Nos últimos dois anos, o Blogville tem publicado uma minimal rubrica que pretende ilustrar com clips da imprensa, videos, imagens fotográficas e publicações de rede social o estado demente a que chegou a civilização, sob o título “Índice da saúde psicossocial do Ocidente: menos que zero.” Na semana passada, a rubrica somou 100 posts. O Contra marca o número redondo com uma revisitação, dividida em duas partes, de alguns desses posts, agrupados tematicamente.
Advertência: alguns dos conteúdos podem ferir a sensibilidade dos leitores.
Condicionamento, censura e repressão policial, porque a palavra é a Kalashnikov do século XXI.
É curioso verificar que quanto mais sensíveis as sociedades ocidentais são às palavras, que alegadamente provocam males inomináveis, maior é a violência que os ofendidos e os susceptíveis estão preparados para exercer sobre aqueles que têm a ousadia de dizer aquilo que pensam. Por exemplo, a Universidade americana de Standford deu-se ao orwelliano trabalho de edificar um “Guia Contra a Linguagem Maliciosa”, que chega ao ponto de considerar que a palavra “americano” é de alguma maneira prejudicial à paz social.
Mas os liceus canadianos parecem não ter qualquer problema em que os seus alunos sejam presos apenas por dizerem que só existem dois géneros.
Portanto: as palavras são de uma violência incrível. Mas a repressão policial sobre o discurso de menores de idade, não. É até louvável. Edificante. Um acto de paz.
Outro exemplo: um cidadão britânico publica um meme numa conta de rede social. Alguém telefona para a polícia afirmando que esse meme lhe feriu gravemente a sensibilidade. Que lhe criou ansiedade, até. Acto contínuo, o cidadão recebe uma visita da polícia do pensamento e é preso. A violência do meme é muito maior que a violência da polícia do pensamento. E o castigo é proporcional ao crime hediondo da sátira.
“Someone has been caused anxiety based on your social media post, that’s why you’ve being arrested” –@HantsPolice
Read it & weep!😭
The ‘unknown’ can no longer be bullied. You now have a direct line to a group of dedicated people who will help you.@BadLawTeam | @WeAreFairCop pic.twitter.com/qbHcNNEBs8
— The Reclaim Party (@thereclaimparty) July 30, 2022
Apoiados por um sistema que opera completamente como uma bem oleada tirania, os políticos da esfera ocidental estão à vontade para criminalizar qualquer desvio aos dogmas instituídos, por mais draconianos e intrusivos que sejam. Nos Estados Unidos, uma legisladora da Virgínia quer prender os pais que não tratem os filhos pelo pronome certo. E tudo o que é preciso é que um adolescente intratável com uma qualquer crise de identidade faça a denúncia dos progenitores para que estes sejam imediatamente culpados e adequadamente castigados.
Não admira portanto que a vocação autoritária e censória, que é latente sempre que o homem se organiza institucionalmente, esteja neste momento em galope de rédea livre. E como um censor é sempre alguém que não tem noção do ridículo, acontecem fenómenos espantosos a torto e a direito. Em Londres, a galeria de arte que guarda o célebre, belíssimo e enigmático “Casal Arnolfini”, de Jan van Eyick, decidiu retirar a obra das suas paredes porque… Um dos personagens é parecido com Vladimir Putin.
BELIEVE IT OR NOT
A London gallery wants to remove a painting by Jan van Eyck after frequent complaints from visitors about the likeness of the figure in the painting to Putin.
By the way, the painting was created in 1434. pic.twitter.com/MNkr2LgZK9— Spriter (@Spriter99880) March 30, 2023
O facto do quadro ter sido pintado cinco séculos e meio antes do actual inquilino do Kremlin ter nascido é irrelevante. Neste mundo ao contrário, o bom senso é descartável, tanto como os princípios éticos mais elementares. O que interessa sobretudo é condicionar as massas à narrativa. Mesmo que isso implique desactivar partes do cérebro humano com magnetos: se essa actividade “científica” transformar crentes em ateus e eliminar qualquer dúvida sobre as virtudes da “diversidade”, será sempre virtuosa.
Até porque só com gigantescas operações de condicionamento neurológico sobre as massas é que as elites conseguem resultados como aqueles que uma sondagem do Sunday Times revela, e através da qual ficamos a saber que uma significativa fatia da população britânica “gostou” ou “gostou muito” dos confinamentos a que foi submetida. É curioso verificar que a faixa etária onde essa opinião é menos significativa é aquela para a qual o Covid-19 apresentava maiores riscos. E é deprimente verificar o inverso: foram os jovens, cuja probabilidade de falecimento por gripe chinesa é muito próxima do zero, que se mostraram mais felizes por serem encarcerados nos seus respectivos casulos. 28% deles gostaram ou gostaram imenso de serem confinados.
O teu cão é racista, sexista e está a destruir o planeta.
É difícil acreditar que alguém seja tão estúpido ao ponto de escrever um texto em que acusa os cães de serem racistas, mas o artigo existe mesmo. Houve um imbecil que o escreveu, um editor que o aprovou, milhares de parvalhões que já o leram ou que o vão ler. É este o nosso mundo. É este o inferno delirante que deixámos acontecer.
Cães e porquinhos da índia, gatos e papagaios, coelhos e cágados: qualquer pessoa que tenha um animal de estimação será condenada pelos grandes articulistas da imprensa corporativa, que são pessoas de moralidade imaculada, ao contrário daqueles que estão a conduzir o planeta ao apocalipse por albergarem dois canários e três peixinhos dourados.
A solução WEF é exterminá-los a todos porque essa seria uma óptima solução para o épico combate às alterações climáticas, claro. Nada como matar animais em massa para salvar o planeta e para grandes males, grandes remédios. Até porque animais de estimação como os canídeos podem ser interpretados como os melhores amigos do homem e Klaus Schwab não quer que o homem tenha amigos. Klaus Schwab é o único amigo que um homem pode ter: o Grande Irmão. Além disso, os cães são sexistas porque sendo os melhores amigos do homem, estão a discriminar contra as mulheres.
A cristandade em queda livre.
E se em todas as facetas da vida pública o descalabro civilizacional bate recordes históricos, as igrejas cristãs não podiam ficar imunes. Até porque, para surpresa de quem leu os evangelhos e nunca reparou neste detalhe fundamental, Jesus Cristo podia muito bem ser trans-género… Ou assim acredita o tresloucado reitor de uma universidade com uma forte ligação histórica ao cristianismo, como a Trinity College.
Não é de espantar, porque são os próprios clérigos das igrejas cristãs que forçam o tema: para além do seu filho não ter um género definido, o próprio Deus do Antigo Testamento gosta de ser tratado, aparentemente, por pronomes que decorrem da propaganda do movimento LGBT do século XXI.
E daqui para espectáculos protagonizados por drag queens nas igrejas, em substituição dos serviços religiosos, é um pequeno passo. Porque a “diversidade” é um valor sacrossanto. Uma religião que transcende a religião. Um sacramento para além dos sacramentos.
Ao centésimo post, o Expresso como soft porn.
A rúbrica do Blogville em questão atingiu a centúria com este manifesto feminista recentemente publicado no semanário Expresso, que é hoje talvez o mais infecto exemplar da imprensa corporativa portuguesa.
“Não é suposto a vulva cheirar a rosas, não é suposto saber a abacaxi: é uma vulva, é suposto cheirar a vulva e saber a vulva”. A opinião de Clara Não https://t.co/zY8PMsBQ9i
— Expresso (@expresso) May 10, 2023
Haveria certamente muito que dizer sobre o índice de saúde psíquica da Clara Não, que parece convencida da dignidade do assunto que escolheu para articular, mas não são necessários acrescidos comentários a este atentado à estética e à ética.
Deixamos cair o pano, por agora. Daqui a um ano ou dois, voltaremos a esta rubrica, quando o post duzentos for publicado. A este ritmo vertiginoso de decaimento civilizacional, esses conteúdos serão por certo ainda mais insanos, ainda mais chocantes, ainda mais alienados da razão e da virtude e da decência do que estes agora revisitados.
Desgraçadamente.
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