Em nações sujeitas a regimes ditatoriais, tais como a China, a antiga União Soviética ou a Alemanha Nazi, o pensamento anti-cientifico tem rédea solta – com consequências desastrosas.
A ideologia, levada a extremos, tende a rejeitar as verdades observadas. Assim, os esquerdistas americanos, com controlo monopolista das grandes áreas urbanas e académicas, presidem a aumentos exponenciais de crimes e homicídios, uso de drogas a céu aberto, cidades co-habitadas por milionários e multidões de mendigos sem abrigo, e fantasismo histórico ridículo. As elites afirmam com cara séria que existem 81 géneros, ao mesmo tempo que apostam numa crença sagrada na “ciência”.
Tal insanidade intencional já foi vista antes, noutros lugares. A partir da década de 1930 e continuando durante duas décadas, a União Soviética de Estaline impôs à nação as teorias do biólogo Trofim Lysenko. Sob Lysenko, a genética foi ridicularizada como “ciência burguesa”, “fascista”, e mesmo “judaica”. Para criar o Novo Homem Soviético, a ciência tinha de ser reconstruida com base no materialismo dialéctico.
Isto levou, naturalmente, à execução e à prisão de milhares de cientistas. A rejeição da ciência significava o desperdício de recursos limitados na tentativa de fabricar novos artefactos culturais e modelos epistemológicos. As crenças de Lysenko também contribuíram para a fome que matou até 6 milhões de pessoas.
O “lysenkoismo “passou a significar a dobragem intencional da ciência ao serviço da ideologia.
Nas sociedades auto-correctoras, a tendência para o lysenkoismo pode ser controlada. As eleições têm consequências. Por exemplo, nos EUA, alguns funcionários eleitos que forçaram duros lockdowns em resposta ao Covid-19, ou que permitiram que os homens compitam contra as mulheres em desportos universitários ou profissionais, ou que promoveram práticas de justiça criminal que corroem a segurança pública, viram-se afastados do cargo. Não tantos como seria desejável, é verdade, mas alguns, ainda assim. No Reino Unido, Boris Johnson, desgastado pelas dracionianas políticas anti-pandémnicas que ele próprio não respeitava, acabou por ser forçado a demitir-se. Sucederam-lhe duas figurinhas mais tristes ainda, se possível, mas Boris não deixou de pagar o preço da sua infâmia.
Mas em nações ditatoriais, sem controlo do bom senso popular, como a velha União Soviética ou a República Popular da China, o lysenkoismo ganha invariavelmente proporções distópicas.
Lysenkoismo anti-ciência na China
Os sinais de perigo na China já lá estão há anos.
É sabido que o líder supremo Xi Jinping, o primeiro líder da China a ter um doutoramento, plagiou a sua tese académica – e até provavelmente mandou outra pessoa escrevê-la por ele. Isto não é nada surpreendente no contexto dos líderes mais destacados do Partido Comunista Chinês (PCC) que, na Universidade Tsinghua de Pequim, conseguem créditos curriculares pelo seu trabalho em favor do partido e não pela sua distinção académica.
Em Novembro de 2019, o PCC nomeou Xuetao Cao, uma imunologista de topo, como presidente da “Integridade para a Investigação”. Os anteriores trabalhos de Cao incluíam estudos muito duvidosos sobre a cura de tumores metastáticos com “emissão de energia Qigong“. Este trabalho fazia parte de um impulso muito maior, aprovado por Xi Jinping, para elevar as práticas medicinais tradicionais chinesas – uma estratégia oficial que levou à realização de numerosos estudos que nunca apresentavam resultados negativos, o que é uma impossibilidade científica. Em grande parte por esta razão, foram retractados mais papers na China por peer review fraudulenta do que em qualquer outra nação. Mas para o PCC a acupunctura chinesa, porque é chinesa, deve ser perfeita. Tem que ser perfeita.
Os papers retractados foram também um problema para Cao, que, pouco depois de ter sido promovido ao seu posto, foi acusado de violar protocolos de investigação e falsear resultados.
Depois de terem sido apresentadas provas que teriam afundado a carreira de qualquer cientista legítimo, Cao foi ilibado de plágio e fraude no início de 2021, após uma investigação sumária. Outros cientistas acusados também saíram do escândalo com ligeiras admoestações. Mas o neurocientista chinês Yi Rao, um denunciante e crítico das políticas científicas chinesas, foi acusado de irregularidades por apoiantes daqueles que acusou de forma deveras credível. Se todo este sórdido caso parece mais político do que científico, é porque é.
A política e não a ciência, conduziu aos confinamentos.
Esta abordagem política, comunista-nacionalista, à ciência biomédica desempenhou provavelmente um papel nos draconianos confinamentos Covid-19 da China sob Xi Jinping. Estes confinamentos brutais que objectivam o “Covid zero” há muito que ultrapassaram qualquer eficácia comprovada. Em vez disso, tornaram-se instrumentos de repressão, um teste ao poder do líder supremo e do partido sobre as massas. Um teste que o povo chinês questionou em massa, manifestando o seu descontentamento com protestos e agitação social nunca vistos desde a revolta da Praça Tiananmen em 1989. E que acabaram por levar ao seu levantamento.
No Ocidente, a resposta inicial ao surto Covid-19 foi impulsionada, em parte, por um muro de silêncio e uma barragem de mentiras e distorções. O regime chinês estava satisfeito por ter levado o planeta inteiro à paralização económica e social – reclamando simultaneamente que tinha instalado o melhor e mais eficaz modelo de combate ao Covid-19. Mas à medida que a pandemia progrediu e as pessoas foram vendo que o risco estava largamente concentrado em grupos discretos e vulneráveis – os idosos e aqueles com comorbidades – os países e os distritos liderados por conservadores cancelaram os mandatos, enquanto as áreas governadas por forças de esquerda foram muito mais lentas a reagir. Na China, o brilhante método anti-pandémico do PCC entrou em falência técnica e o país continua mergulhado em dificuldades grandes criadas pela resitência do virús e a ausência significativa de imunidade de grupo.
Entretanto, os chineses que conseguiram deixar o país ou veicular para o estrangeiro os seus testemunhos, relatam que os controlos sociais se tornaram abrangentes, com restrições de quarentena às viagens, ou mesmo à aquisição de comida, factos tenebrosos que evocam o Apocalipse de João, 13:17:
“E que nenhum homem possa comprar ou vender, excepto aquele que tenha a marca”.
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