O Presidente Joe Biden deu uma entrevista recente na qual afirmou que os Estados Unidos têm poucas munições de artilharia de 155 mm, provocando indignação e acusações de incompetência flagrante nas redes sociais.
Durante a entrevista, que foi para o ar no domingo de manhã, Biden defendeu o envio de munições de fragmentação para a Ucrânia como uma medida “de transição” até que sejam produzidas mais munições. Biden disse isto a Fareed Zakaria, da CNN:
“Esta é uma guerra relacionada com munições. E eles estão a ficar sem munições, e nós temos poucas. E assim, o que acabei por fazer foi aceitar a recomendação do Departamento de Defesa – não permanentemente, mas neste período de transição enquanto obtemos mais munições de calibre 155 – para entregar estes projécteis aos ucranianos.”
As reações nas redes sociais variaram de confusas a indignadas perante o facto de Biden estar a anunciar a condição deficitária da logística de guerra do Pentágono durante uma entrevista emitida para todo o mundo e que foi por certo anotada pelos inimigos dos EUA.
O comentador político Logan Dobson, registou o lapso assim:
“Adoro quando o presidente da América vai à CNN dizer a toda a gente que temos poucas munições”.
love when the president of America goes on CNN to tell everyone we’re low on ammo. https://t.co/vd0eQRh75Z
— Logan Dobson (@LoganDobson) July 8, 2023
O colunista conservador Steve Guest não poupou o léxico.
“Joe Biden transmite ao mundo que os Estados Unidos têm poucas munições de 155 mm. Idiota. Será que Biden não se importa que os nossos adversários na China estejam a ouvir?”
Joe Biden broadcasting to the world that the US is low on 155mm shells.
Moron. Does Biden not care that our adversaries in China are listening? https://t.co/X8M9k617CU
— Steve Guest (@SteveGuest) July 8, 2023
Byron York, do Washington Examiner, comentou:
“Numa entrevista à CNN, o Presidente Biden não é muito claro, mas parece estar a dizer que os EUA estão a enviar munições de fragmentação para a Ucrânia porque estamos a ficar sem munições de artilharia de 155 mm para lhes enviar. Parece óbvio que isto está a afectar a prontidão dos EUA para se defenderem”.
In CNN interview, President Biden is not particularly clear but seems to be saying US is sending cluster munitions to Ukraine because we are running out of 155mm artillery ammunition to send them. Seems obvious this is affecting US readiness to defend itself. pic.twitter.com/ofKyZQUx2X
— Byron York (@ByronYork) July 9, 2023
Como tantas vezes acontece, o staff da Casa Branca já tentou corrigir as declarações do Presidente. Quando solicitado a comentar as críticas em resposta à entrevista de Biden na CNN, um funcionário da West Wing fez marcha atrás:
“O exército tem requisitos específicos para o número de sistemas de armas e munições que mantemos nas nossas reservas em caso de contingências ou conflitos militares. Tudo o que enviamos para a Ucrânia está para além disso. Portanto, os EUA não estão a ficar sem munições”.
O funcionário da Casa Branca também defendeu a autorização da administração para o fornecimento de munições de fragmentação à Ucrânia, afirmando que queriam garantir que a Ucrânia não ficasse “indefesa”.
“Estamos a autorizar munições de fragmentação para garantir que a Ucrânia não fique indefesa enquanto esperamos que a nossa própria produção interna aumente substancialmente, o que estamos a fazer, tal como os nossos aliados e parceiros. Estas munições de fragmentação são uma ponte enquanto aumentamos significativamente a produção de munições nos próximos meses – e teremos níveis de produção muito mais elevados em breve.”
Ainda assim, o empresário David Sacks escreveu no Twitter:
“O objetivo da guerra por procuração era enfraquecer a Rússia. Mas os EUA ficaram sem munições primeiro. Então, quem está a enfraquecer quem?”
The point of the proxy war was to weaken Russia. But the U.S. ran out of ammo first. So who’s weakening whom? pic.twitter.com/Xdcpm1xIRp
— David Sacks (@DavidSacks) July 8, 2023
O pundit Ian Miles Cheong também entrou no coro de críticas:
“Não era suposto que Joe biden dissesse isto em voz alta: ‘Ficámos sem munições’. Mas agora que o gato está fora do saco, é preciso perguntar se é possível continuar a apoiar as forças armadas ucranianas enquanto o conflito se arrasta”.
Joe Biden wasn’t supposed to say the quiet part out loud: “We’ve run out of ammunition”. But now that the cat’s out of the bag, one must ask whether continued support of Ukraine’s military is even feasible as the conflict rages on. pic.twitter.com/jddIrHlSM8
— Ian Miles Cheong (@stillgray) July 9, 2023
O adversário de Biden na corrida presidencial democrata, Robert Kennedy Jr., criticou Biden no Twitter no sábado, depois de este ter dado luz verde à sua administração para enviar munições de fragmentação para a Ucrânia.
“No ano passado, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, considerou o uso de bombas de fragmentação um ‘crime de guerra’. Agora o Presidente Biden planeia enviá-las para a Ucrânia. Parem com a escalada incessante! É tempo de paz.
Kennedy, que entrou na corrida à Casa Branca em abril, acrescentou num outro tweet:
“Biden também se opôs às bombas de fragmentação em 1982, quando rejeitou a sua venda a Israel. O que é que aconteceu à sua consciência?”
Biden was opposed to cluster bombs In 1982 as well, when he opposed their sale to Israel. What happened to his conscience?
— Robert F. Kennedy Jr (@RobertKennedyJr) July 8, 2023
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