Os Estados Unidos da América gabam-se, com fanfarronice indisfarçável mas total desadequação à realidade dos factos, de serem a mais perfeita democracia que Deus colocou na Terra. Se isso alguma vez aconteceu, já há muito que deixou de se verificar.
A Rússia nunca foi uma nação em que a democracia fosse realizada no seu pleno de representação, legitimidade e integridade das instituições, segundo o cânone ocidental. Depois de séculos e séculos de ferozes monarquias absolutistas, os russos foram governados durante sete décadas pelas oligarquias soviéticas, não menos draconianas. Quando o regime comunista caiu com espalhafato histórico, foi ensaiada logo nos anos 90 qualquer coisa parecida com uma república federal baseada num estado de direito com representantes políticos eleitos. Não durou muito, como se sabe, e uma parte da oligarquia soviética adaptou-se aos novos tempos para voltar a ocupar as altas esferas do governo, através de um protagonista carismático e conhecedor das lógicas de poder no país, Vladimir Putin.
Mas também é verdade que os russos não estão sempre a mandar à cara dos restantes povos do planeta que vivem numa esplêndida democracia. E pelo que sabemos através das sondagens, parecem até bastante satisfeitos com o regime que têm e o líder que o interpreta.
Mas o que é que se pode dizer sobre a federação americana quando até o regime Putin é mais brando com os líderes da oposição que o Regime Biden?
O principal rival político do Presidente russo, Alexei Navalny, acaba de ser condenado a 19 anos de prisão, depois do corrupto Ministério Público ter exigido uma pena de 20 anos. Navalny, que tem sido muito crítico da invasão da Ucrânia por Putin, está preso desde janeiro de 2021, e esta última sentença de 19 anos vem juntar-se a duas sentenças separadas que totalizam mais de 11 anos de prisão.
No entanto, a sentença de prisão de Navalny perde significado em comparação com o tempo de prisão que o Departamento de Justiça do presidente Joe Biden e que os fantoches partidários do escritório do promotor distrital de Manhattan exigem para o ex-presidente Donald Trump. O principal opositor político de Biden enfrenta neste momento três acusações. Se for condenado por todas elas e receber a pena máxima, enfrentará 641 anos de prisão. Para além de ser o candidato republicano mais provável para as eleições de 2024, Trump é também um dos críticos mais vocais e ferozes do envolvimento americano na guerra da Ucrânia sob o comando de Biden.
Recusando a sua imagem no espelho, os apparatchiks da administração Biden condenaram o encarceramento de Navalny, ao mesmo tempo que interferem activamente no processo eleitoral de 2024, como já tinham feito no de 2020, através da utilização do sistema judiciário para perseguir Trump e o anular o seu capital político, tanto como as suas chances de voltar à Casa Branca.
Na sexta-feira passada, um dia depois de Trump ter sido acusado de proferir palavras que são protegidas pela Primeira Emenda, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, condenou a sentença de 19 anos de prisão de Navalny, escrevendo num comunicado que essa era
“uma conclusão injusta para um julgamento injusto”.
É preciso ter lata.
Por falar em julgamentos injustos, as últimas acusações que o departamento de Justiça fez contra Trump serão julgadas muito convenientemente em Washington, D.C., onde Trump será certamente recebido por um júri e um juiz completamente hostis. Isto contrasta com as acusações federais que Trump enfrenta na Flórida, onde o júri e o juiz virão de fora do “pântano” esquerdista de D.C. – levando muitos a especular que o caso de D.C. foi perseguido para garantir que Trump seja condenado pelo menos por um tribunal.
As Nações Unidas e a União Europeia também se manifestaram contra a prisão de Navalny, mas nada disseram sobre o facto de o Departamento de Justiça de Biden ter visado Trump desta forma grosseira, típica de uma república das bananas.
E, talvez na mais flagrante ausência de auto-crítica que se pode imaginar possível, o Secretário de Estado Antony Blinken escreveu no X, anteriormente conhecido como Twitter:
“Os Estados Unidos opõem-se veementemente à condenação do líder da oposição russa Aleksey Navalny por acusações politicamente motivadas. O Kremlin não pode silenciar a verdade. Navalny deve ser libertado”.
O senador do Missouri, Eric Schmitt, respondeu-lhe apropriadamente:
“É evidente que prender opositores políticos é mau noutros países, mas não nos Estados Unidos. A esquerda está obcecada com Trump e está a causar danos incríveis à nossa república.”
Esta não é a primeira vez que Blinken dá sinais de virtude no estrangeiro sobre comportamentos de que ele próprio é culpado. O infeliz Secretário de Estado ajudou a orquestrar a infame carta de dezenas de ex-funcionários de segurança nacional, onde era falsamente alegado que as evidências encontradas no computador portátil de Hunter Biden, que implicavam o então candidato presidencial Joe Biden num esquema de corrupção, eram desinformação russa, embora o FBI soubesse que era real. No entanto, alguns meses após as eleições de 2020, depois da carta ter sido usada para silenciar a discussão sobre a corrupção de Biden, Blinken condenou os chineses por interferirem nas eleições de Hong Kong, de forma a ajudar os candidatos pró-China.
Trump enfrenta cerca de cem acusações criminais, por enquanto, e os democratas não mostram sinais de abrandar o seu ímpeto persecutório.
Os membros do deep state não têm o direito de criticar a Rússia e a China pelo mesmo comportamento que exibem ao armar o sistema de justiça criminal contra o principal oponente político de Biden e interferir descaradamente nas eleições presidenciais. E deviam estar caladinhos sempre que lhes apetece expressar a gabarolice patética sobre as virtudes extraordinárias da democracia americana.
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