já que depois de ter embatido nas montanhas, o objecto continuou em movimento suspenso, perto do solo, deixando um rastro de destruição causado pela sua onda supersónica. O projéctil transformou-se numa bola de fogo com temperaturas próximas dos 400°C, devastado aproximadamente uma área de 1 milhão de quilómetros quadrados até se ter despenhado precisamente na região do médio oriente onde se localiza Tall el-Hammam. Um artigo publicado na Science News em 2018 identificou um evento de explosão aérea semelhante a Tunguska, perto do Mar Morto por volta do ano 1 700 a.C.. Os investigadores determinaram que o choque dessa explosão sobre Tall el-Hammam foi suficiente para arrasar a cidade, destruindo o palácio e as paredes circundantes e estruturas de tijolos de barro há 3.650 anos.
Das Pragas do Egipto ao Dilúvio, de episódios e personagens retratados nos evangelhos ao Big Bang, a Bíblia tem-se mostrado mais factual do que muitos gostam de pensar e o Contra voltará a este assunto. Até porque muitos dos relatos e das mensagens presentes nas escrituras da tradição judaico-cristã são também encontrados em textos religiosos, literários ou históricos de outras regiões do planeta. E acreditar em coincidências nessa escala de similaridades é, afinal, um exercício de fé como qualquer outro.
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