Muito a contragosto, e com cautelas várias, a Volkswagen lançou na feira de Frankfurt de 1975 aquele que é o primeiro dos Hot Hatchbacks da história da indústria automóvel.

Debitando 110 cavalos e pesando apenas 780 quilos, este é o santo graal dos desportivos para o operariado. A partir daqui, qualquer pessoa com um ordenado de classe média passou a poder conduzir uma máquina dos diabos. E a utilizar essa máquina para levar os filhos à escola ou os cavalos ao autódromo. Este conceito do Golf GTI sobreviveu até aos tempos de hoje e qualquer feliz proprietário de um exemplar desta gama sabe que possui um automóvel que respeita o mesmo civilizado princípio: o carro que anda à brava, mas que pode ser utilizado como um utilitário normal.

Para além de tudo o resto, o MK1 GTI, no seu desenho rectilíneo e descomprometido, é bem giro. Ou não é?

 

 

Embora já tenha sido contada muitas vezes, vale a pena revisitar a história da criação do Golf GTI, que se deve ao facto de alguns funcionários entusiastas terem detectado o potencial de combinar a carroçaria de três portas do Golf com o recém-introduzido motor a gasolina de 1588 cc com injecção de combustível do Audi 80 GTE. Foi um projecto mais formal do que muitos acreditam, embora o engenheiro Alfons Lowenberg tenha com o desenvolvimento da ideia antes de ter sido dada a aprovação oficial.

O resultado foi um automóvel que produzia 110 cv às 6100 rpm, num carro que pesava apenas 780 kg. Isto significava 0-100 km/h em nove segundos e uma velocidade máxima de 180 Km/h.

Quando a Volkswagen se viu sem muito para mostrar no salão automóvel de Frankfurt de 1975, o projecto GTI foi colocado na ribalta. As previsões de vendas eram de 5000 exemplares no total, o que correspondia a apenas dois dias da produção total do Golf, mas este número qualificava o carro para o Grupo 1 de veículos de Produção no Campeonato Europeu de Carros de Turismo.

A VW não se apercebeu do sucesso que o GTI ia ter, e alguns relatórios iniciais da imprensa presente no Salão de Frankfurt consideraram que o carro tinha demasiada potência para o suporte oferecido pela plataforma. No entanto, assim que o GTI começou a ser testado em estrada, a verdade foi revelada: aqui estava um carro desportivo com toda a praticabilidade de um utilitário urbano.

Numa altura em que os fãs de carros de performance tinham apenas que escolher entre coupés ou open-tops como o MG, o Golf GTI deu-lhes uma alternativa completamente moderna, fiável e excitante. Tudo isto com a nova injecção de combustível de série. Outras alterações específicas do GTI foram uma altura de condução 20 mm mais baixa e uma suspensão mais firme, chassis 14 mm mais largo com jantes e pneus também mais largos e travões de disco dianteiros ventilados.

Os frisos vermelhos à volta da grelha, as faixas pretas ao longo da parte inferior das portas e um spoiler dianteiro em plástico saliente completavam o aspecto exterior original. No interior, o volante do Scirocco TS, bancos Recaro com estofos em tecido tartan e o agora famoso manípulo da caixa de velocidades em forma de bola de golfe. Como sinal das suas credenciais desportivas, o condutor do GTI também usufruía de um indicador de pressão do óleo e de um conta-rotações.

A procura ultrapassou rapidamente a dotação inicial de construção e a VW aumentou a produção de 50 GTIs por dia para 500.

Pouco depois do seu lançamento, a VW trocou a caixa manual de quatro velocidades por uma unidade de cinco velocidades. A grande mudança seguinte foi a substituição do motor de 1,6 litros por um motor mais potente de 1,8 litros em 1982. Este motor permaneceu até ao final da produção do GTI, com os cerca de 1000 carros finais vendidos como modelos de campanha com luxos como tecto de abrir, faróis duplos e jantes de liga leve de série.

Para fechar, um excelente – e cinematograficamente belo – ensaio comparativo GTI MK1 / GTI MK7, da Drive Tribe: