A maioria das pessoas acredita em pelo menos uma teoria da conspiração, de acordo com um novo paper da revista Psychological Bulletin, que combina anos de estudos e artigos sobre o assunto numa volumosa meta-análise. O estudo não é um comentário ou uma declaração política sobre teorias da conspiração, mas sim uma análise de conteúdo e valorização estatística de trabalhos publicados sobre o tema.
No artigo, a equipa liderada por Shauna Bowes, doutorada em psicologia clínica na Emory University, observa que as teorias da conspiração explodiram nos últimos anos, e o seu estudo também.
Há uma estatística impressionante logo no início do texto, que cita pelo menos seis estudos de apoio:
“A maioria dos participantes pesquisados em todo o mundo endossa pelo menos uma teoria da conspiração”.
Os estudos citados são anteriores à pandemia COVID-19, que gerou por si uma grande variedade de teorias da conspiração. Uma das razões pelas quais uma meta-análise da literatura pode ser especialmente útil agora é porque veremos provavelmente uma onda de pesquisas específicas sobre essas teorias da conspiração, nos próximos anos. Estabelecer um corpo documental sobre o assunto pode ajudar esses investigadores no futuro.
E como é que são combinados “170 estudos, 257 amostras, 52 variáveis, 1.429 magnitudes e 158.473 participantes”? Bowes e os seus colegas analisaram duas questões de pesquisa em particular:
a) Quais são as correlações motivacionais do ideário conspiratório?
b) Quais são as correlações personalísticas do ideário conspiratório?
E o que é uma teoria da conspiração? Todos nós podemos identificar teorias da conspiração facilmente, mas os investigadores têm que definir critérios rigorosos de forma a traçar uma linha que inclua teorias da conspiração e exclua conteúdos que não se enquadram nesse âmbito. O paper esclarece:
“Em geral, as teorias da conspiração referem-se a explicações causais de eventos que atribuem a culpa a um grupo de indivíduos poderosos que operam em segredo para formar planos ocultos que beneficiam os próprios e prejudicam o bem comum. Assim, a receita das teorias da conspiração envolve três ingredientes principais: (a) conspiradores, (b) planos ocultos e (c) intenções maliciosas contra terceiros ou contra a sociedade”.
Assim, a meta-análise procurou exemplos de motivações e traços de personalidade que se correlacionem ou coincidam com a crença em teorias que tenham essas três qualidades. Quais são os marcadores da pessoa com maior probabilidade de acreditar numa teoria da conspiração? Aqueles com mais tendência a acreditar em teorias da conspiração são de uma determinada idade, sexo ou raça? Qual é a sua origem familiar ou o seu nível de educação? E quais os motivos pro trás da adesão a essas teorias? O paper conclui que os principais motivos são sociais, epistémicos e existenciais.
Os motivos sociais incluem uma relação estatisticamente forte com o “narcisismo colectivo” e a “percepção de membros de um grupo externo como ameaçadores”, bem como anomia, que é uma sensação de inutilidade ou alienação. Os motivos epistémicos são volições fortemente relacionadas com a curiosidade e a busca de conhecimento. Os motivos existenciais derivam da ideia de um “mundo perigoso” e do medo de uma ameaça transcendente ao indivíduo.
Essas três categorias apoiam uma ideia existente no campo da psicologia da teoria da conspiração chamada Modelo Tripartido. No geral, os resultados corroboram a hipótese central do Modelo Tripartido, que prevê a necessidade de entender o ecossistema, a necessidade de segurança nesse ecossistema e a necessidade de alimentar uma ideia de superioridade individual e de grupo, ainda que frágil.
A tese conspiratória surge como um subproduto lógico de circunstâncias em que essas necessidades não são satisfeitas. E o mundo em que vivemos deixa de facto muitas dessas necessidades por satisfazer.
Relacionados
12 Dez 24
Nova vaga de imigração para a Europa: ONU diz que 1,5 milhões de pessoas podem agora fugir da Síria.
Se o fenómeno da imigração na Europa fosse resumido a uma anedota, o caso sírio serviria por certo de inspiração: seja qual for o regime que reine no país, o velho continente receberá sempre milhões de 'refugiados'.
12 Dez 24
Cidade canadiana multada por se recusar a celebrar o Mês do Orgulho e a hastear a bandeira do arco-íris.
Uma cidade canadiana vai ser multada em 10.000 dólares por se recusar a participar no Mês do Orgulho e a hastear a “bandeira do arco-íris LGBTQ” no exterior do seu edifício municipal. Tirania pura e dura.
12 Dez 24
Não sabem e não querem saber ou sabem e não querem dizer?
Não se percebe se são drones militares, se são sondas alienígenas, se são mais uma psyop para assustar as massas, mas uma coisa é certa: algo de muito estranho está acontecer por estes dias nos céus do nosso planeta. As 'autoridades' porém, agem como se nada fosse.
11 Dez 24
Embalagem de bonecas do filme ‘Wicked’ vendidas pela Mattel incluem endereço de um site pornográfico.
A empresa de brinquedos Mattel tem algumas explicações a dar, depois de as bonecas criadas em parceria com o novo filme da Universal Pictures, “Wicked”, terem sido comercializadas numa embalagem que inclui o endereço de um site pornográfico.
6 Dez 24
Imigração no Reino Unido explodiu para mais de 900.000 entradas no ano passado.
A responsabilidade pelo descontrolo total da imigração no Reino Unido cabe em grande parte aos conservadores. Mas a atitude escandalizada de Keir Starmer perante o número recordista de entradas em 2023 é de um cinismo arrepiante.
3 Dez 24
Cidadão alemão que criticou um juiz por se limitar a multar um violador de menores, condenado ao dobro dessa multa.
Cidadãos alemão que descreveu um juiz como “perturbado mentalmente”, depois deste ter condenado um sírio que violou uma rapariga de 15 anos a uma mera multa, foi penalizado no dobro do valor dessa multa por ter insultado o juiz.