Um novo documento divulgado pelo House Select Subcommittee on the Coronavirus revela que Anthony Fauci sabia que estavam a ser realizadas pesquisas de ganho de função em Wuhan, na China, antes da disseminação global da COVID-19.

Num e-mail dirigido às autoridades de saúde pública federais dos EUA, em fevereiro de 2020, Fauci escreveu:

“Sabe-se que os cientistas do Instituto de Wuhan estão a trabalhar em experiências de ganho de função associadas a vírus de morcego que se adaptam à infecção humana”, 

O e-mail demonstra assim que Fauci sabia da pesquisa do Instituto de Virologia de Wuhan sobre coronavírus, e que esta pesquisa espelhava o Covid-19, meses antes de sua alegação de que não havia evidências de que o vírus tinha sido produzido em laboratório.

Fauci também confessou que

“Há mutações no vírus que são muito incomuns para terem evoluído naturalmente nos morcegos e existe a suspeita de que essa mutação foi inserida intencionalmente”.

 

 

O aldrabão profissional escreveu no email que esta foi a conclusão a que chegou depois de assistir a uma teleconferência, realizada a 1 de Fevereiro de 2020, por uma equipa internacional de médicos. Essa equipa publicou posteriormente um paper, agora deveras controverso, que defendia a origem natural do vírus. Também Fauci afirmou que não havia “nenhuma evidência científica” de que o COVID-19 foi produzido em laboratório, numa entrevista à National Geographic conduzida em maio de 2020. Em 2023, o FBI e o Departamento de Energia concluíram que era provável que o vírus tenha sido criado em laboratório.

Na altura, Fauci era director do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, responsável pela pesquisa de vírus. O seu instituto já havia financiado pesquisas de ganho de função no laboratório de Wuhan, facto que ele inicialmente negou em depoimento ao Congresso, em 2021.

Os comentários de Fauci fazem parte de uma série de trocas entre os autores desse paper, divulgadas pelo comité do Congresso que investiga as origens da Covid-19. Dois dos autores do artigo, Kristian Andersen e Robert Garry, testemunharam no Capitólio em favor da tese que o vírus surgiu naturalmente, apesar de mensagens de texto e e-mails em que manifestavam dúvidas sobre teoria, mesmo depois dos primeiros rascunhos do artigo terem sido redigidos.

O e-mail de Fauci foi enviado para Brian Harrison, chefe de gabinete do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, e Francis Collins, director do National Institutes of Health, entre outros altos funcionários do governo na época. O texto também mencionava o envolvimento de Sir Jeremy Farrar, um médico britânico que esteve envolvido na redação do artigo sobre as origens do vírus, mas não listado como autor, e que agora é o cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS). O crime compensa.

O e-mail termina com a sugestão de que a OMS convoque um fórum de cientistas para examinar as origens da pandemia. Com este estratagema, Fauci procura declaradamente fugir às responsabilidades:

“Dessa forma, não há suposição de crime ou culpa por parte de ninguém e apenas um intenso olhar científico sobre as origens evolutivas do vírus.”

Leia-se: se formarmos um colégio de mentirosos que mintam em uníssono, não há maneira de sermos apanhados na mentira.

Mas há sim. Há muitas maneiras. Porque a verdade funciona de acordo com as leis da física e vem sempre à superfície.