No dia do debate das primárias do partido republicano, transmitido em exclusivo pela Fox News, Donald Trump, que lidera as sondagens por números astronómicos, preferiu evitar ser atacado pelos RINOS e os Never Trumpers e os rivais mais significativos do GOP, como Ron DeSantis, e deixá-los destruírem-se mutuamente. Em contrapartida, apresentou-se ao eleitorado, numa operação que vai resultar em audiências muitíssimo superiores (250 milhões de visualizações no Twitter, na altura que escrevo estas linhas), exactamente à mesma hora desse debate, através de uma entrevista bem mais simpática com o amigo Tucker Carlson, onde lhe foi permitido desenvolver o seu discurso eleitoral sem grandes perturbações.
Num exercício de egocentrismo fanfarrão muito a seu gosto, Trump anunciou antecipadamente que não ia comparecer no debate:
TODOS OS AMERICANOS têm estado a clamar por um Presidente de inteligência extremamente elevada. Como toda a gente sabe, os meus números nas sondagens, num campo “maravilhoso” de candidatos republicanos, são extraordinários. De facto, estou à frente do segundo classificado, seja ele quem for, por mais de 50 pontos. As pessoas conhecem a minha folha de serviço, uma das melhores de sempre, por isso, por que razão haveria eu de debater? EU SOU O VOSSO HOMEM. FAÇAM A AMÉRICA GRANDE OUTRA VEZ!”
Durante a entrevista, que foi, no mínimo, entretida, Tucker Carlson começou por observar que os inimigos de Trump têm tentado de tudo para o derrubar, sem sucesso por enquanto, e que por isso talvez a única opção que lhes reste seja assassiná-lo. Assim, tal e qual:
“A destituição não resultou, por duas vezes, obviamente; quando fizeram uma rusga a Mar a Lago em Agosto do ano passado, os seus números subiram. Podem acusá-lo 20 vezes, e não vai perder as primárias republicanas por causa disso”.
Trump respondeu:
“Bem, isso faz com que pareça ainda mais ridículo. Quero dizer, as quatro acusações e talvez haja mais, não sei. Estas pessoas são loucas”.
Carlson observou então:
“Mas é contraproducente. Quero dizer, se fizermos um mapa, é uma escalada. Portanto, o que se segue depois de tentarem pô-lo na prisão para o resto da sua vida e isso não estar a resultar.? Então não têm que o matar? Está preocupado com a possibilidade de o tentarem matar?
O ex-presidente, já de si vernacular, estava nitidamente a ser provocado para dar uma resposta como esta:
“São animais selvagens. São pessoas doentes, muito doentes. Já vi até onde é que eles vão”.
WATCH 🚨
Tucker Carlson to President Donald Trump:
“Impeachment didn’t work twice obviously. Indictment is not working; your poll numbers go up. They can indict you 20 times and you’re not going to lose the Republican Primary.”
“What’s next? Don’t they have to kill you now?” pic.twitter.com/BqfPzeyR2i
— Alexander Sheppard 🇺🇸 (@NotAlexSheppard) August 24, 2023
Noutro segmento estrambólico da conversa, Carlson perguntou a Trump o que pensava sobre o que realmente aconteceu a Jeffrey Epstein, com o entrevistador a afirmar peremptoriamente que o príncipe dos pedófilos foi assassinado e o entrevistado a colocar sobre a conversa uns trapinhos de água tépida. O facto de Trump se ver obrigado por várias vezes a ser o adulto na sala diz bem da predisposição galhofeira de Tucker.
Trump on Bill Barr and the death of Jeffery Epstein: pic.twitter.com/TwiBxazlBs
— ForAmerica (@ForAmerica) August 24, 2023
Mais adiante, o incontestável favorito da corrida ao bilhete presidencial republicano faz uma imitação da actual vice-presidente do regime Biden, a célebre intelectual Kamala Harris, que vai ficar para os anais da sátira política:
Trump: “Ela fala por rimas, é estranho.
Tucker (rindo): “Por rimas?”
Trump: “Bem, a maneira como ela fala é estranha: ‘Este autocarro vai aqui e depois este autocarro vai ali porque é isso que os autocarros fazem.'”
Uma definição de meme.
Donald Trump to Tucker on Kamala Harris: “She speaks in rhyme. It’s weird… Well, the way she talks: ‘The bus will go here and then the bus will go there! Because that’s what busses do!’”
So good 🤣🤣🤣
— Benny Johnson (@bennyjohnson) August 24, 2023
Trump teve espaço e tempo para seguir o seu guião de sempre. Sobre o facto das acusações de que é alvo terem feito as sondagens inclinarem-se a seu favor, foi hábil:
“Acho que as pessoas deste país não recebem crédito suficiente pelo quão inteligentes são… mas elas percebem… As pessoas vêem a fraude”.
Sobre Biden, nada disse que não fosse expectável (e assertivo, já agora):
“O corrupto Joe Biden é tão mau que é o pior presidente da história do nosso país. Acho que ele não vai conseguir chegar ao ao fim da campanha, mas nunca se sabe. Esta gente faz milagres, quer dizer, ele fugiu para a sua cave e safou-se por causa da Covid e fizeram batota nas eleições… Eles têm pessoas muito inteligentes, mas são fascistas e lunáticos da esquerda radical e estão a destruir o nosso país.”
“Acho que ele é pior mentalmente do que fisicamente… E não é exactamente um atleta. Parece que anda sobre palitos. Não consegue caminhar na areia”.
“É o presidente mais corrupto que já tivemos e o mais incompetente.”
Sobre as ligações de Biden à China:
“Acredito mesmo que ele está comprometido. Os chineses têm tanto sobre ele. Ele é, em muitos aspectos, o Candidato da Manchúria.”
Sobre os Veículos Eléctricos, mais galhofa.
“O momento mais feliz para quem anda num carro eléctrico são os primeiros 10 minutos. O momento mais infeliz é a hora seguinte”.
Fraude eleitoral?
“Obtivemos muito mais votos em 2020 do que em 2016… Mas as eleições foram manipuladas. Eles usaram a Covid para fazer batota em muitas coisas diferentes e temos tanto sobre isso. Mas os juízes não quiseram ver.
“Só há uma razão para não quererem a identificação dos eleitores: É porque querem fazer batota.”
A seguir a isto, Tucker tinha que perguntar:
“Está a dizer que o roubaram da última vez, porque não fariam o mesmo desta vez?”
Ao que Trump responde:
“Bem, eles vão tentar.”
Não deixa de ser significativo – e preocupante – que a conversa tenha terminado com o assunto difícil de um potencial conflito entre as duas américas. Tucker, mais uma vez, lançou o isco:
“Acha que estamos a caminhar para uma guerra civil?”
O entrevistado não quis ir tão longe, claro, mas a resposta é tudo menos tranquilizadora.
“Há um nível de paixão e amor que nunca vi. E há um nível de ódio pelo que eles fizeram ao nosso país que eu nunca vi… E isso é provavelmente uma má combinação”.
E tudo isto com um facto espinhoso pelo meio: o magnata de Queens entregou-se ontem às autoridades do condado de Fulton, na Georgia, para fazer face às 13 acusações pelas quais é indiciado nessa procuradoria distrital. Um de 4 processos criminais de que é alvo e que vão decorrer durante as campanhas para as primárias e para a presidência.
Veja a entrevista completa em baixo. É capaz de valer a pena.
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