Há cada vez menos políticos conservadores em actividade no Ocidente que não estejam comprometidos com pelo menos um eixo do movimento elitista/globalista.

Em Portugal, André Ventura parece ser um fã incondicional do regime Zelenski. Como em Itália a senhora Giorgia Meloni (que também sobre a questão LGBT parece ser tudo menos conservadora), que tem ataques histéricos em nome da “democracia” ucraniana. Donald Trump continua a orgulhar-se loucamente do seu programa criminoso de aceleração do desenvolvimento das vacinas Covid e da sua aplicação massiva e global. O Partido Conservador inglês acabou de expulsar o único representante no Parlamento que recusava a narrativa dos poderes instituídos. Nos EUA, o Partido Republicano é maioritariamente constituído por batráquios neoliberais que se sentem mais confortáveis no pântano de Washington do que nas pradarias dos seus círculos eleitorais. E assim sucessivamente até à morte da representação, primeiro fundamento orgânico da democracia.

E agora percebemos que Ron DeSantis, o governador republicano da Florida, estrela do movimento populista americano e candidato às primárias do seu partido para as presidenciais de 2024,  está pelo menos empenhado em dois pontos fundamentais do programa globalista: o apocalipse climático e a censura.

Em Março descobrimos que o Governador é um campeão do ambientalismo segundo a cartilha netzero das elites:

 

 

E agora, somos confrontados com a dolorosa constatação que DeSantis não se importa nada de declarar guerra à liberdade de expressão em troca do apoio financeiro à sua campanha por parte da comunidade judaica.

 

Florida aprova a mais dura lei sobre crimes de ódio da América para “combater o anti-semitismo” e DeSantis assina a lei em Israel.

O “Estado Livre da Florida” está à beira de ter as leis de crimes de ódio mais opressivas da América para “combater o anti-semitismo”.

A lei HB 269/SB 994, que o deputado Randy Fine (R), patrocinador do texto, disse no início deste ano ter sido redigida para tornar o “lixo anti-semita carregado de ódio” (também conhecido como livre arbítrio) um crime punível com cinco anos de prisão, foi aprovada por unanimidade pela Câmara e pelo Senado da Flórida, controlados pelo Partido Republicano, sem qualquer preocupação com a Primeira Emenda.

 

 

Depois do projecto de lei ter sido aprovado no Senado, o deputado Fine, que é judeu, comentou no Twitter:

“Nazis, tomem nota: vocês estão acabados na Flórida.”

 

 

Esta mensagem, que  por acaso parece carregada do ódio que o representante pretende combater, dirige-se supostamente a uma multidão de nazis que vivem na Florida. Mas como essa multidão, que para além de uma osbcura e completamente insubstantiva “Liga de Defesa dos Goyim”, que tem distribuído panfletos e colocado cartazes que criticam os judeus em alguns locais do Estado, é uma projecção onírica sem expressão social ou política que a sustente, o aviso dirige-se na verdade a todos aqueles cidadãos do Sunshine State que consideram, por exemplo, que um punhado de judeus sediados na Costa Este dos Estados Unidos detêm uma quantidade desproporcional de poder económico e, consequentemente, de influência política, mediática, cultural e religiosa. Ou àqueles que denunciam os crimes de ódio que estão a ser perpetrados em Israel contra os cristãos, sob a protecção do regime de Benjamin Netanyahu. Ou, muito simplesmente, àqueles que na Florida defendem o direito ao livre discurso e a Primeira Emenda que foi feita à constituição do seu país.

 

 

Sobre essa iniciática retificação constitucional, já tinha Randy Fine declarado aos meios de comunicação social no início deste ano, enquanto promovia o projeto de lei, que:

“Não existem direitos de Primeira Emenda se grafitar um edifício, que já é um acto criminoso, mas se a sua motivação for o ódio, será um crime de terceiro grau e passará cinco anos na prisão. Se quiser deitar lixo para o chão, é um crime, mas se o fizer e a sua motivação for o ódio, será um crime de terceiro grau e passará 5 anos na prisão”.

O argumento é desprovido de qualquer validade ética ou jurídica. O discurso é imaterial e o seu livre fluxo é fundamental à perseguição do potencial humano. A destruição de propriedade ou o despejo ilícito de detritos dizem respeito a categorias do direito completamente diferentes e é por isso que os redactores da constituição americana não incluíram no texto fundacional a preocupação de interditar gatafunhos nas paredes dos edifícios ou criminalizar a casca de banana no passeio público. E depois, temos sempre o mesmo problema: o que é afinal o discurso de ódio? E quem é que define esse conceito?

 

 

Confirmando a ideia de que o Partido Republicano é uma entidade gémea do Partido Democrata, o deputado da Flórida Mike Caruso (R) disse ao repórter Chris Nelson no início deste ano que o projecto de lei “torna o anti-semitismo um crime de ódio” porque

“Se não fizermos nada, vamos voltar a ter a Alemanha nazi de 1933”.

 

 

A sério? O Quarto Reich nas praias de Miami? Mas alguém acredita realmente nesta possibilidade impossível?

Outro representante republicano, Alexis Calatayud, postou no twitter esta pérola:

“[Ron DeSantis]: No 75º Dia da Independência de Israel, [Rep. Mike Caruso], [Rep. Randy Fine] e eu temos o orgulho de lhe enviar a nossa 2x unânime HB 269 / SB 994. A nossa política reforça as consequências civis [e] criminais por ameaça, assédio, intenção de prejudicar as nossas comunidades étnicas [e] religiosas.”

 

 

A expressão “as comunidades éticas e religiosas” devia estar no singular, já que o projecto lei tenciona proteger de palavras hostis apenas a comunidade judaica.

O Jewish Insider já tinha entretanto revelado que Ron DeSantis aproveitaria entretanto a sua viagem a Israel, que nem sequer tinha uma agenda definida, para promulgar o projecto lei, como fez anteriormente com outra iniciativa legislativa de totalitário precedente, que punia empresas e cidadãos da Florida que boicotassem o estado de Israel.

“Se a história servir de guia, o governador da Florida poderá usar parte do seu discurso no Museu da Tolerância de Jerusalém para promover o projecto de lei e talvez até assiná-lo protocolarmente – como fez ao destacar uma peça legislativa semelhante na sua última visita a Israel, há quatro anos.”

Assinar um lei que criminaliza a liberdade de expressão dos cidadãos da Florida num “Museu da Tolerância” em Israel é de uma ironia gritante, que parece escapar ao governador, que acabou de facto por fazer tal e qual o que o jornal previa, promulgando na Quinta-feira da semana passada um documento que para todos os efeitos penaliza o discurso com severidade máxima no quadro jurídico de toda a federação. E em solo de um país estrangeiro.

Vão começar a cair muitos milhões de dólares, na conta bancária da campanha de DeSantis. E a parábola dos trinta dinheiros permanece assertiva como assertiva sempre foi.