A China está a corromper os nossos filhos com o TikTok enquanto protege e doutrina os seus próprios jovens com o Douyin.
O TikTok está a entranhar-se nos dispositivos – e nos cérebros – de adolescentes e jovens de todo o mundo. Mas, enquanto a empresa-mãe da aplicação, a Bytedance, sediada em Pequim, está a exportar agressivamente o equivalente da heroína para as redes sociais, disponibiliza para o seu mercado interno um produto muito menos prejudicial, concebido para proteger e educar a sua própria juventude.
O TikTok tornou-se rapidamente na aplicação mais popular no resto do mundo, mas uma versão para consumo doméstico chamada Douyin está disponível para os consumidores chineses. As aplicações são tecnicamente idênticas, mas há diferenças fundamentais: os utilizadores chineses com menos de 14 anos têm de utilizar o Douyin com saudável moderação no “modo adolescente“, e os conteúdos que circulam nesta aplicação são controlados e moldados de acordo com a vontade doutrinária do Partido Comunista chinês.
Os utilizadores jovens e impressionáveis estão limitados a 40 minutos por dia de navegação, entre as 6h e as 22h, para garantir que estão focados na escola e que vão para a cama a horas. O scrolling interminável, tipo zombie, é interrompido por momentos de espera de 5 segundos. Além disso, só lhes é mostrado conteúdo “inspirador” especialmente selecionado.
Nicolas Chaillan, antigo diretor de software da Força Aérea e da Força Espacial americana disse sobre este assunto:
“O algoritmo para consumo interno é muito diferente, promovendo conteúdos científicos, educativos e históricos, enquanto o Tik Tok condiciona os cidadãos dos outros países a ver vídeos de dança estúpidos com o objectivo principal de nos estupidificar.”.
Enquanto os jovens americanos executam danças hipersexualizadas e se envolvem em tendências virais absurdas, como o mortal NyQuil Chicken Challenge, os seus homólogos chineses são brindados com um fluxo cuidado de vídeos que promovem o patriotismo, a coesão social e as aspirações pessoais.
Por exemplo, uma rápida passagem pelo Douyin mostra vídeos de professores a serem celebrados, experiências científicas feitas em casa e um homem a resolver um Cubo de Rubik com os olhos vendados.
Por ser uma empresa sediada em Pequim, há um amplo consenso de que o Partido Comunista Chinês exerce controlo sobre a Bytedance. E o Douyin provou ser uma ferramenta de propaganda interna perfeita: uma linha directa de comunicação com os jovens chineses para transmitir mensagens pró-sociais e pró-China.
Talvez seja por isso, os jovens chineses estão a tentar alcançar as estrelas, enquanto os jovens americanos ambicional apenas o estrelato virtual. A ambição de carreira mais popular entre os jovens americanos é a de influenciador. Na China, é a de astronauta.
Tristan Harris, antigo funcionário da Google e fundador do Center for Humane Technology, declarou em entrevista ao programa “60 Minutes”:
“É quase como se eles reconhecessem que a tecnologia está a influenciar o desenvolvimento das crianças e fizessem da aplicação doméstica uma versão saudável do TikTok, enquanto enviam a versão ‘droga dura’ para o resto do mundo”.
Quase? Embora a Bytedance tenha o cuidado de criar resultados sociais positivos para as crianças do seu país, é igualmente capaz de criar resultados negativos em nações rivais – e é precisamente por isso que alguns peritos norte-americanos em redes sociais já apelidaram o TikTok de
“um punhal apontado ao coração dos Estados Unidos”.
Chaillan diz que, mesmo que o aplicativo não tenha sido desenvolvido expressamente como um dispositivo de propaganda chinesa, é nisso que se tornou entretanto.
“O TikTok é potencialmente a arma mais poderosa de manipulação das massas e desinformação já criada pelo PCC. É um sonho tornado realidade para eles”.
Crianças e adolescentes de todo o mundo assistem a uma média de 91 minutos de vídeos do TikTok por dia, proporcionando à Bytedance um acesso sem precedentes aos corações e às mentes dos jovens. Estudos efectuados na China revelaram que as áreas do cérebro associadas à dependência se iluminam nos exames cerebrais quando os jovens consomem vídeos do TikTok. A professora, psicóloga e autora de “iGen” Jean Twenge disse que
“O algoritmo do TikTok por trás da página ‘Para ti’ é conhecido por ser particularmente aditivo.”
E a aplicação provou ser um perigoso terreno fértil para problemas psicológicos – disseminando conteúdos negativos em matéria de saúde mental, desencadeando tiques contagiosos do tipo Tourette em raparigas adolescentes e até estimulando um aumento dos diagnósticos de déficit de atenção e hiperactividade.
Para além destes riscos, existe a possibilidade real do PCC poder estar literalmente a influenciar e condicionar a informação a que os ocidentais têm acesso. O algoritmo personalizado da aplicação e a função de scroll infinito, por exemplo, significam que, assim que as crianças abrem a aplicação, perdem o controlo sobre o que surge nos seus ecrãs.
Scott Galloway, professor de marketing da NYU Stern, considera que é inevitável que a China esteja a tirar partido deste acesso sem restrições:
“Se eu fosse um membro do PCC e considerando o interesse em diminuir a posição estratégica dos Estados Unidos no mundo… Pegaria na aplicação e, de forma muito elegante e insidiosa, colocaria nela conteúdos que reflectem a América de uma forma negativa. Penso que estão a fazer isso neste momento – seriam estúpidos se não o fizessem”.
Reforçando a pertinência deste aviso, a Google revelou que 40% da Geração Z utiliza o TikTok ou o Instagram como principal motor de busca, o que significa que o seu portal de acesso a toda a Internet pode estar em boa medida sob controlo chinês. Chaillan considera que esta influência pode mesmo ter sérias implicações nos processos democráticos do Ocidente:
“O TikTok é agora uma das principais plataformas de publicidade nos EUA e na Europa, dando ao PCC controlo total sobre os conteúdos que são promovidos e os que não são. Isso é provavelmente suficiente para influenciar futuras eleições”.
A notícia de que a China está a exercer esta influência daninha sobre a juventude no Ocidente, ao mesmo tempo que protege os seus próprios filhos, ajudou a renovar os pedidos de acção contra o TikTok. No verão passado, por exemplo, o comissário da FCC Brendan Carr pediu ao CEO da Apple, Tim Cook, que removesse o TikTok da App Store por questões de segurança, mas sem sucesso. Apesar da empresa ter removido aplicações que considera “perigosas”, como o Parler e o GAB, a Apple parece não estar disposta a remover o TikTok – uma dualidade de critérios que talvez tenha algo a ver com o facto da Apple depender enormemente da capacidade industrial chinesa.
Um exemplo claro das psy-ops a que o Tik Tok sujeita os jovens ocidentais.
Como triste exemplo das manobras psicológicas a que a China sujeita da juventude no Ocidente, Paul Joseph Watson analisa um clip viral do TikTok que transforma o casamento num pesadelo dantesco que escraviza as mulheres. A protagonista do clip é ocidental. Mas os bots que o propagaram são chineses, os figurantes são chineses (meio escondidos), o apartamento onde a rapariga é escravizada pelas tarefas domésticas (porque uma mulher solteira não precisa de cumprir tarefas domésticas, aparentemente) é nitidamente chinês.
Uma psy-op do Comité Central destinada a envenenar as mentes das jovens ocidentais. Que as jovens ocidentais consomem como algo de virtuoso.
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