No início deste mês, Zoltan Pozsar, um guru da bolsa de Nova Iorque, escreveu um relatório sobre o ano económico de 2022, no qual argumentava que Putin poderia desencadear o inferno no sistema financeiro ocidental ao exigir que, em vez de dólares, os exportadores russos de petróleo fossem pagos em ouro, associando efectivamente o crude ao metal precioso e inaugurando assim a era do petrogold e o declínio do petrodólar.
Nesse artigo Zoltan anunciava também que a cimeira entre o Presidente Xi Jinping e os líderes da OPEP+ e do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo (GCC) tinha marcado o nascimento do petroiuane e um salto no protagonismo da China sobre as reservas de petróleo e gás da OPEP+. Nessa cimeira a China construiu uma ‘relação especial’ não só com o sinal ‘+’ em OPEP+ (que é a Rússia), mas com o Irão e com toda a OPEP.
Na altura, Zoltan exortou o leitor a equacionar o timing desta declaração, no sentido diplomático:
“O Presidente Xi comunicou a sua mensagem não durante o primeiro dia da sua visita – quando se encontrou apenas com a liderança saudita – mas durante o segundo dia da sua visita – quando se encontrou com a liderança de todos os países do CCG – para assinalar o alvorecer do petroiuane”.
E agora, de acordo com a Bloomberg, a Arábia Saudita está aberta a discussões sobre o comércio de petróleo em outras moedas que não o dólar americano, segundo o ministro das finanças do reino. Mohammed Al-Jadaan, entrevistado em Davos, disse à Bloomberg TV na terça-feira:
“Não há problema em discutir a forma como resolvemos os nossos acordos comerciais, se é em dólares americanos, se é em euros, se é em riais sauditas. Não creio que estejamos a excluir qualquer discussão que ajude a melhorar o comércio em todo o mundo.”
E fazendo eco dos comentários de Poszar, Al-Jadaan confirmou que o objectivo do Reino é procurar reforçar a sua relação com parceiros comerciais cruciais, sobretudo a China:
“Gostamos da relação estratégica com a China e queremos criar relações estreitas com outras nações, incluindo os EUA, a Europa e outros países que estejam dispostos e sejam capazes de trabalhar connosco.”
A Arábia Saudita está também a aprofundar relações multilaterais para apoiar países muçulmanos que considera “vulneráveis” como o Paquistão, a Turquia e o Egipto. A este propósito disse Al Jadaan:
“Estamos a conduzir esforços para lhes fornecer petróleo e derivados de forma a apoiar as suas necessidades energéticas.”
Não parece assim que a administração Biden esteja no topo das prioridades estratégicas dos sauditas; e tendo em conta os comentários do ministro das finanças do Reino, o aviso de Zoltan parece cada vez mais próximo da realidade: Ocaso para o petrodólar e amanhecer para o petroiuane e o petrogold.
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