O ex-Presidente dos Estados Unidos e actual candidato republicano às primárias, Donald Trump, será julgado em Maio de 2024 por alegadamente ter cometido ilegalidades com documentos confidenciais, de acordo com uma ordem judicial emitida na sexta-feira passada.

A juíza distrital, Aileen Cannon, ordenou que o julgamento tivesse início a 24 de Maio. A audiência preliminar do processo terá lugar a 14 de Maio, precisamente a data em que os estados do Nebraska, de Maryland e da Virgínia Ocidental deverão realizar as suas eleições primárias. Mas as datas das audiências em tribunal estão marcadas para depois da maioria das primárias estaduais, que deverão estar concluídas em meados desse mês. O estado de Oregon realizará a sua votação no fim desse mês e alguns outros estados, incluindo New Jersey, votarão a 4 de Junho.

O candidato presidencial republicano poderá já estar definido quando Trump chegar ao tribunal, apesar de a nomeação oficial ter lugar na Convenção Nacional Republicana, em Julho de 2024.

Há duas semanas, os advogados de Trump requereram que o julgamento fosse adiado para 2024. Já os procuradores solicitaram que as audiências fossem iniciadas em Dezembro de 2023.

A juíza Cannon decidiu porém na sexta-feira que “o cronograma proposto pela acusação é atipicamente acelerado e inconsistente com a garantia de um julgamento justo”, acrescentando que a quantidade de evidências que precisam de ser examinadas neste caso é “volumosa e provavelmente aumentará à medida que o julgamento se aproxima”. A juíza acrescentou que:

“O Tribunal considera que os interesses da justiça se sobrepõem aos interesses do Ministério Público, que pretendem um julgamento rápido.”

A campanha de Trump saudou a decisão como um

“grande revés para a cruzada do Departamento de Justiça para negar ao presidente Trump um processo legal justo. O calendário extenso permite continuar a lutar contra esta farsa vazia de sentido”.

Os procuradores não comentaram a decisão.

Ainda assim, a data faz com que as audiências em tribunal tenham início em plena campanha eleitoral de 2024.

No mês passado, Trump declarou-se inocente de 37 acusações de crime relacionadas com o alegado manuseamento incorreto de documentos confidenciais após a sua saída da Casa Branca. Os mais de 300 documentos foram recuperados pelo FBI, alguns durante uma controversa rusga à propriedade de Trump em Mar-a-Lago, em Agosto de 2022. Alegadamente, incluíam material confidencial de segurança nacional relacionado com segredos nucleares e com as capacidades de defesa do país.

Trump argumentou que tinha “todo o direito” de guardar os documentos em questão. Também disse anteriormente à Fox News que não teve tempo para os devolver quando tal lhe foi solicitado pelas autoridades federais.

O magnata de Queens está a braços com mais dois casos judiciais: uma investigação sobre os acontecimentos de 6 de Janeiro de 2021, que foi aberta pela Procuradoria Federal, e uma acusação sobre pagamentos feitos à actriz de filmes pornográficos Stormy Daniels, e à antiga modelo da Playboy Karen McDougal, durante a campanha eleitoral de 2016, levantada pela procuradoria Distrital de Manhattan.

Os vários processos judiciais de que Trump tem sido alvo nos últimos meses tiveram a consequência de duplicar a sua margem de liderança nas sondagens, relativamente ao seu rival mais próximo para a nomeação republicana de 2024, o governador da Florida Ron DeSantis. O antigo presidente também lidera os índices de popularidade frente ao actual presidente, Joe Biden.