O professor Ryszard Legutko é um político e filósofo polaco que faz parte da direcção do Grupo Parlamentar Conservador e Reformista do Parlamento Europeu. A frase citada foi retirada de uma recente declaração à assembleia, que constitui um momento delicioso de crítica certeira e iluminado esclarecimento. Eis a breve declaração, na integra (tradução do ContraCultura):

 

“Senhora Presidente, Primeiros-Ministros. Dois minutos de verdade, de verdade amarga. E a verdade amarga é que o Parlamento Europeu tem provocado muitos danos à Europa. Tem enviado uma falsa mensagem que representa as populações europeias. Não há, e não haverá nenhuma representação dessas populações. O Parlamento infectou a Europa com um descarado partidarismo e a infecção tornou-se tão contagiosa que se propagou a outras instituições, como a Comissão Europeia.

O Parlamento abandonou a função básica de representar as pessoas. Em vez disso, tornou-se uma máquina para implementar o chamado projecto europeu, alienando assim milhões de eleitores. O Parlamento tornou-se um veículo político da esquerda para impor o seu monopólio, com a sua feroz intolerância para com qualquer visão dissidente. Não importa quantas vezes se repita a palavra “diversidade”. A diversidade está a tornar-se uma espécie extinta na União Europeia e particularmente nesta câmara.

O Parlamento é um quase-parlamento porque rejeita o princípio essencial do parlamentarismo, nomeadamente a responsabilização. O deputado – permitam-me que vos recorde – é eleito pelos eleitores e deve ser responsável perante os eleitores que o elegeram. Não é assim na União Europeia. A ideia de que, digamos, os deputados espanhóis, alemães, franceses, etc., responsáveis perante os seus próprios eleitorados nacionais podem ditar algo, digamos, à sociedade húngara ou a qualquer outra sociedade perante a qual não possam ser responsabilizados e que não os possa levar a prestar contas, é simplesmente absurda.

Chamem-lhe o que quiserem. Mas democracia, não é. Em suma, o Parlamento representa populações que não existem, trabalha para o projecto que ignora a realidade e a lei, evita a responsabilização, vira as costas a milhões de pessoas e serve o interesse de uma orientação política. E isto é apenas a ponta do iceberg. Dito isto, senhoras e senhores, descanso o meu argumento”.