No regresso de Neil Oliver ao ContraCultura, o assunto de manchete é a notícia, já aqui reportada, que, quer queiramos quer não, vamos mesmo ingerir insectos. Os grilos liofilizados estão agora no menu dos europeus. A decisão foi tomada este mês, sem qualquer escrutínio democrático e sem qualquer divulgação mediática, pela Comissão Europeia.

 

 

O primeiro problema de nos quererem alimentar com grilos é que, para que as proteínas animais sejam assim substituídas, a indústria alimentar terá que produzir muitos milhões de milhões de insectos. São precisos 360.000 grilos para substituir o volume proteico de uma vaca. Como a espécie humana consome triliões de animais por ano, as contas são assustadoras. Vão ser precisos muitos milhões de viveiros de grilos para salvar o planeta. Que vão consumir muita energia, ao contrário do gado, que se alimenta, ou devia alimentar, de pasto produzido naturalmente. E os grilos vão ser modificados geneticamente, por certo, para servirem os propósitos industriais. E todos sabemos que os insectos transportam virús e doenças que podem ser transmitidos ao ser humano. Portanto, o que é que pode correr mal?

Tudo, obviamente.

E depois, se a ideia de ingerirmos grilos é assim tão espectacular, porque está a União Europeia a introduzi-los subrepticiamente noutros produtos alimentares, e porque não foi anunciada aos 4 ventos a notícia desta decisão?

Para salvar o planeta e melhorar a saúde humana vamos comer grilos em pó sem dar por isso. E esta estratégia permitirá aos senhores do universo revelar num futuro próximo que já andamos a comer insectos há bastante tempo, pelo que não há razão para que as pessoas se oponham ao encerramento de quintas agrícolas e à imposição de uma nova dieta.

Mas o estratagema fraudulento e subreptício não se aplica apenas aos insectos. Os veículos eléctricos são outro exemplo das políticas enganadoras a que somos submetidos pelas elites globalistas. Há cerca 30 milhões de automóveis de combustão interna na Grã-Bretanha. Será possível substitui-los em dez ou vinte anos? E mesmo que tal conversão de ambição faraónica fosse fazível, seria viável? Muita da electricidade que consumimos ainda provém da queima de carvão e, ainda assim, têm as redes elétricas instaladas capacidade para alimentar o carregamento de 30 ou quarenta milhões de veículos elétricos? E haverá minas no mundo que produzam as quantidades abstrusas de minerais raros (não é por acaso que lhes chamamos “raros”) que vão ser necessárias à indústria automóvel totalmente orientada para a produção deste tipo super aborrecido de viaturas?

Claro que não, mas ninguém está preocupado com isso, porque o verdadeiro objectivo não é substituir os veículos alimentados a combustíveis fósseis por viaturas eléctricas. O end game é acabar com os automóveis privados, eléctricos ou não, ponto final, parágrafo.

A mobilidade está relacionada com a liberdade. E as medidas que já estão a ser planeadas e desenvolvidas em Inglaterra e na Alemanha, criando restrições a viagens e até a deslocações de âmbito meramente regional, pretendem sobretudo imobilizar o individuo, confinando-o e restringindo o seu raio de acção.

 

 

A verdade é que quando testemunharmos o fim da indústria petrolífera testemunharemos também o fim da propriedade dos automóveis e da liberdade de movimentos, que será reforçada pela monitorização digital dos indivíduos; um programa de carácter sinistro e totalitário que, mais uma vez em nome da segurança dos indivíduos, está também prestes a ser implementado no Ocidente, para prejuízo dos seus direitos fundamentais e das suas garantias constitucionais. A partir do momento em que estes instrumentos de poder sejam activados sobre os cidadãos, as agências governamentais e os agentes do capitalismo corporativo terão acesso a todos os detalhes da vida privada das massas, num movimento inédito de controlo sobre a humanidade.

As elites, naturalmente, não confiam em nós. E por isso, teremos que ser constantemente identificados, vigiados, restringidos, impedidos, censurados, silenciados, tributados e multados.

Como gado. Perdão. Como grilos no viveiro do inferno.