Tucker Carlson ligou em definitivo e na intensidade máxima a máquina de partir loiça que na Fox funcionava apenas a meia capacidade voltaica. Repare bem, estimado leitor, nesta intervenção no evento do Turning Point USA do fim de semana passado, que proferiu depois de ter entrevistado – e humilhado – alguns dos candidatos presidenciais às primárias do Partido Republicano.

 

 

O Contra deixa aqui a tradução livre de alguns segmentos iniciais do que Tucker diz, para se ter uma ideia do seu loquaz, bombástico e dissidente discurso:

“Estive com os candidatos republicanos, menos um, e foi completamente fascinante, como é sempre que estás perto de políticos. Os políticos são um grupo que eu desprezo por princípio, porque eles tendem a não ter alma e têm vidas vazias e tristes, pelo que passam os seus dias a tentar ganhar a aprovação de pessoas que nunca conheceram. É patético. Todos eles tiveram pais alcoólicos e abusivos, mas em pessoa são super charmosos. Não há um político no mundo que não seja charmoso, é por isso que entraram no negócio da política, era isto ou vender automóveis e isto é mais lucrativo.”

“Gostava de fazer algumas observações gerais, que são mais edificantes do que apenas atacar selvaticamente Mike Pence, o que é errado, porque é demasiado fácil. A primeira coisa que aprendi foi que os interesses e as prioridades dos políticos em Washington que vocês elegeram são completamente diferentes dos vossos interesses e prioridades. Pensámos que isso tinha mudado e que tínhamos conseguido captar a atenção deles quando aqui há seis anos elegemos um tipo na expectativa de que ele basicamente rebentasse com o Partido Republicano. Quero dizer: se a tua mulher foge com o rapaz que limpa a piscina é altura de reavaliares as tuas qualidades como marido.”

“Quase toda a gente nos cargos eleitos do Partido Republicano assumiu as regras de debate do outro lado. E se pensarmos bem, não há forma mais derrotista de viver ou de fazer política do que a de aceitar os termos que o inimigo impõe antes sequer da conversa ter começado. Por outras palavras: Se tu e eu estamos a discutir seja o que for e eu já decidi que tu tens razão, é provável que eu não vá muito longe.”

Mas a coisa continua em tom demolidor. Como demolidora foi esta entrevista a Mike Pence:

 

 

Tucker pergunta a Pence sobre a perseguição religiosa na Ucrânia, e ele nega-a completamente. Tucker insiste e Pence fica confuso e tenta safar-se com a mentira ridícula de que Putin entrará pelos países da NATO a dentro se derrotar a Ucrânia. Tucker prossegue com perguntas sobre bombas de fragmentação, e o entrevistado recebe vaias enquanto o entrevistador é premiado com aplausos.

Tucker sugere que é mais importante resolver os problemas das cidades do seu país do que defender as fronteiras da Ucrânia – um perímetro que a maioria dos americanos não consegue apontar no mapa – e Pence começa por afirmar, inacreditavelmente, que os problemas das cidades americanas não são um problema dele. Sim, Mike Pence, candidato às primárias do Partido Republicano, disse isto.

Incrível. A crucial divisão filosófica entre líderes e liderados está em plena exibição nestes minutos insanos.